A Resignação do Papa
Ultimamente, vários comentadores, mostraram preocupação pela saúde do Papa, e levaram o seu zelo a tal ponto que aconselharam os amigos que o rodeiam a que o ajudassem a tomar a decisão de resignar em nome dos direitos humanos do doente.
Parece natural que esta preocupação fosse apenas dos católicos praticantes; dos que o reconhecem, veneram e amam como vigário de Cristo e Seu representante na Terra; dos que apesar das suas fraquezas se esforçam por levar à prática na vida diária os ensinamentos de Jesus iluminados pelo Magistério da Igreja; pelos que, não sendo católicos, o respeitam e veneram como campeão da paz, da justiça, da liberdade, dos direitos humanos, dos princípios éticos…; dos que sendo de outras religiões também rezam por ele, em união com os católicos…
Mas não. Esses comentadores comentam, dão duas na ferradura e uma no cravo, sugerem, fazem prognósticos, insinuam datas e estratégias, são os primeiros a não respeitar os direitos humanos do doente. Não levam em conta, que a Igreja Católica se rege, apesar dos pesares, por regras que não são especificamente humanas e que um não crente dificilmente compreenderá. Há 2000 anos que a Igreja Católica mais do que pelo Papa é governada pelo Espírito Santo.
O que escandaliza alguns é a percepção de que o Papa, escarnecido pela sua fidelidade à doutrina que Jesus confiou aos Apóstolos e aos seus sucessores para sempre; flagelado por um brutal atentado e suas consequências; coroado de espinhos pelo mau uso que muitos fazem da inteligência, que, pela soberba de uns e o comodismo de outros, corre o risco de subverter a Criação; identificado plenamente com Cristo, está crucificado com Ele.
Tal como ao Mestre lhe gritam: “desce da Cruz”. Tal como o Mestre, “calado, como a ovelha que levam ao matadouro” ele bebe o cálice que, por vontade do Pai, lhe foi confiado.
Pode acontecer que ao Papa Deus peça ainda o sacrifício de ter de abandonar o cargo em vida. Não duvido que, se for o caso o fará com o garbo e a dignidade a que sempre nos habituou.
Mas acredito que Deus, que é Pai Todo-Poderoso, no momento oportuno lhe dirá: “Vem servo bom e fiel! Porque foste fiel no pouco…entra no gozo do teu Senhor”.
2 Comentário(s):
Li com particular atenção esta análise aos insistentes pedidos de resignação do Papa. E retiro daqui algo que acho mais importante do que tudo: a grande maioria dos opositores ao Papa não são católicos mas sim aqueles para quem as palavras do Papa pouco ou nada deveriam dizer.
Para uma sociedade sem referências morais como a nossa, a tendencia dos "fazedores de opinião" é de criticar aqueles líderes que assumem os seus valores, mesmo que esses valores contrariem a vontade explícita da sociedade amoral. Por isso assistimos a críticas aos líderes católicos e muçulmanos e não ao Dalai Lama. Porque o Dalai Lama, por muito boa que possa ser, está longe e apenas nos pede que sejamos bonzinhos. Enquanto que um verdadeiro líder religioso, como o Papa, nos exige que sejamos Bons.
Para além disso, estas críticas enchem-me de gozo porque são a prova de que existe um fundamento de verdade naturalmente real para os valores defendidos pela Igreja Católica. Porque só posso compreender o crescente volume de críticas à Igreja e ao Papa como uma reacção, na forma de reprovação e crítica, proveniente do mal estar interior que provoca a negação da Verdade.
A negação do Criador e das Suas leis por parte do ser criado é anti-natura porque a criatura deverá buscar e amar sempre o Criador. E, como é anti-natura, acaba por gerar sentimentos contrários aos que imanam do criador, opondo ao Amor da mensagem divina o ódio a Deus, aos que por Ele vivem e em última instância a si próprios.
Muito se fala sobre este tema. Parece natural que a crítica surja dos sectores não católicos. Estes, principalmente, perderam a consciencia de que a verdade existe, isto é, que tudo é relativo. Se tudo é relativo, a que nos podemos agarrar? Notemos, por exempolo, na forma como foram tratadas pela comunicação social as informações sobre o estado clínico do Santo Padre. A Santa Sé informava, de forma natural, qual o estado clínico do Pontífice, que era um panorama considerado dentro dos parametros normais para a idade, com referências a maiores dificuldades pelo historial clínico por todos nós conhecido. Quantos de nós o não fariamos se tal acontecesse com alguém da nossa família? Estaríamos a faltar à verdade? No entanto... a dúvida tinha de aparecer: porque foi para Policlínca? Porque foi de ambulância? E de noite? Parece-me óbvia a necessidade mais ou menos dissimulada de sensacionalismo, de lançar a dúvuda sobre a verdade. Afinal, a resistência de João Paulo II, transparece duas coisas: que a verdade existe e se pode acreditar nela e que os velhos e doentes têm lugar, por vontade própria, neste mundo de "calibres" definidos por por meros tecnocratas onde o que é aparentemente perfeito é que conta.
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