29.11.12

A Vaquinha e o Burrinho do Presépio

E, de repente, um burro e uma vaca passaram a ser o centro do presépio. O presépio – que, pelo falso pudor de não ofender as crenças (ou falta delas) dos outros, havia sido retirado das montras e dos postais; que, pelo marketing de uma famosa bebida gaseificada, havia sido substituído por um homem de barbas brancas e trajes vermelhos cruzando os céus num trenó; que, contrariamente à pobreza que ele mesmo representa, havia sido substituído por luzes e bolas brilhantes de anúncios comerciais incentivando ao consumo – é, agora, debatido pela presença, ou não, de um burro e de uma vaca.
De repente, a figura central do presépio deixou de ser um menino nascido com o desígnio de morrer por nós, demonstração da que Deus continua a depositar, sempre, no homem, para dar lugar a um burro e uma vaca.
De repente, um coro de críticas se levanta contra um texto que ainda não foi lido, transmitido de forma duvidosa e sensacionalista por alguns meios de comunicação social, mas que, por ter sido escrito pelo Papa, já merece, natural e indubitavelmente, uma crítica feroz, mordaz e, sem dúvida, necessária, de forma a manter-se ausente do presépio o seu elemento fulcral.
Não saberemos, ao certo, qual a razão para tanta crítica. Chegou a haver quem dissesse que, em tempos de crise, o Papa não deveria referir que burros e vacas não são, à luz das Escrituras Sagradas, figuras presentes no nascimento de Jesus. Como se a esperança do Homem estivesse num burro ou numa vaca, mais do que naquele Menino Jesus. Será o texto do Papa uma ofensa directa a associações de criadores de burros e de vacas? Será que o texto do Papa coloca em causa as indústrias produtoras de presépios que, assim, veriam os seus lucros baixar pela perda de duas peças?
E o comboio? Que se diria do Papa se ele afirmasse que não havia comboios no presépio? Que também ele era contra o TGV? E a típica portuguesa com cântaro a ir à fonte buscar água? É mais do que óbvio que podia haver uma portuguesa no presépio. Há sempre um português em qualquer parte do mundo! E a banda de música? Sim, a banda de música típica de Barcelos, porque não podia estar em Belém? E a figurinha da igreja? Coisa tão anacrónica como o comboio num quadro que se pretende ser uma representação da Palestina do Século I. Porque não uma igrejinha branca com o seu campanário à semelhança de tantas outras igrejas portuguesas dos finais de oitocentos? No entanto, de que valem todas estas figuras se não for para nos lembrarem que no centro, mesmo no centro do presépio, não estão o comboio, a igreja, a banda de música, as ovelhinhas, a portuguesa a ir buscar água mas, sim, um Menino que nasceu?
É óbvio que se fosse um escritor de mente aberta e descomprometida, se fosse um historiador ateu, agnóstico ou mesmo cristão não católico, mas não o Papa, a dizer que no Novo Testamento não há referências a um burro e uma vaca, meio mundo se levantaria e criticaria a iconografia promovida pela Igreja Católica durante largos séculos. Mas foi o Papa e ao Papa parece não ser permitido conhecer as escrituras.
É certo: o Papa diz que, de facto, no Novo Testamento não há referências a um burro e a uma vaca no presépio. Também escreve, de passagem, outras coisas.
O Papa compara o facto de não ter havido lugar para os pais de Jesus na estalagem e de, por esse motivo, Jesus ter nascido num estábulo, com a sua crucifixão: “Ele, que foi crucificado fora da cidade também veio ao mundo fora da cidade”, diz Bento XVI.
O Papa, seguindo Sto. Agostinho, compara a manjedoura com um altar. Tal como os animais vão comer à manjedoura, também ali encontramos nós a representação do Pão da Vida. Compara, ainda, as faixas com que Maria envolveu o menino com as faixas em que o corpo do crucificado foi sepultado.
O Papa revela-nos uma provável origem para a presença da vaca e do burro, assim como uma proposta de análise do seu simbolismo, glosando passagens do Antigo Testamento, nomeadamente de Isaías, de Habacuc (numa versão que, para informação dos distraídos e espanto dos incréus, é diferente da versão constante de Neo Vulgata) e do Êxodo. Junto à manjedoura, representação da Arca da Aliança, uma vaca (ou boi, na leitura original) e um burro, representação dos dois querubins, “revelam e escondem [simultaneamente] a presença misteriosa de Deus”. Neste quadro encontra, ainda, a universalidade do cristianismo: Jesus nasceu para Judeus e Gentios, uma dualidade sempre tão complexa para o povo de Abraão.
A comparação da exclusão a que Jesus esteve sujeito no nascimento e na morte, a comparação da manjedoura com o altar ou com a Arca da Aliança e a representação da universalidade do cristianismo no presépio, são ideias sumamente mais interessantes do que tantas linhas que por aí se escreveram. São uma análise do simbólico nas Escrituras. Uma análise exegética, é certo, mas uma leitura possível. Mircea Eliade, Lévi-Strauss ou Moisés Espírito Santo fariam outras. A Joseph Ratzinger não lhe será permitida a sua?
E para aqueles que, de alguma forma, se sentiram incomodados ou defraudados com aquilo que foi dito sobre o livro do Papa, termino com palavras do Papa nesse seu mesmo livro: “Nenhuma representação do presépio está completa sem a vaca e o burro”.

Nota: as traduções do original em inglês para português são da responsabilidade do autor deste texto.

26.3.11

Actualidade das Virtudes Humanas

Há algum tempo falava com um amigo sobre temas de educação. Contava-me ele que, em casa de certo industrial, os filhos só bebiam Coca-Cola nos dias de festa. Em todos os outros bebiam água. Fiquei pensando como em muitas casas há a preocupação de dar diariamente aos meninos, o suminho, o iogurte, as gomas, o bolinho, o leitinho pela palhinha…

A minha formação histórica fez soar campainhas. Claro. O industrial formava uma geração de elite, uma dinastia educada na exigência, no esforço, na renúncia, apta a dirigir e a liderar enquanto, que em muitas famílias, o “bom coração”, forma meninos “copinho de leite”, habituados a ter tudo sem o mínimo esforço, hedonistas, cheios de necessidades desnecessárias, incapazes de lutar, dispostos à submissão para “negociar” os medíocres apetites da sua existência, aptos a ser servidores dos novos senhores.

Nas sociedades humanas, o crescimento nas virtudes é mais fácil ou mais difícil consoante a mentalidade que as informa e determina o seu progresso ou decadência. Foi assim com os Impérios do Próximo Oriente, com a Grécia e Roma, com o Nominalismo no final da Idade Média, o Racionalismo reducionista do Renascimento que conduziu ao Absolutismo Monárquico, ao Liberalismo e ao Período das Ideologias Totalitárias que dominou grande parte do séc. XX.

O mundo abastado atravessa hoje uma profunda crise que aparentemente, é de reestruturação económica e financeira mas que, no seu íntimo é resultado do esquecimento dos valores próprios da natureza humana. Parece que a esta não se aplica a tão apregoada necessidade de defesa dos valores ecológicos.

Por esse motivo vivemos numa sociedade doente em que “para os ricos há o Estado; os pobres terão de se governar com o mercado”(Atílio A. Boron). Em consequência, vive-se numa inversão de valores, numa sociedade egoísta e insolidária que se manifesta na insegurança dos cidadãos quanto ao respeito pelas suas vidas, principalmente da vida dos mais frágeis e dos legítimos bens garantes da sua sobrevivência. Na vida empresarial esquece-se frequentemente que a dimensão económica é condição para que se possam alcançar objectivos não apenas económicos mas também sociais e morais porque a empresa não é apenas “uma sociedade de capitais” mas, principalmente “uma sociedade de pessoas” em que os trabalhadores são o seu património mais precioso e o factor decisivo da produção. Recorde-se que a liberdade económica é apenas um elemento da liberdade humana e que quando aquela se torna autónoma perde a sua necessária relação com a pessoa e acaba por aliená-la e oprimi-la. Consequentemente, é necessário trazer para o dia-a-dia das nossas vidas o exercício de importantes virtudes como a diligência, a laboriosidade, a prudência, a confiança e fidelidade, a coragem... (1)

Consequentemente é necessário recordar as virtudes humanas, aquelas virtudes próprias da nossa natureza e que é necessário desenvolver para sermos mais e melhores pessoas.

