21.3.09

Uma boa ideia...

Ou, na versão portuguesa:

19.3.09

O Papa, a Sida e a Liberdade... outra vez!

A propósito da mais recente polémica em torno de declarações do Papa, parece-me oportuno este texto, aqui publicado quando, após a morte de João Paulo II, se falou da crítica do preservativo na prevenção da Sida como um dos aspectos negativos do seu pontificado:

"A falácia é a seguinte: 1) o Papa condena o uso do preservativo; 2) o preservativo é o melhor meio de combate à sida; 3) conclusão: o Papa é contra a prevenção da sida! [...]

O aspecto mais bizarro desta lógica é o seguinte: as pessoas que não se importaram com a doutrina da Igreja na altura de uma relação extra-matrimonial [...] deixam de usar preservativo porque o Papa manda?!

Numa sociedade erotizada como a contemporânea o argumento parece ter valor: a exaltação do sexo supôs que o Homem não é capaz de contrariar os seus apetites sexuais! Logo, João Paulo II poderia ser condenado por propor uma doutrina inconciliável com a condição humana! Mas, para que este argumento seja válido, é exigida uma visão laxista sobre a sexualidade. Quando os media especulam sobre a vida sexual das figuras públicas; quando o mercado da pornografia está num crescimento extraordinário; quando os publicitários usam o sexo para vender tudo, desde os automóveis às cervejas; então é provável que se considere desumana a doutrina da Igreja sobre a sexualidade.

Eis aqui, no entanto, o aspecto em que João Paulo II foi, de facto, um campeão da liberdade: mais que na luta contra a tirania política, procurou afirmar que só a cultura poderia dar a verdadeira liberdade ao Homem, uma vez que só pela cultura o homem se distingue dos animais. A doutrina da Igreja sobre a sexualidade (em particular a teologia do corpo de João Paulo II) é uma afirmação de liberdade, uma afirmação de humanidade, uma rebeldia contra a espontaneidade dos instintos própria da vida selvagem! Afirmar que o Homem não é livre em matéria sexual é, de facto, obrigá-lo ao preservativo. Mas a doutrina do Papa (e o seu exemplo, e o de tantos milhões de católicos que são fiéis à doutrina da Igreja) sempre afirmou que o homem não estava condenado ao deboche e à promiscuidade. Terão aqueles que cederam à infidelidade matrimonial, levando silenciosamente a sida para o interior das suas casa, deixado de usar preservativo por respeito à autoridade papal? E os homossexuais? E os jovens que, instigados por uma imprensa e por uma televisão insinuante ou agressiva, viveram de modo promíscuo a sexualidade?

[...] É obrigatório reconhecer que se os princípios [da moral sexual católica] fossem mais difundidos a pandemia da Sida não teria atingido proporções tão elevadas, pelo menos nos países de tradição católica.

Supor que o Homem não é capaz de resistir aos seus instintos sexuais equivale a colocá-lo numa categoria infra-huamana: e como pode uma sociedade democrática sobreviver se, em vez de cidadãos, é constituída por bichos?"

4.3.09

A Relação Conjugal Relação Educativa

A relação entre pessoas, particularmente se convivem, pode ser sempre uma relação educativa própria da amizade verdadeira que não é simples compinchice ou cumplicidade mas que procura ser uma ajuda leal e oportuna a que o outro seja mais e melhor pessoa.

Um dos aspectos que caracterizam a relação educativa é que só se pode ajudar verdadeiramente a melhorar se houver da parte de quem educa um real esforço de melhora pessoal. Por isso a acção educativa é muito gratificante porque, naturalmente, se transforma num movimento ascendente que beneficia todos os que dela participam.

Vocacionados a viver conjugalmente – sob o mesmo jugo e a “puxarem” no mesmo sentido – a relação conjugal é, por natureza, uma relação educativa ou, pelo menos, apta para a educação.
Afirma Pieper que “amar é aprovar - dar por bom – é dizer: é bom que sejas tu, é bom que estejas aqui, é bom que sejas o que és pois, no que és, és digna de estima e eu aprovo-te.”
No entanto, “amar e aceitar os defeitos do cônjuge” não é o mesmo que “resignar-se com eles”. Por isso, natural, é esforçar-se por descobrir, sem projecções pessoais, o que o outro necessita e ajudá-lo a realizar a sua vocação, aquilo que ele está chamado a ser como cônjuge, pai/mãe, amigo(a), profissional….Certamente muito mais e melhor do que, em qualquer momento, se imaginou.

Na relação conjugal, é necessário que cada cônjuge desenvolva, em relação ao outro, a Generosidade (dar o que me pertence, dar-me a mim mesmo) e a Justiça (dar aquilo que lhe é devido, o seu).

Cada cônjuge pode, por exemplo esforçar-se por:
Dar ao outro aquilo que ele realmente necessita: o que lhe faz bem (manter o arranjo pessoal e a afabilidade do tempo de namoro, proporcionar um momento de repouso…); o que o afasta do mal (usar, ajudar a usar, vestuário que revele respeito por si próprio e pelo cônjuge a quem deve o seu corpo, evitar amizades ou comportamentos que ponham em risco a fidelidade conjugal, as obrigações familiares, profissionais….);
Desenvolver em si próprio as qualidades que o cônjuge necessita que ele possua (alegria, bom-humor, capacidade de ajudar, atenção à realidade…).;
Procurar as ajudas necessárias quando excedem as suas possibilidades (oferecer um bom livro, proporcionar uma boa amizade, sugerir a participação conjunta em actividades de formação…).

Mas esta relação de ajuda mútua à melhora pessoal pode perder eficácia se um dos cônjuges, ou ambos, não a consideram vantajosa por ignorância…, por soberba… Quem está convencido que atingiu a perfeição tem pelo menos um defeito: o de julgar que não tem necessidade de crescer em qualidades pessoais. E este estar instalado no seu “bem-ser”, no seu “bem-fazer”…, é causa de muitas situações de cansaço, de rotina, de insatisfação e desarmonia conjugal.

Na guerra solidária da Educação não há vencedores nem vencidos porque ou todos ganham ou todos perdem. Por isso, uma virtude que deve estar sempre presente é o optimismo, a qualidade daquele que põe, a si próprio, metas nobres, elevadas mas exequíveis, e põe, com perseverança, os meios necessários para as alcançar.

Ganha a guerra quem vence a última batalha, mesmo que tenha perdido todas as anteriores. E a última batalha só se perde realmente se não se ganha a que se trava à hora da morte.
No casamento, como na vida, um bom lema pode ser: “aceito-te tal como és mas também como estás chamado a ser e que, no entanto, ainda não és”