16.11.06

Mónica

No último "Prós e Contras", a eurodeputada Edite Estrela considerou que o aborto poderia ser legítimo, caso a mãe descobrisse que a criança era portadora de trissomia 21.

Eu tenho uma irmã com olhos azuis. Chama-se Mónica, tem 22 anos e tirou o curso profissional de Serviços Básicos de Hospitalidade. Trabalha hoje numa pastelaria de Lisboa. Os olhos dela são lindos e ela é educada, feminina, anda sempre perfumada...

A Mónica é a minha irmã e irmã de mais três. Gostamos muito dela e ela é muito feliz. Dá unidade à família, está atenta sempre a todos e a cada um. A sra. eurodeputada não tem os olhos azuis, mas tem uns olhos tão bonitos como os da Mónica. Tem os talentos e as virtudes de avó e de mãe. E tem dificuldades; certamente também chora e se alegra, é mais uma das pessoas deste nosso planeta que acorda todas as manhãs e lava os dentes.

De certeza que já viu um pobre na rua e lhe estendeu a mão direita (a esquerda) ou as duas, ou olhou para uma prostituta e sentiu pena. De certeza que já ajudou alguém em apuros.

Gostávamos que viesse a nossa casa, provasse os "muffins" que a Mónica faz e visse o gosto com que ela põe a mesa. E descobrisse que esta menina de olhos azuis tem... trissomia 21. E ficaria bem contente por ela ter nascido. Tal como nós. Tal como qualquer pessoa.

Jaime Bilbao, Destak, 03.11.2006.

Eu conheço a Mónica: é verdade! E quando Edite Estrela usou esse argumento, lembrei-me da Mónica! E da Catarina, e do Nuno, e de vários outros, que estão à espera de saír da pasta dos rascunhos...

3 Comentário(s):

Anonymous Anónimo escreveu...

Pois é...

e se a mãe descobre que o filho vai ser cego;
e se a mãe descobre que o filho vai ter pé boto;
e se a mãe descobre que o filho vai ser mudo;
e se a mãe descobre que o filho vai ser surdo;
e se a mãe descobre que o filho...

Há tantas formas de buscarmos "um mundo sem dor e sofrimento". Mas buscar um mundo sem dor e sofrimento não significa eliminar os que são diferentes de nós.

Já houve quem procurasse eliminar os judeus, os indivíduos de raça negra, etc. Enfim... os outros!

E no fundo esquecemo-nos de que, há sua maneira, os outros também são felizes. E se nós temos melhores condições físicas, devemos contribuir para o bem-estar dos outros e não para eliminar a diferença e a doença.

23 de novembro de 2006 às 11:54  
Anonymous Anónimo escreveu...

P.S.:

Para que fique claro: o nosso dever é procurar eliminar a doença, não os doentes!

23 de novembro de 2006 às 11:57  
Anonymous Anónimo escreveu...

Acredito sinceramente que o movimento pro-vida em Portugal so ganhara forsa quando, na Europa, tiver expressao e suficiente popularidade um movimento/teoria que penso ter nascido nos EUA, e que defende a equiparacao dos direitos do feto (que diga-se ainda nao sao reconhecidos), aos direitos da crianca.
Até lá, a questao em Portugal nao será mais do que uma arma de arremesso politica, que os diferentes partidos jogam uns contra os outros.
Lamento a fraqueza e falta de combatividade da direita, numa questao ideológica e moral, que considero ser fundamental. Enquanto no Governo, podiam ter criado uma legislacao sobre a adopcao, que fosse moderna e eficaz. Em vez disso, continuamos a ter um processo de adopcao de tal maneira burocratizado, que desencoraja até os mais ardentes defensores da vida.
Numa sociedade cada vez mais afastada das suas raízes cristas, a questao do aborto é apenas um dos sintomas da doenca moral e ética que afecta o nosso país. Nao faltam solucoes para remediar este estado de coisas, falta quem queira lutar por elas.

Rodrigo
Irlanda do Norte

29 de novembro de 2006 às 11:15  

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