Dos pais e educadores espera-se que ajudem os filhos e educandos a potenciar a vivência das virtudes humanas, “hábitos operativos bons” (David Isaacs) que, pela repetição, tornam mais fácil a prática do Bem e evitam a prática dos vícios. A pessoa humana é uma unidade e, a melhora numa virtude, ajuda a melhorar toda a pessoa enquanto o vício a degrada e torna mais difícil a sua realização pessoal. Só com rebeldia educativa, a rebeldia em função dos valores de sempre – que se concretiza pelo desenvolvimento da capacidade de se informar e formar; de pensar por cabeça própria; de fortalecer a vontade: de viver de acordo com ideais valiosos - poderemos, algum dia, passar de uma sociedade egoísta para uma sociedade solidária, aberta aos outros, e construir a “Civilização do Amor” que defendia o saudoso Papa João Paulo II.

(1) Cfr. Compêndio de Doutrina Social Da Igreja, págs, 218,226

13.7.10

E de repente...

... a pedofilia deixa de ser um crime hediondo.

28.6.10

Aspectos Da Intimidade Familiar

A Pessoa humana é o “ser dotado de inteligência, afectividade e vontade livre que, por esse motivo, tem necessidades espirituais e materiais e, consequente-mente, o direito a satisfazê-las.
Portanto, o principio que deve reger qualquer relação pessoal deve ser o de nos esforçarmos por ser mais e melhor pessoa e ajudar os outros a sê-lo.

Uma característica desta realidade é termos necessidade de um espaço próprio, digno para se acolher, resguardar a sua intimidade e manifestar-se na relação com os outros.

Na Roma Clássica o “lararium” era o lugar onde se reverenciavam os familiares falecidos; aí ardia uma chama que deu origem à nossa lareira à roda da qual nos reuníamos, e o lar (também se chama lar ao calor da pedra do forno que coze o pão), é o lugar de acolhimento caloroso, de intimidade e abertura, de relacionamento: onde só entra quem queremos, Já dizia o Marquês de Pombal que "na sua casa um homem pode tanto que até depois de morto são precisos 4 para o tirar de lá" .

Quem casa quer casa e é necessário preparar o lar, quantas vezes aceitando os condicionalismos de dinheiro, espaço e tempo, com auto-estima, criatividade, bom-humor e optimismo. Conveniente pode ser elaborar uma lis ta das coisas necessárias, convenientes (que podem esperar), e supérfluas (cuja compra se pode dispensar ou realizar em tempo de folga económica se forem mesmo convenientes)

Por educação ou concupiscência somos, por vezes, compradores compulsivos: Sugestões:
Elaborar: uma lista de compras realmente necessárias e, p. ex. comprar por internet os bens essenciais, alimentares e de higiene…, o que nos livra de deambularmos pelo hiper-mercado descobrindo “necessidades desnecessárias”;
Ir às compras acompanhado por um familiar ou amigo de confiança que conheça as nossas reais necessidades e possa aconselhar nas decisões a tomar;
Esforçarmo-nos por viver as virtudes da sobriedade e da ordem.

Saber receber com senhorio, elegância e sobriedade quem nos obsequeia com uma visita é manifestação de saber relacionar-se, Se recebemos com manifesta má vontade ou até manifesta má vontade pode acontecer que, o visitante saia de lá a considerar que os donos da casa são “uns labregos” ou que, naquele casal "o cavador casou com a Senhora da terra" ou que "a criada casou com o patrão".

O Vestuário preserva a nossa intimidade corporal e denota o respeito que temos por nós e pelos outros. Portanto, o Pudor é o sentimento natural que nos leva a reconhecer o valor da nossa intimidade e a respeitar a dos outros desvelando-a, apenas, em circunstâncias que possam contribuir para a nossa melhora pessoal ou alheia.
Em casa, p. ex. convêm ser prudente ao sair do quarto ou da casa de banho depois da higiene matinal ou quando “nos pomos à vontade”… ; Na rua ter presente que o corpo é para ser desvelado apenas a quem a ele tem direito, não para andar exposto numa montra; O cônjuge, os pais, podem dizer com delicadeza,. "essa peça de roupa não te fica bem, não está composta"; sugerir que se use, ou oferecer, um alfinete para que o decote não seja tão fundo…

A Linguagem: Também, com a palavra se desrespeita a nossa intimidade e a daqueles que devemos preservar quando relatamos factos ou conversas que não dizem respeito a todos os ouvintes presentes.
Recordemos que a Sinceridade consiste em dizer o que se deve, a quem se deve, como se deve e quando se deve sempre tendo em vista a melhora pessoal ou alheia. O que vai além disso é perda de tempo, provavelmente murmuração ou calúnia.

16.4.10

Um Ponto de Tolerância

O Governo decidiu, por motivo da visita do Santo Padre a Portugal, conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos no próximo dia 13 de Maio. A esta tolerância acrescem-se outras duas parciais, a 12 e 14, respectivamente em Lisboa e Porto e Vila Nova de Gaia.
Algumas vozes se levantaram contra esta decisão do Governo. A Associação Empresarial de Portugal arrogou-se o papel de defensora da economia portuguesa reafirmando os sacrifícios pedidos ao País; a Associação República e Laicidade pede a diversas entidades um “repensar” da decisão em prol da separação entre Estado e Igreja; os sindicalistas dizem que quando todos se queixam dos trabalhadores, não se deveriam dar tolerâncias de ponto; a Confederação da Indústria Portuguesa queixa-se do absentismo e da necessidade de trabalho; etc, etc, etc.

Sejamos breves:
1- Tolerância de ponto significa que, quando declarada, os funcionários por ela abrangida não sofrem qualquer penalização pela sua ausência do local de trabalho como, por exemplo, desconto de tempo de serviço;
2- A tolerância de ponto não obriga ao encerramento dos serviços. Os serviços fecham porque, normalmente, a maioria dos trabalhadores, necessite ou não, decide aproveitar essa benesse dada pela entidade patronal.
3- A tolerância de ponto foi dada por uma entidade patronal (Estado) aos seus trabalhadores (funcionários públicos).

Posto isto, não se compreendem algumas afirmações e comentários que se têm feito ouvir.
1- De facto, não há descriminação positiva por parte do patrão “Estado” face aos trabalhadores do sector privado. Os outros patrões não dão tolerância de ponto porque, pura e simplesmente, não querem, alegando para isso os motivos que entendam justos.
2- As perdas e custos que advenham da tolerância de ponto não serão tão significativas quanto alguns querem fazer crer. Por um lado, três dos principais feriados nacionais calham, durante o ano corrente, ao fim-de-semana: 25 de Abril, 1 de Maio e 15 de Agosto. Feitas as contas, continuamos a ter um saldo positivo de dias 2 de trabalho a mais. Por outro lado, as deslocações levadas a cabo quer pelas pessoas que vão ver o Papa quer por aqueles que aproveitam o fim-de-semana prolongado, trarão benefícios a diversos sectores, como a hotelaria e restauração, por exemplo.
3- Finalmente, é certo que o governo parece beneficiar a Igreja Católica porque dá tolerância de ponto quando vem o Papa mas não a dá quando vem outro responsável religioso. Obviamente que tal argumento é, à partida, falacioso, pois sabemos que há muitas mais pessoas a deslocar-se para ver o Papa do que para ver o Dalai Lama ou o Presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Contudo, se o problema é esse, mostrem a indignação e a têmpera de que são feitos todos os funcionários públicos muçulmanos, judeus, cristãos não católicos, agnósticos, ateus e, sobretudo, os republicanos laicos (e outros) e vão trabalhar para a sua repartição de finanças, o seu tribunal, a sua escola, a sua autarquia, o seu hospital, o seu gabinete no ministério, durante os dias 12 e 14 de manhã e dia 13 todo o dia em vez de aproveitarem para tirar férias e ou ir às compras.

