12.2.06

Civilização ou barbárie?

No Público da passada quarta-feira, Fernando Rosas assinou um artigo que pretendia denunciar a hipocrisia da comunidade internacional perante ambição do Irão ao domínio da tecnologia nuclear para fins pacíficos. O argumento decisivo de Rosas era o seguinte: se os EUA têm tecnologia nuclear para a paz e para a guerra, porquê limitar o acesso do Irão a essa tecnologia? Eis mais uma manifestação notável do duplipensar de certa esquerda, que sacrifica todos os factos a um bom argumento.
Os EUA fazem parte de um espaço político-ideológico de tradição liberal (defensor não apenas da democracia, mas das liberdades individuais e do governo limitado) no qual se situa, também, o Portugal do pós 25 de Abril. Apesar das diferenças entre a Europa e a América, não tenho qualquer dúvida de que temos muito mais em comum com a constituição americana que com a teocracia iraniana… e fico muito contente com isso!
Quando Fernando Rosas (que repetidamente chama mentirosos os líderes de Estados de Direito como os EUA, a Inglaterra ou a França) vem defender as ambições de tecnologia nuclear de Ahmadinejad (o mesmo que tem feito afirmações bem curiosas sobre o holocausto ou o estado de Israel) mostra bem de que lado está na batalha entre a civilização e a barbárie. Um lado que, com certeza, não é o meu!
(Aconselho uma visita ao delirante site da presidência iraniana, revelador de uma visão do mundo muito diversa da nossa. Alguns continuarão a dizer que é apenas uma visão diferente.)

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