O ensino da História
Este post pode ter parecido algo enigmático. Ele surgiu na sequência de uma série de reflexões em torno à repetição, passados quase dez anos, da experiência de dar aulas de História a alunos do 7º ano e, acima de tudo, pelo espanto com a pobreza do manual que, nos anos anteriores, tinha sido seleccionado. Como confio nos meus colegas que fizeram a selecção, calculei que a opção fosse a menos má, facto que confirmei, quer nas conversas com os reponsáveis pela escolha quer pela análise de outros livros de texto que folheei.
O problema supera, no entanto, os manuais, situando-se nos próprios programas. Isto não desculpa os autores, que podiam tornear as questões, principalmente porque, sendo muitos deles relativamente jovens, tinham obrigação de ter aprendido algo nas universidades.
Mas não: parece que passaram pela Universidade sem adquirirem uma ideia nova ou uma perspectiva crítica sobre a cartilha que tinham estudado do 5º ao 12º ano. Mais de 30 anos volvidos sobre o PREC, as perspectivas dominantes continuam a ser as de uma liberdade adquirida pela luta e de um progressismo naïf, entusiasmado com o iluminismo e o positivismo, exaltando as vanguardas e criticando o conservadorismo das classes dominantes.
Além disso, a enfatização da História social e a marginalização da História política (herdada dos debates do séc. XX), ao exigir instrumentos metodológicos que estão além das possibilidades de um estudante de 12 anos, só com muito esforço pode gerar mais do que páginas vazias dedicadas ao quotidiano da antiguidade. Curiosamente, os alunos continuam a fazer as mesmas perguntas: quem matou César? Porquê? Moisés atravessou mesmo o Mar Vermelho? Porque é que os Egípcios mumificavam os corpos?
Dependendo do que se esperar da escola, o ensino da História deverá seguir uma ou outra orientação. Orientação não apenas na perpectiva ideológica (que é razoável que varie de acordo com o projecto educativo da escola) mas, pelo menos, na adequação ao meio em que a escola se insere, às características sócio-económicas dos alunos, etc.
Mas um professor que quiser dispensar um manual e usar, por exemplo, apontamentos da sua lavra, deverá pedir autorização à Direcção Regional de Educação respectiva. Isso mesmo: ela não informa: deve pedir autorização. Para que a autoridade possa vigiar o que se anda a ensinar?
Provavelmente, as críticas acima lavradas poderiam confundir-se com a ideia de que as autoridades não percebem nada sobre História. No entanto, tal suposição seria injusta: o controlo burocrático exercido sobre a escola revela que quem manda conhece muito bem, pelo menos na prática, o poder do ensino, e em particular o do ensino da História.
O problema supera, no entanto, os manuais, situando-se nos próprios programas. Isto não desculpa os autores, que podiam tornear as questões, principalmente porque, sendo muitos deles relativamente jovens, tinham obrigação de ter aprendido algo nas universidades.
Mas não: parece que passaram pela Universidade sem adquirirem uma ideia nova ou uma perspectiva crítica sobre a cartilha que tinham estudado do 5º ao 12º ano. Mais de 30 anos volvidos sobre o PREC, as perspectivas dominantes continuam a ser as de uma liberdade adquirida pela luta e de um progressismo naïf, entusiasmado com o iluminismo e o positivismo, exaltando as vanguardas e criticando o conservadorismo das classes dominantes.
Além disso, a enfatização da História social e a marginalização da História política (herdada dos debates do séc. XX), ao exigir instrumentos metodológicos que estão além das possibilidades de um estudante de 12 anos, só com muito esforço pode gerar mais do que páginas vazias dedicadas ao quotidiano da antiguidade. Curiosamente, os alunos continuam a fazer as mesmas perguntas: quem matou César? Porquê? Moisés atravessou mesmo o Mar Vermelho? Porque é que os Egípcios mumificavam os corpos?
Dependendo do que se esperar da escola, o ensino da História deverá seguir uma ou outra orientação. Orientação não apenas na perpectiva ideológica (que é razoável que varie de acordo com o projecto educativo da escola) mas, pelo menos, na adequação ao meio em que a escola se insere, às características sócio-económicas dos alunos, etc.
Mas um professor que quiser dispensar um manual e usar, por exemplo, apontamentos da sua lavra, deverá pedir autorização à Direcção Regional de Educação respectiva. Isso mesmo: ela não informa: deve pedir autorização. Para que a autoridade possa vigiar o que se anda a ensinar?
Provavelmente, as críticas acima lavradas poderiam confundir-se com a ideia de que as autoridades não percebem nada sobre História. No entanto, tal suposição seria injusta: o controlo burocrático exercido sobre a escola revela que quem manda conhece muito bem, pelo menos na prática, o poder do ensino, e em particular o do ensino da História.
0 Comentário(s):
Enviar um comentário
<< Home