Parabéns, Santo Padre


8.4.10

O nascimento de um facto...

Concordando com o que o Francisco disse no post anterior, acrescentaria apenas que, ao longo das últimas semanas, assistimos à criação de um facto, que assenta em três ideias

1) ao longo da segunda metade do século XX, a Igreja sofreu de um problema anormal de pedofilia.
2) durante esse período, a Igreja teve uma reacção ao problema muito diferente da do resto da sociedade.
3) Joseph Ratzinger / Bento XVI é o expoente dessa reacção.

Qualquer destas afirmações é falsa!

1) o problema (grave na sua essência) não foi, infelizmente, mais grave do que nas restantes instituições coetâneas.
2) também infelizmente, a reacção da Igreja não foi, pelo menos até aos anos 90, essencialmente diferente da das restantes instituições sociais. A Casa Pia de Lisboa é apenas um exemplo de como, frequente e continuadamente, os responsáveis das intituições em que se cometiam crimes de abuso sexual de menores sobrepuseram o bom-nome da instituição à segurança das vítimas.
3) Joseph Ratzinger / Bento XVI foi a figura de proa no percurso que a Igreja fez para lidar de modo adequado com o problema.

Não é que isto me descanse, pois esperava, e acho normal que se espere, uma reacção diferente desde 1950. Mas o facto está criado.

6.4.10

A Pedofilia é um problema da Igreja?

“Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.”

Quando li estas palavras com que o Papa Bento XVI se dirigia Aos sacerdotes e religiosos que abusaram dos jovens (Ponto 7 da Carta Pastoral do Santo Padre Bento XVI aos Católicos na Irlanda, de 19 de Março de 2010) não fui capaz de deixar de reparar na sua dureza extrema. Traição, perda de estima, vergonha, desonra, violação do sacramento, dano. Pelo meu ofício, já muitos documentos emanados do Vaticano me passaram pelos olhos (desde alguns da antiguidade a outros mais recentes) e, sem dúvida, foi a primeira vez que senti tanta dureza nas palavras de um pontífice.

Talvez por vergonha alheia e sobretudo por ter a certeza de que há muitos mais sacerdotes que levam uma vida recta e sã, nunca falei muito sobre este tema. Contudo, a recente onda de notícias que têm vindo a lume obrigaram-me a fazer uma pequena e breve (o tempo pouco mais permite) reflexão sobre a pedofilia e a Igreja.

Antes, contudo, gostaria de deixar duas breves palavras prévias.
Em primeiro lugar, não quero que se pense que, com este texto, estou a procurar ilibar a Igreja Católica dos actos dos seus membros ou os elementos da sua hierarquia que não alertaram as autoridades para os crimes de abuso sexual de crianças e jovens. Pelo contrário. Deveriam tê-lo feito e a Carta do Papa aos Católicos na Irlanda diz tudo o que se pode dizer sobre o tema. Algumas das razões para não se terem alertado as autoridades podem, naturalmente, ser compreensíveis. Contudo, não serão facilmente aceitáveis à luz dos ensinamentos da própria Igreja. Nesse sentido, não quero desculpabilizar nada nem ninguém, mas procuro alertar para um problema que é muito mais grave do que o “problema católico” em que, aparentemente, se tornou.

Em segundo lugar uma palavra de pedido pessoal de perdão às Vítimas. Merecem todo o nosso apoio e as nossas orações para que a cruz que cada uma delas carrega com tanta dor seja cada vez mais leve.

Qual a situação da pedofilia na Igreja Norte-Americana?
Conforme é do conhecimento geral, a United States Conference of Catholic Bishops solicitou ao John Jay College of Criminal Studies da City University of New York um estudo sobre a profundidade dos crimes de abuso sexual de crianças e jovens por membros do clero. Usemos este caso por ser, até ao momento, o melhor caracterizado.
Basicamente, os resultados são os seguintes:
4% do clero norte-americano foi alvo de acusações de abuso sexual de crianças e jovens entre 1950 e 2002. Falamos de um total de 4392 clérigos e 10667 vítimas.
A década de 1970 corresponde ao pico de acusações.
55.57% dos acusados só cometeram abusos uma vez. Destes, a maioria, 44.5%, teve relações com jovens entre os 15 e os 17 anos e não são, tecnicamente, considerados pedófilos. 33% destas vítimas eram do sexo feminino, sendo por isso consideradas, também tecnicamente, como relações heterossexuais (o que não significa que não tenham sido abusos).
149 sacerdotes que cometeram crimes mais do que uma vez foram responsáveis por 26% das vítimas. É uma elevada taxa de reincidência dentro de um número muito restrito e num espectro de mais de 50 anos. Contudo, em relação a outros casos de pedofilia, há muito poucos vestígios de crimes em rede, ou seja, os actos são, na sua maioria, individuais, havendo poucos casos de crianças e jovens que sofreram abusos por mais do que um sacerdote.
Antes de 1985, foram reportados 810 casos de abuso sexual dos quais: 85% correspondiam a crimes realizados no próprio ano da denúncia, 10% com 2 anos de atraso, 2,5% dizendo respeito a casos com entre 5 a 3 anos e 2,5% a casos com o máximo de 10 anos. Em 2003, pelo contrário, 10% dos casos denunciados tinham ocorrido no prazo de um ano, 25% entre 2 e 10 anos e os restantes 65% correspondem a crimes com mais de 10 anos. Este dado comprova a diminuição dos comportamentos de abuso após a década de 80.
No final de 2002, a polícia foi informada de 640 casos de abusos (correspondentes a vários anos). Destes, 3% dos acusados foram considerados culpados e 2% foram condenados a prisão. Note-se, aqui, que devido ao facto de alguns casos serem muito antigos, alguns dos perpetradores dos crimes já haviam falecido.
40% dos sacerdotes culpados de abuso sexual de menores foram alvo de tratamento clínico por iniciativa da própria autoridade eclesiástica.
O número de acusações respeitante a 1980 foi de 504, baixando para 28 abusos em 2002. Neste último ano havia um total de 45.713 sacerdotes nos EUA, fazendo com que, estatisticamente, as acusações recaíssem apenas sobre 0.06% do clero. A forte actuação do episcopado Norte Americano levou, como se vê, à redução drástica dos abusos sexuais por membros do clero.

