17.2.05

A Irmã Lúcia: Figura Nacional!

Não deixou de ser interessante ouvir os comentários à roda do falecimento da Irmã Maria Lúcia de Jesus do Imaculado Coração, a última vidente de Fátima. Devo dizer que de uma maneira geral gostei do que ouvi. Doutos ou menos doutos estavam ali movidos e comovidos pelo afecto e pelo respeito que lhes merecia a Irmã Lúcia e a Mensagem que, desde tenra idade, fora incumbida de transmitir. Fê-lo com a tenacidade e com a delicadeza habitual de uma pastorinha que se sente responsável por levar as ovelhas, neste caso a mensagem da Senhora, em segurança, para o redil.

Não me surpreenderam os poucos comentários menos próprios que ouvi. Fazem parte do estilo de quem os emitiu. Surpreenderam-me, isso sim, as palavras de um conhecido comentador, cujo nome omito por respeito, num dos Jornais Televisivos da noite. Discordava ele de que tivesse sido decretado luto nacional e de que alguns Partidos tivessem suspendido ou moderado acções de campanha, entre outros motivos porque a campanha eleitoral existia porque era necessária para que os eleitores votassem em consciência, os portugueses tinham direito a serem esclarecidos e, afirmava com ênfase, a Irmã Lúcia não era uma figura nacional porque tinha passado grande parte da sua vida no convento e a rezar sem ter feito nada de especial.

Eis os motivos porque eu discordo: Antes de mais porque entendo que existem situações em que as pessoas são esclarecidas mais com o exemplo do que com muito palavreado; depois, porque considero a Irmã Lúcia uma figura nacional de pleno direito. Com efeito, embora tenha vivido a maior parte da sua vida no convento não deixou de ser uma pessoa atenta aos acontecimentos seus contemporâneos e até o computador e a Internet lhe eram familiares; aconselhou e animou, pela palavra e pela escrita, inúmeras pessoas que a ela recorriam; os seus escritos são lidos, relidos e meditados, por um número de leitores superior ao de qualquer Prémio Nobel da Literatura; encontrou-se, quando necessário e oportuno, com altas figuras do mundo eclesiástico e civil; a mensagem que difundiu influenciou decisivamente as duas últimas décadas do século passado; sem desdouro para ninguém, sem sair do convento, tornou Fátima e, consequentemente, Portugal mais conhecidos em todo o Mundo do que o fizeram Amália ou o Benfica…

Por menos, alguns tiveram lugar no Panteão Nacional. E poderia de pleno direito ser lá sepultada se não tivesse por direito próprios dois lugares mais adequados: a campa rasa do convento das Carmelitas em Coimbra e a sepultura, lado a lado com a Beata Jacinta, na Basílica de Fátima.

2 Comentário(s):

Blogger Pedro F. escreveu...

O comentador em questão pareceu esquecer-se do exemplo da sua própria mãe. Creio que as inumeráveis manifestações de carinho por Sophia, junto ao seu caixão (onde meditei o poema Meditação do Duque de Gândia Sobre a Morte de Isabel de Portugal) ou em tantos sítios onde a sua memória é evocada, partiram mais de pessoas que nunca lhe falaram e que nunca a ouviram falar, mas que a conheciam pelos livros em que nos deixou a sua mensagem.
Mais lamentáveis que as críticas (previsíveis) de Sousa Tavares, foram as que tiveram origem em pessoas que perderam, para variar, uma excelente oportunidade de estar caladas. Os nomes, omitimos por respeito filial.

17 de fevereiro de 2005 às 17:41  
Anonymous Anónimo escreveu...

Peço desculpa mas também não me são indiferentes os comentários do Bloco acerca da Irmã Lúcia.

Começam por defender que a Irmã Lúcia foi "com toda a certeza, sequestrada e enclausurada à força pelos Bispos" (!!!). Só por respeito à Irmã Lúcia não os ofendo!

E acabam por dizer que "é culpada pela morte dos primos, obrigando-os a cometerem os sacrifícios que os levaram até à morte." Estes senhores devem ser muito infelizes...

Pelos vistos, ficamos a saber que os trotskistas não têm o discernimento para perceber que há pessoas muito especiais que querem dedicar a sua vida aos outros e que têm fé no poder da oração e cujo objectivo máximo da sua vida não é ter um loft, passar as noites no Bairro, ir a Ibiza no verão ou calçar ténis fashion! E não, muito obrigada, mas não querem essa “liberdade” que lhes oferecem. Já são livres. Muito livres. Quem são eles para julgar a forma como uma pessoa decide viver a sua vida?!

23 de fevereiro de 2005 às 17:26  

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