11.1.06

A arte do amor

Jane Austen acertou. Duplamente. Como literatura e como aviso. O amor não sobrevive aos ritmos da nossa modernidade. O amor exige tempo e conhecimento. Exige, no fundo, o tempo e o conhecimento que a vida moderna de hoje não permite e, mais, não tolera: se podemos satisfazer todas as nossas necessidades materiais com uma ida ao shopping do bairro, exigimos dos outros igual eficácia. Os seres humanos são apenas produtos que usamos (ou recusamos) de acordo com as mais básicas conveniências. Procuramos continuamente e desesperamos continuamente porque confundimos o efêmero com o permanente, o material com o espiritual. A nossa frustração em encontrar o "amor verdadeiro" é apenas um clichê que esconde o essencial: o amor não é um produto que se compra para combinar com os móveis da sala. É uma arte que se cultiva. Profundamente. Demoradamente.

(João Pereira Coutinho, Como Jane Austen pode mudar sua vida, Folha On Line, 9.01.2006)

1 Comentário(s):

Blogger Manuel escreveu...

Olá. Bom ano.
Obrigado pelas referências, lá mais abaixo. Só agora as vi. Mas espero que näo haja ninguém a rasgar as vestes por causa do que eu digo. Näo é para tanto... :)

12 de janeiro de 2006 às 19:19  

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