A pedofilia é um problema da Igreja?
Obviamente que não. A Igreja nos EUA teve, pelos diversos dados estatísticos conhecidos, um problema grave relacionado com a pedofilia entre os anos 70 e 80 (principalmente até 1985, altura em que, devido ao conhecimento público de um caso particular, os índices, que já vinham a baixar, se começam a aproximar de valores cada vez mais baixos).
Não há, para outros países, nenhum estudo como o do John Jay College (nomeadamente para a Irlanda, onde o Ryan Report e o Murphy Report são documentos substancialmente diferentes do norte-americano). Mas também não há um estudo semelhante e consistente quer para outras confissões religiosas quer para outros grupos sócio-culturais ou profissionais. Não obstante, Philip Jenkins aponta para valores de abuso sexual de crianças entre 2 e 10 vezes superiores aos dos sacerdotes católicos dentro do clero de confissões protestantes.
Falamos de 4% dos clérigos norte-americanos. Thomas Plante diz que 5% dos professores norte-americanos têm acusações de abusos sexuais de menores. John Hughes informa-nos um dado curioso: 21% dos alunos de uma universidade norte-americana afirmou sentir-se sexualmente atraído por crianças e 7% chegou mesmo a admitir que manteria relações sexuais com crianças se não fossem detectados!
Ainda Thomas Plante informa que, nos EUA, 17% das mulheres e 12% dos homens norte-americanos foram abusados sexualmente. Ryan Hall et. al., informam que entre 40 a 53% dos abusos sexuais a crianças com idades até aos 12 anos são realizados por familiares ou conhecidos das vítimas. Curiosamente, os mesmos autores referem que o número de prisões efectuadas pela polícia é inferior a 33% dos casos de abuso sexual de crianças.

Os dados acima indicados demonstram que a pedofilia não é nem um problema da Igeja nem, tão pouco, um problema do celibato dos sacerdotes católicos. A maioria dos casos acontece em ambiente familiar, por pais e padrastos, por exemplo, e o clero das confissões protestantes não é celibatário. Mais do que um problema religioso, a pedofilia é um problema social grave!
Mais grave, ainda, e nesse sentido John Hughes faz uma análise interessantíssima deste fenómeno, é o facto de haver grupos, inicialmente com origem na Holanda, que procuram a “despenalização” da pedofilia ou a redução da idade limite para se considerar a existência de um “crime de pedofilia” (juridicamente, a pedofilia não é um crime. Utilizo a expressão entre aspas para melhor compreensão). Actualmente é aceite, na generalidade, como “crime de pedofilia” o abuso ou a tentativa de abuso (sob as mais diversas formas) de crianças com menos de 14 anos. Mas há influências quer para que essa idade baixe, quer para que se descriminalize totalmente a pedofilia.
O problema da pedofilia e dos abusos sexuais de menores é, além disso, um “problema recente”. Actos que agora são comummente considerados crime passível de ser denunciado, não o eram há 40 ou 50 anos. Tempos houve em que, não obstante o reconhecimento da ilicitude de determinados actos, não se achava que estes deveriam ser necessariamente levados à justiça, entre outras razões devido à vergonha que recaía sobre a vítima, por exemplo. Infelizmente, a sociedade despertou tarde para este tipo de crimes e, nesse sentido, a análise que eu fiz leva-me a crer que o conhecimento dos abusos sexuais por clérigos norte-americanos terá tido uma forte influência positiva nesse campo. Todavia, as energias contra a pedofilia, mormente as da comunicação social, estão demasiado canalizadas para a crítica à Igreja Católica quando, do meu ponto de vista, deveriam ser conduzidas para o problema social concreto. Um exemplo diferente passa-se com a violência doméstica, onde os grupos de pressão não procuram um alvo concreto num determinado nicho social mas fazem alertas gerais à sociedade. No caso do problema da pedofilia, é óbvio que o ataque está centrado na Igreja Católica e não, por exemplo, em grupos como o North American Man-Boy Love Association, o Childhood Sensuality Circle ou o Dutch Cultural and Recreational Center. Porquê? Cada um tirará as suas conclusões.

25.3.10

Cloudy weather 'increases university appeal'

A BBC explica os nossos maus resultados escolares...
Students who attend university open days when the weather is cloudy have an increased likelihood of applying there, claims research.
Saiba mais aqui.

29.1.10

Que crise mundial em 2010?

Em 2008, a economia mundial ia ruir totalmente!
Em 2009, a população mundial ia desaparecer com a gripe!

Com que crise mundial nos prendarão em 2010?
Aceitam-se apostas!

20.1.10

Expliquem-me, porque sou burrinho!

Vi no telejornal da RTP. A notícia não era novidade. A Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida lança dois novos spots de campanha para utilização do preservativo destinados, desta vez, aos homossexuais. Um, dizem, pretende alertar aqueles que têm relações esporádicas. O outro aborda os casais com relações estáveis.
Quanto ao primeiro, até se compreende. Já tardava! Não têm os homossexuais os mesmos direitos que os heterossexuais para serem alertados contra os riscos de uma infecção com o HIV?
Já no segundo caso, não consigo perceber porque se sugere que casais com relações estáveis (não é isso um casamento?) necessitem de publicidade a preservativos. Ou será que a mensagem está trocada? Não deveria ser algo como – se fores infiel ao teu “marido”, usa o preservativo! Não se presume, no casamento, a fidelidade como um dever dos cônjuges?

Depois... depois aparece uma notícia de que o número de nascimentos em Portugal atingiu mais um mínimo. Não é irónico?

31.12.09

Propósitos De Um Marido Quarentão

Propósitos

1 Reestrear o coração: Dá-me Senhor um coração novo para que possa, em Ti. amar com uma Caridade ordenada, todas as pessoas e respeitar a Natureza que criaste.
2 Casei contigo porque te amava, porque te “aprovei” achei digna e quis confiar-te a minha vida. Quis, também, receber-te, sem ser um estorvo, para te ajudar a realizar, a alcançar todas as metas para que estás vocacionada, sem dúvida muito mais e melhor do que alguma vez sonhei.
3 Continuarei a namorar-te porque me apetece, porque me dá na realíssima gana, porque quero continuar a amar-te o resto da minha vida com a intensidade do melhor momento, porque sei que é bom que sejas tu, é bom que estejas aqui…Também porque não duvido que te agrada mesmo que às vezes, por natural cansaço ou reserva feminina, não o manifestes
4 Escutar-te-ei ainda que não me apeteça e responderei às tuas perguntas com atenção, sem me enfadar, esclarecendo, ainda que pense que tudo está dito e esclarecido, porque sei que é o teu modo de participar, de te mostrares interessada e dentro do assunto…Principalmente porque mereces que te dê o meu tempo e a minha atenção.
5 Não te tratarei com agressividade mesmo que mo faças porque sei que a tua atitude resulta de uma ferida de que eu talvez não me tenha dado conta. E uma ferida trata-se sempre com doçura mesmo que o tratamento por vezes doa. Nunca juntarei um drama a outro drama. Imitarei o que fazias aos nossos filhos quando se magoavam: “Vamos limpar… agora tintura…dói um bocadinho mas é para desinfectar e curar depressa…vou soprar para que arda menos… vês? já está melhor…e agora um penso para proteger…pronto! um beijo e podes voltar ao que estavas a fazer…”.
6 Recordarei os nossos aniversários e procurarei surpreender-te com especiais pormenores de delicadeza para contigo.
7 Procurarei motivos para estar-te agradecido especialmente pelos nossos filhos mas, também, por tudo o resto: o olhares comigo na mesma direcção e ajudares a corrigir o rumo; o brilho dos teus olhos; as peguilhices e as pazes; a companhia, o carinho, o sorriso e o bom-humor; os gestos e palavras de alento e conforto com que reacendes a esperança; a exigência para que eu me supere e seja melhor; os cuidados na saúde e na doença; o que guardamos no íntimo dos nossos corações;…
8 Valorizarei o teu trabalho, especialmente o que fazes em casa porque o fazes com amor, com uma perseverança sem quebras, sem olhares a esforços nem pensares nas vezes em que só damos por ele quando algo correu menos bem…Principalmente porque transformas uma casa fria num lar caloroso onde todos se sentem acolhidos.
9 Tentarei não ser mais um peso na tua cruz aumentando o peso da cruz que tu, como cada um de nós, estás vocacionada a carregar mas antes sendo o teu Cireneu e a tua Verónica. E estarei atento para, com um sorriso, desmontar as cruzetas que, por vezes, povoem, como acontece com cada um de nós, a tua cabeça.
10 Dar tempo para a nossa família chegando a casa a horas, com um sorriso e sem descarregar o meu trabalho sobre vós. Procurarei lançar os olhos para ver o que é necessário fazer e meterei mãos à obra. Depois, quando os filhos estiverem deitados e a calma nos envolver, terei tempo só para ti.
F M

