5.6.06

Ainda não acreditam?

Os sindicatos de professores manifestaram-se contra a participação dos pais na avaliação dos professores. Obviamente! Os sindicatos acham que, em educação, quem sabe são os professores. A tarefa dos pais deve resultar deste estado intermédio do desenvolvimento humano em que ainda não generalizámos a decantação dos seres humanos, ao jeito do que Huxley descreveu no Admirável Mundo Novo. No futuro, quando a sociedade estiver mais perfeita, a sexualidade será definitivamente dissociada da reprodução e as crianças não serão obrigadas a nascer nessa instância conservadora que é a família. O Estado será o grande protector de todos e técnicos especializados de educação garantirão o sucesso educativo de todos os cidadãos na etapa de formação.
Talvez pensem que ironizo? Mas não! Sempre que se fala em reforçar as competências educativas da família, os sindicatos (e grande parte da esquerda) fala da incompetência dos pais seja para avaliar os professores, seja para escolher a escola, seja para opinar sobre o currículo... Obviamente que quem assim pensa, não pode pensar simultaneamente em que esses mesmos pais (incompetentes para decidir o futuro dos seus poucos filhos) são competentes para decidir sobre o futuro da sociedade em eleições democráticas...
Ainda não acreditam que as vanguardas são vanguardas do totalitarismo?

2 Comentário(s):

Anonymous Anónimo escreveu...

Meu caro Lourenço: não me interessa o que dizem os sindicatos. O que me perturba é a confusão de conceitos. Que os pais são incompetentes em matéria de educação qualquer professor o constata e se o Lourenço for jantar a um restaurante e tiver o azar de estar ao lado de um casal com uma criancinha aos uivos porque não quer comer ou porque quer ir brincar para o chão, verá que é da minha opinião. Perguntar-se-á: se os pais não conseguem educá-lo agora, o que poderá fazer um professor quando ele tiver quinze anos?
Mas, o que é que isto tem a ver com a democracia? Eu tenho a minha opinião sobre o túnel do Metro no Terreiro do Paço, mas não me passa pela cabeça ir dizer aos engenheiros como hão-de construí-lo.
Porque havia de passar pela cabeça de um pai outra coisa senão admitir a competência de quem lhe está a prestar um serviço especializado?
Desculpe ter sido tão longo.
Até outro dia.

18 de junho de 2006 às 23:14  
Anonymous Anónimo escreveu...

Caro Lourenço, o que está aqui em causa é o valor que se vai dar à opinião dos pais e como vai ser feita essa avaliação. Um pai vai poder culpar o professor porque o seu filho não lê tão bem como o do lado? Ou o seu filho é mais agitado da sala? O que vai entrar nessa avaliação? O que os pais em geral entendem de educação? Para já não seria sensato essa medida.

Biz

15 de agosto de 2006 às 20:17  

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