9.4.06

País real

Paisagens amplas, aldeias quase abandonadas (e sempre envelhecidas), uma mulher idosa a levar um pequeno rebanho de cabras para um planalto a mais de mil metros de altitude… Todo este mundo perdido (tão afastado, não apenas no espaço, mas principalmente no tempo, do nosso mundo) suscita a perplexidade: quanto ganhámos com o desenvolvimento tecnológico, com as estradas e os automóveis, com os hospitais e os medicamentos, com os media e os telemóveis! Mas quanto perdemos!
A Aldeia da Pena, oculta num fundão das serranias, ainda há quinze anos não tinha luz eléctrica e o acesso fazia-se por vários quilómetros de uma estrada estreita e em terra batida. Hoje, a estrada alcatroada parece ter servido apenas para esvaziar mais rapidamente a aldeia, que conta agora com apenas onze habitantes. O mesmo acontecia com o Talasnal, na Serra da Lousã, hoje totalmente abandonado...
É o fim de uma civilização: esses espaços, ocupados há talvez milhares de anos, vão desaparecendo e, com eles, modos de vida igualmente antigos. Hoje vivemos mais anos e mais confortáveis… mas como perdemos o sentido de comunidade e as formas de solidariedade que lhe estavam associadas… Visitem a Aldeia da Pena (nas terras que Aquilino Ribeiro dizia serem do Demo), o Talasnal ou a Serra do Açor... creio que rapidamente darão convosco próprios a questionar o mito do progresso!

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