12.11.09

Família Sociedade Natural Onde Se Morre Como Pessoa

“Como as folhas no Outono assim caem as almas na eternidade” lembrava S. Josemaría Escrivá, o Santo do quotidiano. Por isso bom é que, neste mês de Novembro, dedicado a recordar, mais vivamente, a memória daqueles que nos antecederam, reflictamos um pouco sobre o significado da morte e o comportamento dos familiares quando se aproxima o momento de deixar esta vida por um dos seus entes queridos.
Hoje fala-se muito de “morrer com dignidade”. No entanto que é a dignidade humana? Será algo variável ao sabor de cada época ou algo inerente ao ser pessoal de cada um de nós, algo “que reside no que é, não no quê, mas no quem, um ser único, insubstituível, dotado de intimidade, de inteligência, vontade, liberdade, capacidade de amar e de se abrir aos outros”? (Ricardo Yepes). Consequentemente, será que “ajudar a morrer com dignidade” consiste em antecipar a morte de acordo com os critérios de qualidade de vida entendidos por uma determinada sociedade numa determinada época mesmo que espiritualmente decadente? Ou será que “ajudar a morrer com dignidade” é proporcionar ao doente os cuidados espirituais, humanos e materiais, necessários para que o percurso até à morte se faça com o menor sofrimento possível e com todo o apoio necessário?
Não duvido que “ajudar a morrer com dignidade”, é estar “próximo” de quem está prestes a concluir o exame final da sua existência e estar “próximo” é: estar atento às necessidades do outro; dar-lhe os medicamentos a horas, cuidar-lhe da higiene, alimentá-lo e matar-lhe a sede; escutá-lo e conversar com ele; ver, descrevendo, o que o outro não consegue admirar; ler-lhe um livro que o anime e lhe rasgue horizontes de esperança; mantê-lo ligado à vida, contando-lhe o que se passa no ambiente a que estava habituado; não fechar as portas aos amigos mesmo que não venham na hora certa; não ceder perante as tentações do encarniçamento terapêutico ou de antecipação da morte …. É rezar com ele, proporcionando-lhe a assistência religiosa que, naturalmente, deseja e que a proximidade da morte torna mais conveniente
Sabe-se que, sempre que possível, convém que o doente se mantenha no seu ambiente familiar. Se o entender, a família deve recorrer aos apoios sociais existentes e incentivar a criação de outros que melhorem a assistência prestada e a qualidade de vida do beneficiário. O recurso aos “Lares” de Terceira Idade, pode ser, por vezes, a decisão necessária face às circunstâncias específicas do doente e da família. Nesta situação, é importante escolher criteriosamente o “Lar” que corresponda às necessidades do utente e que familiares e amigos se adaptem à nova situação.
A hora da morte é, sempre, o momento de um a sós com Deus, por mais acompanhado que se esteja. Exige a Caridade que procuremos ajudá-lo, a comparecer nesse encontro, rezando com ele as orações próprias da hora da morte e as que eram conhecidas como da sua devoção, porque lhas vimos rezar e ensinar aos filhos e netos….Depois, muita paz e rezar para que se abrevie a reparação devida. Deus não é um traidor que se compraz na perdição das almas. Para aqueles que se esforçaram por amá-lo ou se arrependeram da sua vida mesmo na hora extrema procede como um jardineiro que procura as flores quando estão viçosas, para colhê-las e as colocar no regaço de Sua Santíssima Mãe.

15.9.09

As Ideologias e a Família

Pode definir-se Ideologia como um sistema de ideias coerente que pretende explicar a realidade sem a ter em conta, sem respeitar a natureza das coisas e das pessoas.

Consequentemente “a natureza real das coisas fica submetida a uma servidão no que respeita às instâncias que determinam uma ideologia – interesses de grupo ou de pessoas” (Francisco Altarejos). A ideologia não procura a verdade; utiliza-a e altera-a ao sabor das conveniências: “não interessa a realidade, interessa modificá-la.” (Karl Marx).

Como as ideologias negam a natureza esta passa a ser vista, apenas, como mercadoria, como possibilidade de lucro a explorar, como – na natureza humana - objecto de reengenharia social. A verdade passa a ser apenas opinião e a dimensão pessoal do homem é encarada:
a) No individualismo como parte de um conglomerado de “realizadores de contínuos actos livres sem quaisquer compromissos, centrados na espontaneidade dos seus apetites e do seu egoísmo.” (O. F. Otero);
b) No colectivismo o homem é reduzido a partícula do colectivo, a peça de engrenagem, desvalorizado e, consequentemente despersonalizado;
c) No materialismo hedonista o bem-estar material é o critério para avaliar a “qualidade de vida”. A entrega, o serviço aos outros, o esforço e o sacrifício como caminho de melhora pessoal e alheia deixou de ter sentido devido à perda dos valores espirituais;
d) No ecologismo radical que defende ao extremo a Natureza mineral, vegetal e animal mas pretende alterar a Natureza Humana pois não aceita a sua realidade e procura criar um “homem novo” à imagem e semelhança do seu ideal.

Todos, por uma união de interesses, ao mesmo tempo que lutam violenta e intolerantemente contra o milho transgénico, contra quem destrói um ovo de cegonha ou não luta contra o aquecimento global, exigem tolerância para atentarem contra a natureza humana impondo, como progresso, o aborto, a anticoncepção e a fecundação artificial, a clonagem, a homossexualidade, o “casamento gay”, a eutanásia…
Estas formas de totalitarismo são manifestações de um novo maniqueísmo intolerante para tudo o que não seja o seu projecto de criação de uma “nova sociedade”, cujas raízes programáticas estão bem expressas no Relatório Kissinger, nas actuais políticas antinatalistas da ONU, na tentativa de impor novos “direitos humanos” e o sincretismo religioso, …

A necessidade de encontrar substituto para as raízes que negam explica que as ideologias se transformem numa pseudo religião fascinante.
As causas deste fascínio radicam muitas vezes na nossa cumplicidade, na nossa renúncia à condição de ser pensante, na nossa falta de vontade, no esquecimento das nossas possibilidades de melhora pessoal.

Fundamental é descobrirmos onde está a felicidade. Estará no prazer passageiro? Na posse caprichosa de “pequenos nadas”, de dimensão variável que, pela sua pouca durabilidade deixam, sempre, um desconfortável vazio? No êxito pessoal, nos muitos “amigos”, no sucesso do “executivo” sempre temeroso de não alcançar os “objectivos” e ser ultrapassado pelo concorrente? Correr sempre atrás do fugidio satisfaz a natureza humana?
Tudo isto sabe a pouco. Não estará a felicidade humana noutro plano? Num plano superior correspondente à dimensão espiritual de cada mulher e de cada homem? Não será necessário que voltemos a rasgar o tecto que nos separa do sobrenatural?

A Família é a primeira sociedade humana, exemplo para todas as outras onde cada um vale e é aceite em razão do seu ser pessoal, não pelo que tem ou produz. Consequentemente ela é a primeira e principal escola de humanidade e, também, o principal bastião contra qualquer totalitarismo. Por isso incomoda tanto.
È responsabilidade de cada mulher e de cada homem defender a verdade da instituição familiar, voltar às raízes esquecidas. Porque dessa decisão corajosa depende o futuro dos nossos filhos e, também, o da Humanidade

4.7.09

When in the Course of human events...

