Parecem regozijar-se, agora, os críticos da intervenção aliada no Iraque perante o reconhecimento crescente de provas do seu fracasso. De facto, o Iraque está bem mais perto da guerra civil hoje do que estava há dois anos atrás. No entanto, nem tudo é tão lógico quanto parece: o problema do Iraque não é, principalmente, um resultado da intervenção ocidental. É, a meu ver, um resultado da instabilidade do fundamentalismo terrorista e suicida propagado por alguns líderes islâmicos.
Ora vejamos: a afluência dos iraquianos às urnas nos diversos actos eleitorais já realizados é suficientemente reveladora de uma vontade de coexistência ordeira. No entanto, grupos minoritários de fundamentalistas suicidas conseguiram, no Iraque como em Espanha (lembram-se da relação entre o 11-M e a vitória de ZP), condicionar o processo político em curso no sentido do medo. O que desestabilizou o Iraque não foi, portanto, a presença de forças estrangeiras, mas a presença de forças internas bem mais desrespeitadoras dos Direitos Humanos que os ocupantes.
Além do mais, perante a actual situação, somos novamente confrontados com o realismo tremendo das relações internacionais: que fazer com o Iraque? Abandoná-lo ao fundamentalismo? Não basta lamentar o fim da paz de Saddam, cujo preço parece bem elevado, e cujo desfecho alternativo talvez não fosse mais pacífico do que este. Há que apresentar uma alternativa credível para a relação com um fenómeno tremendo como o crescimento do fundamentalismo islâmico. Espero, sinceramente, que haja alternativas à bomba nuclear israelita em Teerão! Mas não me parece que vamos lá com uns jogos de futebol…