3.2.07

Carta ao Director do Público

Em relação ao referendo ao aborto, a Direcção Editorial do Público informou, em 28 de Janeiro, que "não toma posição neste debate" e que a opinião dos jornalistas e membros da Direcção Editorial será publicada, se estes assim o entenderem, em espaços "claramente demarcados como espaços de opinião e não de informação". (Editorial da edição de 28 de Janeiro).
No entanto a oscilação a favor do “Sim” é manifesta nas páginas em que o assunto é tratado (excluo das minhas contas, por razões óbvias, as rubricas “Face-a-face” e “Para além da Retórica da Campanha” e, por razões não tão óbvias, os artigos de opinião).
Entre os dias 29 de Janeiro e 3 de Fevereiro, foram publicados cerca de 30 artigos sobre a campanha do referendo. Contas por alto, 13 sobre o "Sim", 13 sobre o "Não" e 5 "neutros". (Não contei os da edição 1/II, que dedicava mais de página e meia a exaltar Maria Antónia Palla, pela sua denúncia do aborto clandestino).
Os activistas do "Sim" podiam rever-se em 11 dos 13 artigos publicados pela sua campanha. Os dois restantes não questionaram a campanha do "Sim" nem os seus argumentos, mas a sua ineficácia.
Os activistas do "Não" podiam rever-se em 8: os restantes 5 dedicaram-se a explorar contradições nos argumentos do "Não" e divisões entre os elementos dos movimentos pró-vida.
Dos 5 textos “neutros”, 3 reforçaram os argumentos do “Sim”.
Já sei que eu sou suspeito para esta estatística, pois todos os que me conhecem bem sabem que vou votar "Não". Mas estarão os jornalistas, por ser jornalistas, mais imunes que eu ao sentido do seu voto no momento de escrever sobre o assunto?
Talvez a segunda semana da campanha nos traga uma informação mais serena...

Com os meus mais sinceros cumprimentos...

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