...it becomes necessary for one people to dissolve the political bands which have connected them with another, and to assume among the powers of the earth, the separate and equal station to which the Laws of Nature and of Nature's God entitle them, a decent respect to the opinions of mankind requires that they should declare the causes which impel them to the separation. (continua)

5.6.09

EU Profiler



Será que acertaram?

28.5.09

Ele não há cartéis...

Ele não há cartéis nos grupos petrolíferos...
Ele não há combinações nenhumas entre as gasolineiras...

Mas hoje, enquanto me deslocava do Porto a Lisboa, via os maravilhosos novos cartazes com indicações de preços de combustível. Invariavelmente, entre as 3 empresas que têm bombas de gasolina na A1 (6 ou 7 áreas de serviço conforme contemos, ou não, com a de Gaia), 2 tinham o gasóleo a 0.999€ e uma a 0.998.

Claro que fui para a de 0.998, porque é aquela que me dá valores mais interessantes em termos de competitividade e concorrência e, sobretudo, porque era a que estava mais próxima quando chegou a altura de meter gasóleo. Ganhei 5 cêntimos depois de atestar o depósito com 50 litros!!!

Valha-nos este maravilhoso preciosismo da milésima!!! Estou rico... só é pena que os 5 cêntimos não cheguem para um cafezito num tasco normal, quanto mais para um café numa área de serviço de auto-estrada!

15.4.09

Despropósito a propósito de um comentário ao IRS

É curiosa a referência ao "mecenato social" no comentário de RGG à desilusão de Pedro F. sobre o seu IRS.

Falava uma vez com o director de uma instituição de estudos superiores de empresas sobre mecenas para restauro de peças de museu... a sua resposta foi curiosa: mas alguém tem interesse nisso?


Ainda que os retornos em IRC possam chegar aos 130%, não deixa de ser estranho que tão pouco mecenato exista em Portugal!

7.4.09

IRS

É isto todos os anos:

- como não necessitei de ir a hospitais...
- como não beneficiei de comparticipações nos medicamentos...
- como não frequentei nenhuma escola...
- como não tenho dependentes a meu cargo em nenhuma das situações descritas...
- como declaro ao Estado todos os meus rendimentos...

... toca a pagar mais uma batelada de IRS! Chego a pensar que mais me vale uma doença daquelas que eximem do pagamento de impostos!

Simultaneamente, é engraçado que o livro de história dos meus alunos diz que era terrível a carga fiscal exigida pelos senhores da Idade Média. Pois eu, na nossa sociedade livre dos atavismos medievais, se juntar ao IRS e às comparticipações obrigatórias o IVA e o ISP, creio que estou pior que qualquer jornaleiro do século XIV.

3.4.09

Alguém com juízo

Um tribunal do Malawi achou que Madonna não era idónea para adoptar uma criança do país.

1.4.09

O Programa ABC

Não deixa de ser patológica a obsessão pela defesa do preservativo. É este um estranho comportamento porque se sabe que o preservativo é falível como método de contracepção e, consequentemente, mais riscos corre quem o usa como protecção contra a Sida cujo vírus é 500 vezes menor do que o espermatozóide. Além disso não protege de outras doenças sexualmente transmissíveis como o papiloma humano cujo contágio se faz pelo contacto pele-pele…

Desde há 15 anos que no Haiti, Guiana, Vietname e em países africanos, especialmente no Uganda onde a experiência foi iniciada, a Sida está a ser debelada com assinalável êxito pelo Programa ABC: Abstinence, Be Faithful, Condon (Abstinência, Fidelidade, Preservativo).

Esta realidade mostra que debelar a pandemia da Sida e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, mais do que a distribuição de preservativos, envolve a promoção de outro tipo de comportamentos, “politicamente incorrectos” porque lesivos de grandes interesses ideológicos e económicos internacionais promotores do “sexo seguro” mas, certamente, mais eficazes.

Entre as acções possíveis podem salientar-se:
Educar para uma sexualidade responsável que permita entender que o outro é um dom e não um descartável para usar e deitar fora;
Desenvolver políticas que evitem uma actividade sexual precoce dado que, na adolescência, a capacidade genital não anda associada a equivalente maturidade psíquica;
Promover a Família, a fidelidade conjugal e a relação monogâmica estável entre parceiros não infectados;
Ir contra-corrente de interesses ideológicos e económicos que pretendem fazer crer que o adolescente e o adulto têm de comportar-se como animais determinados pelo instinto cego e não como pessoas humanas capazes de ter afectos, de raciocinar, de respeitar a própria intimidade e a alheia, de agir como seres livres e responsáveis.
Deixar de promover paliativos como se de remédios mágicos e absolutos se tratasse. O preservativo pode ser um recurso falível para situações extraordinárias de comportamento sexual permissivo, mas nunca a solução segura para a sexualidade irresponsável e promíscua.
Dar corpo a políticas educativas, sociais, económicas, de saúde pública que erradiquem, cada vez mais, a pobreza material e espiritual responsável por comportamentos desvirtuados;
Assumir que a resposta à pandemia da sida tem de ser multidimensional não podendo, consequentemente, reduzir-se à publicitação do uso e oferta de preservativos com enorme custo para o erário público;
Aceitar, sem complexos, que a vivência de conceitos morais nas relações sexuais, ajudam a diminuir a infecção, e não são uma intromissão abusiva da Moral na Saúde Pública. São, pelo contrário, um valor acrescentado e um bom recurso sanitário;
Consciencializar que promover, sem um esclarecimento sério dos riscos de contágio, o preservativo como panaceia universal para a sexualidade desregrada, é, salvo melhor opinião, o mesmo que promover a roleta russa. É esta, um jogo que consiste em introduzir uma bala na câmara de um revólver, rodar o tambor e apertar o gatilho apontando à própria cabeça. Se pensarmos que o preservativo apresenta um risco de cerca de 20%, numa relação com pessoa infectada e a compararmos com o risco que corre quem joga a roleta russa, a probabilidade de morrer como consequência do acto é, objectivamente, a mesma.

Alguns Tópicos De Educação Familiar

Ter ideias claras sobre a educação a dar aos filhos de modo que venham a ser, no futuro, homens e mulheres íntegros, capazes de enfrentar com espírito aberto as situações que a vida lhes depare servindo os seus semelhantes por amor e dominando as coisas pelo saber.
É mais importante dar atenção à formação moral dos filhos do que à carreira de sucesso que não sabem se irá acontecer

Aproveitar, para alcançar aquele objectivo, os Instintos-Guia, os Períodos Sensíveis que ocorrem nos primeiros 12 anos de vida, e o desenvolvimento das Virtudes Humanas ao longo da infância e da adolescência.

Viver com coerência de princípios e exemplo de luta interior, com unidade de vida, para resolver, de acordo com os ideais que defendem, os problemas que a vida lhes depare.

Ter presente que a participação activa do pai na educação dos seus filhos, sem delegar na mãe aquilo que por mútuo acordo e especificidade lhe cabe realizar, é fundamental para que filhos e filhas interiorizem, compreendam, assumam e valorizem a sua própria identidade sexual e o contributo pessoal que cada um, cada uma, pode dar à família e à sociedade em que está inserido.

Desenvolver nos filhos uma rebeldia educativa em função dos valores perenes, próprios dos homens e mulheres de todas as épocas, não sentindo necessidade de os proteger exageradamente dos muitos perigos que ameaçam a felicidade terrena e eterna dos seus filhos.

Transmitir com clareza os critérios que marcam a linha de fronteira entre o Bem e o Mal.
O fundamento desses critérios pode consubstanciar-se, caso a caso, com o seu acordo ou desacordo com a Lei de Deus para os crentes e com a Lei Natural para todos os homens.

