6.5.05

"Eles mentem, eles perdem"?

Recordar-se-ão, sem dúvida, deste cartaz! Apareceu em Março de 2004, numa deturpação claríssima dos factos que rodearam as eleições gerais espanholas: o PP (que se afirmava como provável vencedor) acabou derrotado três dias depois dos atentados de 11 de Março. A derrota foi associada às críticas ao modo como o governo de Aznar tinha abordado os atentados, críticas que se misturaram com as habituais manifestações espontâneas em frente às sedes de Campanha do PP, em pleno dia de reflexão eleitoral. Mais tarde, o governo socialista conseguiu travar um inquérito em que membros do governo anterior procuravam saber porque razão as informações dos serviços secretos tinham chegado mais depressa à sede do PSOE que ao gabinete do Presidente do Conselho de Ministros.
Mas o mais curioso é que o senhor que aparece a cinzento no cartaz, como que excluído, nem sequer era o candidato derrotado!
Procurando pomover uma dinâmica de vitória (tendo em conta que as sondagens da altura favoreciam o candidato democrata nas presidenciais americanas), a esquerda radical procurava capitalizar os benefícios da generalização do seu discurso anti-americano que se gerara em torno do problema iraquiano. Nem se lembraram que o principal beneficiário das críticas seria, para dar o exemplo do caso inglês, o Partido Conservador!
Mas olhemos agora para as outras três figuras: Durão tornou-se presidente da Comissão Europeia no Verão seguinte; Bush obteve uma claríssima vitória numas eleições particularmente participadas; Blair conseguiu, ontem, a re-eleição para o terceiro mandato...
Aviso, desde já, que não pretendo com isto exaltar a estratégia seguida por estes líderes no caso iraquiano. Pretendo, isso sim, chamar a atenção para o reduzido significado que acabaram por ter, em termos eleitorais, as manifestações carnavalescas contra a intervenção no Iraque. Cunhal dizia que o PCP tinha influência social muito superior à sua influência eleitoral... Sem dúvida, e o mesmo se passa com o BE! Mas casos como estes deviam deixar-nos de olhos bem abertos: afinal, o duplipensar continua a fazer parte -e parte importante- do discurso da extrema-esquerda!

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