1.2.07

Variações sobre um tema...

Há dois dias atrás, Teresa de Sousa escrevia, no Público, que a defesa da vida pela Igreja não se devia tanto à precupação da Igreja com a vida: ela era mais o resultado do medo da Igreja em fazer perigar o seu próprio dogma.
Já agora: porque não variar sobre o tema? Não seria a primeira vez que me ocorre que a defesa de um disparate tão grande como a liberalização do aborto se deve, em grande medida, à sobrevivência de uma corrente anticlerical que pretende destruír a influência da Igreja na sociedade. A sacralidade da vida humana é, talvez, a maior batalha da Igreja neste momento: a contestação dessa sacralidade seria a estocada final...

4 Comentário(s):

Anonymous Anónimo escreveu...

PAZ do Sr. meu queridos irmãos/a em Cristo venho por este meu pedir a vossa opinião, sobre o meu blog, gostava muito que me deixassem um comentário na caixa do meu imel.
Só para saber como e que devo fazer ainda melhor cada dia que passa.
E para saber o que acham dos textos exposto por mim

http://pedroaurelio.blogs.sapo.pt/


Que Deus a abençoe ricamente a sua vida e dos seus, fique com a paz do Sr.


Esperou pela sua visita.

Querido irmão será que me pode linkar o seu blog, para que o meu blog possa ser visto cada vez, porque nunca se sabe quem pode ver no outro lado de lá, pode estar uma alma sedenta de sede , ta bem o link no meu se me deixar

Neste BLOG você encontrará uma variedade de estudos e diversos textos baseados na Bíblia Sagrada.

Com o objectivo de proporcionar um maior entendimento e aprofundamento da Palavra de Deus.
Disponibilizamos varias áreas ministeriais. Além disso a muitos artigos que lhe serão úteis no dia a dia.

3 de fevereiro de 2007 às 23:32  
Anonymous Anónimo escreveu...

Inquietações:

Se a vida é eterna, se somos eternos e engendrados amorosamente em Deus desde toda a eternidade, porquê esta obsessão que os humanos têm apenas com a vida terrena (aquela que começa na concepção e termina na morte)?

Porque não aprofundamos mesmo a questão e, uma vez que existimos desde toda a eternidade, isto é, antes da concepção e para além da morte, não pomos a hipótese de talvez, sim talvez, nem sempre seja bom nascer em determinadas circunstâncias?

E se a entidade que já somos antes, estiver sujeita a este condicionalismo fisiológico da concepção, independentemente da sua vontade?

Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?
E se essa vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano, em outro momento de concepção impregnado de amor, (sim, porque acredito que esta é apenas uma vestimenta para a minha alma)?


Sendo assim, pode ou não pode ser um acto de amor, interromper uma gravidez? E pelo contrário, prossegui-la um erro grosseiro e egoísta, uma irresponsabilidade?

E já agora, este apego desmedido à vida e o apego que impomos a todas as mães para terem os filhos quer ela queira quer não, não será apenas um vício?

Um vício que se manifesta em tantas coisas, (por exemplo em ter filhos para cuidarem de nós na velhice e em todos os os actos de egoísmo tantas vezes disfarçados de abnegação), mas que se manifesta principalmente nesta absoluta doentia relação com a morte que as sociedades cultivam.

Acredito que Deus é Amor. E sinceramente acho que na infinitude Dele e da Vida, não dará assim tanta importância a esta ideia tão limitada da concepção que fazemos da vida apenas terrena.
"Deus dá a Vida, só Deus a pode tirar" Exactamente : tirar a vida, podemos dizer que nos tira a vida (terrena) a todos, não obstante, não deixa de nos amar ! Muito pelo contrário (acho eu)É o nosso assassino amoroso por excelência! Se a vida terrena fosse assim tão intocável, Ele, que é de uma Sabedoria e Amor infinitos... tirá-la-ia logo a todos, sem excepção?

Tenho pensado mesmo muito sobre o que Cristo faria neste referendo. Por todas estas razões, custa-me a crer que ele impusesse uma continuação de gravidez a qualquer mulher que o não desejasse profundamente.

Mas isto sou eu... talvez errada, como todos podemos estar errados e só um dia no seio de Deus teremos a resposta. Sendo assim, porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?

7 de fevereiro de 2007 às 16:03  
Blogger Pedro F. escreveu...

Cara anónima:

Três questões que não pedem resposta, apenas meditação:

1) Tenho procurado que a minha argumentação na crítica do aborto não passe por argumentos teológicos. Referi o texto de Teresa de Sousa (ao qual Luís Cunha deu uma interessante resposta nas páginas do "Público" de ontem) porque me pareceu que a crítica nele presente revelava melhor a posição do “Sim” (que, aliás, a autora representava) que a posição da própria Igreja.
De facto, o "Sim" representa a herança anticristã (e até mesmo cristofóbica) de parte importante da cultura Ocidental posterior ao século XVIII. Essa herança (que tende para os dois extremos de autonomia total da vontade, por um lado, e para a desvalorização do indivíduo em favor do todo, por outro) implica, invariavelmente, uma visão vanguardista do mundo na procura o paraíso terrestre que a tradição judaico-crsitã sabe ter-se perdido para sempre.
A sociedade do aborto é a sociedade sem imperfeições: é a sociedade sem deficientes, é a sociedade sem pobres, é a sociedade sem mal-amados... Obviamente, por mais que chamem a Igreja hipócrita, todos sabemos que, em todo o mundo, ninguém faz tanto pelos deficientes, pelos pobres e pelos mal-amados que a Igreja. De facto, a Igreja tem predilecção pelos mais fracos, nos quais vê o apelo amoroso de Cristo que nos faz sair do egoísmo e do conformismo.
Portanto: é evidente que, por trás do "Sim" e do "Não" estão visões inconciliáveis sobre o valor da vida e do sofrimento. A sociedade que fugir do sofrimento irá suportar a Igreja e o seu modo de amar todo e cada Homem, seja "normal" ou não?

2) É verdade que pensamos muitas coisas sobre Deus... Mas também é verdade que nos enganamos muitas vezes sobre Ele. Por isso, há uma tradição (e por Tradição não me refiro a uma herança intocável, mas a uma forma viva de relação com Deus que se manifesta de diferentes modos ao longo da História) que nos encaminha nos modos próprios de falar de Deus. Essa tradição manifesta-se, fundamentalmente, numa aliança entre a razão e o coração, entre o estudo e a oração, entre a teologia e a piedade.
De acordo com essa tradição, (aquela forma de viver a que me referi no primeiro ponto) será fácil concluir que Cristo se limitaria a oferecer às mulheres a saída falsa do aborto?

3) Finalmente: ainda há uma diferença entre Deus e a consciência, ou não? Eu bem sei que João Paulo II a elevou, na senda da Tradição Católica, a uma enorme dignidade... Mas quantos perigos não podem advir de uma extrapolação da soberania da consciência? Em que se distinguirá o "Homem consciente" do "super-homem" de Nietzsche? Mais ainda: com essa lógica de submissão da lei sobre o aborto à soberania total da consciência, como justificar a manutenção do resto do código penal?

8 de fevereiro de 2007 às 16:07  
Anonymous Anónimo escreveu...

Obrigada pela resposta (que considerei muito honesta e inteligente). Irei reflectir cuidada e seriamente sobre ela.

9 de fevereiro de 2007 às 15:40  

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