Manter uma constante comunicação com os filhos, com todos e com cada um individualmente. Periodicamente dar tempo a cada um deles para conhecer bem os seus anseios e dificuldades, a situação de estudo/trabalho: ambiente de trabalho, colegas, amigos, dificuldades e êxitos, definir metas e os meios necessários para os alcançar, verificar ritmos e adaptá-los quando necessário, animar, premiar e castigar…
Falar da história da família porque quem não tem raízes não sabe as suas origens e, consequentemente, não sabe se deve prosseguir ou corrigir o rumo… Também se aprende com os erros e fracassos que devem ser encarados como estrume que se enterra para produzir melhores e abundantes frutos.

Controlar a televisão e o computador. Ambos devem estar em zonas comuns da casa. Sente-se hoje a necessidade de promover e frequentar cursos básicos de informática para pais e avós.
Fomentar a vida de oração na família e a confiança na Providência Divina tendo consciência de que “Família que reza unida permanece unida” (João Paulo II)

Actuar em sintonia, de comum acordo, sem que o pai ou a mãe se desautorizem um ao outro. Se perante uma actuação do cônjuge o outro não está de acordo, salvo num caso de extrema gravidade não deve intervir. Oportunamente, longe da vista e dos ouvidos dos filhos, podem e devem analisar o caso, rectificar. prever, debater e clarificar actuações futuras.

Respeitar e valorizar o cônjuge na sua pessoa, no seu trabalho, nos seus comportamentos e altitudes… O cônjuge é aquela pessoa sem a qual os filhos do casal não existiriam. Com outros pais seriam outras pessoas, não eles próprios. Por isso qualquer filho escolheria, naturalmente, os seus próprios pais

Ver os filhos como seres capazes de amadurecimento pessoal.

Viver as convicções religiosas com seriedade. Ocupar-se da formação moral e religiosa dos seus filhos. “A tarefa educativa consiste, principalmente, em ajudar os jovens a encontrar o Deus verdadeiro para que, levados pela graça, se enamorem d`Ele. E, assim, tornarão o mundo mais humano” (Jutta Burgraff)

21.3.09

Uma boa ideia...

Ou, na versão portuguesa:

19.3.09

O Papa, a Sida e a Liberdade... outra vez!

A propósito da mais recente polémica em torno de declarações do Papa, parece-me oportuno este texto, aqui publicado quando, após a morte de João Paulo II, se falou da crítica do preservativo na prevenção da Sida como um dos aspectos negativos do seu pontificado:

"A falácia é a seguinte: 1) o Papa condena o uso do preservativo; 2) o preservativo é o melhor meio de combate à sida; 3) conclusão: o Papa é contra a prevenção da sida! [...]

O aspecto mais bizarro desta lógica é o seguinte: as pessoas que não se importaram com a doutrina da Igreja na altura de uma relação extra-matrimonial [...] deixam de usar preservativo porque o Papa manda?!

Numa sociedade erotizada como a contemporânea o argumento parece ter valor: a exaltação do sexo supôs que o Homem não é capaz de contrariar os seus apetites sexuais! Logo, João Paulo II poderia ser condenado por propor uma doutrina inconciliável com a condição humana! Mas, para que este argumento seja válido, é exigida uma visão laxista sobre a sexualidade. Quando os media especulam sobre a vida sexual das figuras públicas; quando o mercado da pornografia está num crescimento extraordinário; quando os publicitários usam o sexo para vender tudo, desde os automóveis às cervejas; então é provável que se considere desumana a doutrina da Igreja sobre a sexualidade.

Eis aqui, no entanto, o aspecto em que João Paulo II foi, de facto, um campeão da liberdade: mais que na luta contra a tirania política, procurou afirmar que só a cultura poderia dar a verdadeira liberdade ao Homem, uma vez que só pela cultura o homem se distingue dos animais. A doutrina da Igreja sobre a sexualidade (em particular a teologia do corpo de João Paulo II) é uma afirmação de liberdade, uma afirmação de humanidade, uma rebeldia contra a espontaneidade dos instintos própria da vida selvagem! Afirmar que o Homem não é livre em matéria sexual é, de facto, obrigá-lo ao preservativo. Mas a doutrina do Papa (e o seu exemplo, e o de tantos milhões de católicos que são fiéis à doutrina da Igreja) sempre afirmou que o homem não estava condenado ao deboche e à promiscuidade. Terão aqueles que cederam à infidelidade matrimonial, levando silenciosamente a sida para o interior das suas casa, deixado de usar preservativo por respeito à autoridade papal? E os homossexuais? E os jovens que, instigados por uma imprensa e por uma televisão insinuante ou agressiva, viveram de modo promíscuo a sexualidade?

[...] É obrigatório reconhecer que se os princípios [da moral sexual católica] fossem mais difundidos a pandemia da Sida não teria atingido proporções tão elevadas, pelo menos nos países de tradição católica.

Supor que o Homem não é capaz de resistir aos seus instintos sexuais equivale a colocá-lo numa categoria infra-huamana: e como pode uma sociedade democrática sobreviver se, em vez de cidadãos, é constituída por bichos?"

4.3.09

A Relação Conjugal Relação Educativa

A relação entre pessoas, particularmente se convivem, pode ser sempre uma relação educativa própria da amizade verdadeira que não é simples compinchice ou cumplicidade mas que procura ser uma ajuda leal e oportuna a que o outro seja mais e melhor pessoa.

Um dos aspectos que caracterizam a relação educativa é que só se pode ajudar verdadeiramente a melhorar se houver da parte de quem educa um real esforço de melhora pessoal. Por isso a acção educativa é muito gratificante porque, naturalmente, se transforma num movimento ascendente que beneficia todos os que dela participam.

Vocacionados a viver conjugalmente – sob o mesmo jugo e a “puxarem” no mesmo sentido – a relação conjugal é, por natureza, uma relação educativa ou, pelo menos, apta para a educação.
Afirma Pieper que “amar é aprovar - dar por bom – é dizer: é bom que sejas tu, é bom que estejas aqui, é bom que sejas o que és pois, no que és, és digna de estima e eu aprovo-te.”
No entanto, “amar e aceitar os defeitos do cônjuge” não é o mesmo que “resignar-se com eles”. Por isso, natural, é esforçar-se por descobrir, sem projecções pessoais, o que o outro necessita e ajudá-lo a realizar a sua vocação, aquilo que ele está chamado a ser como cônjuge, pai/mãe, amigo(a), profissional….Certamente muito mais e melhor do que, em qualquer momento, se imaginou.

Na relação conjugal, é necessário que cada cônjuge desenvolva, em relação ao outro, a Generosidade (dar o que me pertence, dar-me a mim mesmo) e a Justiça (dar aquilo que lhe é devido, o seu).

Cada cônjuge pode, por exemplo esforçar-se por:
Dar ao outro aquilo que ele realmente necessita: o que lhe faz bem (manter o arranjo pessoal e a afabilidade do tempo de namoro, proporcionar um momento de repouso…); o que o afasta do mal (usar, ajudar a usar, vestuário que revele respeito por si próprio e pelo cônjuge a quem deve o seu corpo, evitar amizades ou comportamentos que ponham em risco a fidelidade conjugal, as obrigações familiares, profissionais….);
Desenvolver em si próprio as qualidades que o cônjuge necessita que ele possua (alegria, bom-humor, capacidade de ajudar, atenção à realidade…).;
Procurar as ajudas necessárias quando excedem as suas possibilidades (oferecer um bom livro, proporcionar uma boa amizade, sugerir a participação conjunta em actividades de formação…).

Mas esta relação de ajuda mútua à melhora pessoal pode perder eficácia se um dos cônjuges, ou ambos, não a consideram vantajosa por ignorância…, por soberba… Quem está convencido que atingiu a perfeição tem pelo menos um defeito: o de julgar que não tem necessidade de crescer em qualidades pessoais. E este estar instalado no seu “bem-ser”, no seu “bem-fazer”…, é causa de muitas situações de cansaço, de rotina, de insatisfação e desarmonia conjugal.

