17.4.05

Roma (II)

Já se entende o porquê do post anterior… Iria falar, como é inevitável, do Conclave.
Não porque haja muito para dizer. O Patriarca de Lisboa, no meio das surpresas que, ao longo destes dias, o foram enchendo de um sereno assombro, escreveu:
Aqui estamos nós, 115 homens que Deus há muito chamou e consagrou para o serviço do seu Povo, a preparar na simplicidade da fé, um acto profundamente humano: votar para escolher aquele que, certamente, Deus já escolheu. Mas não estamos à espera que Deus nos mande um anjo a anunciar a sua escolha. Ele quer que a sua escolha se exprima na nossa. É tudo tão simples e tão sereno.
Dito isto, pouco mais há a acrescentar: se o Papa é branco ou negro, progressista ou conservador, de definição ou de transição… Tudo isso parece irrelevante perante a simplicidade do Conclave. Há dois dias, alguns amigos discutiam cinco nomes que tinham vindo no jornal. Perguntei-lhes que outros nomes de cardeais conheciam. Obviamente, mais nenhum. De facto, a generalidade dos portugueses conhecia até ao dia 2 de Abril o nome de dois cardeais: Policarpo e Saraiva Martins. Se se pensar em mais algum, talvez apareçam os defuntos Cerejeira e Ribeiro. Os minimamente informados conheciam, obviamente, Ratzinger e Sodano. Os bem informados já sabiam quem era Arinze, Lustiger, Shönbron, Hummes, Tettamanzi ou Ruini. Se descontarmos estes 10 cardeais sobram 105 elegíveis (isto se descartarmos a hipótese remota de o eleito não ser cardeal). É certo que, de entre estes 105, vários podem excluir-se à partida. No entanto, não conhecemos suficientemente bem o Colégio Cardinalício para, com um mínimo de seriedade, aventar alguma hipótese que não seja um palpite (mistura de desejo e possibilidade que só se concretiza por sorte).
Assim sendo, agora que começa o Conclave, resta-me rezar:
- Para que os que estão lá dentro saibam reger-se pela lógica enunciada pelo Patriarca de Lisboa:
Temos apenas de fazer o que nos é pedido, na simplicidade da nossa consciência, acreditando profundamente que é o Senhor quem conduz o seu Povo.
(D. José Policarpo, Experimentar e Sentir a Igreja)
- Para que o eleito
não se subtraia ao cargo, a que é chamado, pelo temor do seu peso, mas que se submeta, humildemente, ao desígnio da vontade divina.
(João Paulo II, Universi Dominici Gregis, n.º 86)

1 Comentário(s):

Anonymous Anónimo escreveu...

Pois é! Vivemos no tempo da opinionite e parece mal não saber dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa.
Cá por mim, contento-me com o qualificativo de leiga, fiel leiga mas leiga, no verdadeiro sentido da palavra. E espero rezando pelos eleitores e pelo futuro Papa.

17 de abril de 2005 às 21:40  

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