Na guerra solidária da Educação não há vencedores nem vencidos porque ou todos ganham ou todos perdem. Por isso, uma virtude que deve estar sempre presente é o optimismo, a qualidade daquele que põe, a si próprio, metas nobres, elevadas mas exequíveis, e põe, com perseverança, os meios necessários para as alcançar.

Ganha a guerra quem vence a última batalha, mesmo que tenha perdido todas as anteriores. E a última batalha só se perde realmente se não se ganha a que se trava à hora da morte.
No casamento, como na vida, um bom lema pode ser: “aceito-te tal como és mas também como estás chamado a ser e que, no entanto, ainda não és”

15.2.09

O ensino da História

Este post pode ter parecido algo enigmático. Ele surgiu na sequência de uma série de reflexões em torno à repetição, passados quase dez anos, da experiência de dar aulas de História a alunos do 7º ano e, acima de tudo, pelo espanto com a pobreza do manual que, nos anos anteriores, tinha sido seleccionado. Como confio nos meus colegas que fizeram a selecção, calculei que a opção fosse a menos má, facto que confirmei, quer nas conversas com os reponsáveis pela escolha quer pela análise de outros livros de texto que folheei.
O problema supera, no entanto, os manuais, situando-se nos próprios programas. Isto não desculpa os autores, que podiam tornear as questões, principalmente porque, sendo muitos deles relativamente jovens, tinham obrigação de ter aprendido algo nas universidades.
Mas não: parece que passaram pela Universidade sem adquirirem uma ideia nova ou uma perspectiva crítica sobre a cartilha que tinham estudado do 5º ao 12º ano. Mais de 30 anos volvidos sobre o PREC, as perspectivas dominantes continuam a ser as de uma liberdade adquirida pela luta e de um progressismo naïf, entusiasmado com o iluminismo e o positivismo, exaltando as vanguardas e criticando o conservadorismo das classes dominantes.
Além disso, a enfatização da História social e a marginalização da História política (herdada dos debates do séc. XX), ao exigir instrumentos metodológicos que estão além das possibilidades de um estudante de 12 anos, só com muito esforço pode gerar mais do que páginas vazias dedicadas ao quotidiano da antiguidade. Curiosamente, os alunos continuam a fazer as mesmas perguntas: quem matou César? Porquê? Moisés atravessou mesmo o Mar Vermelho? Porque é que os Egípcios mumificavam os corpos?
Dependendo do que se esperar da escola, o ensino da História deverá seguir uma ou outra orientação. Orientação não apenas na perpectiva ideológica (que é razoável que varie de acordo com o projecto educativo da escola) mas, pelo menos, na adequação ao meio em que a escola se insere, às características sócio-económicas dos alunos, etc.
Mas um professor que quiser dispensar um manual e usar, por exemplo, apontamentos da sua lavra, deverá pedir autorização à Direcção Regional de Educação respectiva. Isso mesmo: ela não informa: deve pedir autorização. Para que a autoridade possa vigiar o que se anda a ensinar?
Provavelmente, as críticas acima lavradas poderiam confundir-se com a ideia de que as autoridades não percebem nada sobre História. No entanto, tal suposição seria injusta: o controlo burocrático exercido sobre a escola revela que quem manda conhece muito bem, pelo menos na prática, o poder do ensino, e em particular o do ensino da História.

13.2.09

Estarão os portugueses preparados?

Com frequência ouvimos os políticos, a propósito de alguns temas mais melindrosos, dizer: não sei se os portugueses estarão preparados para esta discussão.
Foi assim com o aborto, é assim com o “casamento” entre homossexuais e está a ser assim com a eutanásia.

O que me questiono é se a afirmação está bem construída. Não ouvimos, normalmente, essas afirmações da parte dos que estão contra. Ouvimo-las, isso sim, da parte dos que se posicionam a favor de qualquer um daqueles actos. A afirmação deveria ser algo como: não sei se já haverá muitos portugueses a apoiar-nos nesta discussão.
É que os portugueses discutem com frequência (eu sou português e a maioria das pessoas com quem lido diariamente também o são) estes temas. Casamento dos homossexuais, eutanásia, aborto (incluindo o, para mim horrendo, partial birth abortion), se os padres se casam, se as mulheres podem ser padres, a guerra no Iraque, os mortos nos campos de concentração, os casos Freeport e Casa Pia, etc., são conversa diária de café.
Os portugueses estão preparados e desde há muito que discutem estes temas. Todavia, os portugueses ainda não aceitam, isso sim, totalmente as ideias de alguns ideólogos que apoiam actos atrozes sob a capa de um sentimentalismo absurdo. Graças a Deus!

O atestado de estupidez e de insignificância que nos passam estes políticos é de tal forma elevada que só merece uma resposta da nossa parte: os portugueses ainda não estão preparados para aceitar tão vergonhosa classe política...

12.2.09

E se pusermos umas bombas?

O deputado Holandês autor do filme Fitna, que associa o Corão ao terrorismo, foi proibido de entrar no Reino Unido...

11.2.09

11 de Fevereiro

Gostaria aqui de recordar o dia 11 de Fevereiro…
Dirão: 11 de Fevereiro?
Sim. Pior do que o 11 de Setembro ou do que o 11 de Março foi o nosso 11 de Fevereiro.
As vítimas do 11 de Setembro e do 11 de Março têm nomes. As vítimas de cada uma dessas datas têm um número determinado.
As vítimas do 11 de Fevereiro de 2007 serão incontáveis para sempre, não têm nome, não têm comemorações, não têm nada, porque tudo lhes foi negado antes de nascerem!


Peço a Deus pelos pais, muitas vezes sem capacidade para buscar ajuda numa situação de crise grave. Peço a Deus por todo o pessoal médico que aceita perpetrar estes actos. Peço a Deus por todos os que, médicos ou não, o continuam a fazer ilegalmente causando, tantas vezes, danos irreversíveis às mães.
Peço a Deus por todas as vítimas de aborto em Portugal!

Doublethink

A exploração de imagens chocantes pelos defensores da vida (as do aborto, por exemplo) é uma forma de terrorismo psicológico. A exploração de imagens chocantes pelos partidários da eutanásia é uma forma de elucidação da sociedade, admissível até em media politicamente correctos como a BBC. (Atenção, contém imagens chocantes)

8.2.09

Coincidência...

Sentei-me ao computador para escrever um pouco sobre o ensino da História e, antes de começar, dando uma volta pelos meus favoritos, encontrei este artigo na Spectator. Achei que estava tudo dito!
The oral epics of pre-literate cultures, from Homeric Greece to the Siberia of Maadai-Kara, saw poets revered as the guardians of national consciousness. In denying children the thrill of our own epic historical narrative we also deny them the option to compare, to judge, above all to refuse. Surely the point of all humanities teaching is not the regurgitation of whichever facts the government deems appropriate, but the ability, quite simply, to think?


7.2.09

Não há paciência...

Na mesma edição do Público em que se alerta, de modo alarmista, para o avanço da extrema-direita israelita, faz-se um retrato complacente (para não dizer entusiasta) do novo líder da extrema-esquerda desse país.
Não estudaram história?

4.2.09

Ooops!

Estranho que, neste caso do Bispo que negou o holocausto, os mesmos que advogam maior liberdade na Igreja vêm agora exigir uma proclamação dogmática sobre o Holocausto... Tal como o Cipriano, não estou a negar o Holocausto nem a desculpar o referido Bispo. Estou espantado pela confusão que reina em tantas cabeças, ou pela desonestidade, que se aproveita de qualquer acto para criticar o Papa e o Vaticano.