24.4.06

Onde é que isto vai parar (IX)

Via O Insurgente, eis mais uma causa fracturante para a esquerda moderna: o reconhecimento dos direitos humanos dos grandes primatas... Enganei-me quando aqui escrevi que o último limite era a criatividade humana: afinal, será a criatividade dos símios!

21.4.06

Depois das festas Pascais…

Na passada sexta-feira (Sexta-Feira Santa), esta belíssima pietá de Van Gogh servia de ilustração da capa do Público, remetendo para o tema de abertura do jornal: a proposta de uma nova interpretação da história da paixão de Cristo, a partir do badalado Evangelho de Judas.
Sempre me espanta a atenção e credibilidade que os evangelhos apócrifos merecem na mesma imprensa que tanto critica a credibilidade de três Evangelhos concordantes (os sinópticos, de Mateus, Marcos e Lucas): do ponto de vista da crítica histórica, para conhecer a vida de Jesus, os melhores documentos são, sem dúvida, os três sinópticos, uma vez que têm a antiguidade, concordância e credibilidade que a generalidade dos apócrifos não tem. Quanto ao Evangelho de João, ele destaca-se porque, para além de uma concordância relevante com o que é dito nos sinópticos, apresenta com maior cuidado a personalidade de Jesus.
Difunde-se agora, no âmbito dos fenómenos genericamente designados como new age, a ideia de que a Igreja teria escondido a verdadeira história de Jesus em nome de uma ideia de poder temporal de carácter autoritário e misógino: a imagem do poder imperial romano.
Como contraposta a esta Igreja (hierárquica, como insistiam os teóricos da Teologia da Libertação) surgia um outro cristianismo, carismático e não dogmático, esvaziado de conteúdo doutrinal, e transformado numa experiência sentimental. A relação com Cristo deixa de ser relevante e abre-se a porta para as espiritualidades orientais, para as terapias pela cor, para os cultos da deusa, e toda a série de disparates que se seguem…
Os evangelhos apócrifos fazem parte da história humana e da história cristã. Quem os ler com um pouco de sentido crítico, entenderá claramente porque razão a Igreja não os aceitou como canónicos: os piedosos são, regra geral, mais milagreiros e mirabolantes; os gnósticos são de carácter iniciático e misterioso, apresentando segredos não confirmados por nenhuma outra fonte creível, como a predilecção de Judas ou a intimidade com a Madalena.
Optar pelos Evangelhos apócrifos como chave de interpretação da vida de Jesus é uma hipótese; no entanto, é uma hipótese bem menos razoável que a opção pelos evangelhos canónicos. Optar pelos evangelhos apócrifos é optar pelo ocultismo, pelo ritualismo iniciático e pela magia… Optar pelos sinópticos, como Agostinho de Hipona ou Tomás de Aquino, é optar pela vocação universal à santidade, pela liturgia enquanto expressão do mistério e pela razoabilidade da fé… Eu não tenho dúvidas sobre qual das vias escolher!
Quando me preparo para publicar este texto, eis que recebo a notável homilia do Pe. Raineiro Cantalamessa, pronunciada na Basílica de S. Pedro, no Vaticano, no mesmo dia em que o Público nos brindava com as histórias alternativas de Jesus. É introduzidda por este oportuno texto de S. Paulo:
Virão tempos em que o ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos, de acordo com os próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor de fábulas.
(2 Tim 4, 3-4)
O texto da homilia pode ser encontrado aqui.

9.4.06

País real

Paisagens amplas, aldeias quase abandonadas (e sempre envelhecidas), uma mulher idosa a levar um pequeno rebanho de cabras para um planalto a mais de mil metros de altitude… Todo este mundo perdido (tão afastado, não apenas no espaço, mas principalmente no tempo, do nosso mundo) suscita a perplexidade: quanto ganhámos com o desenvolvimento tecnológico, com as estradas e os automóveis, com os hospitais e os medicamentos, com os media e os telemóveis! Mas quanto perdemos!
A Aldeia da Pena, oculta num fundão das serranias, ainda há quinze anos não tinha luz eléctrica e o acesso fazia-se por vários quilómetros de uma estrada estreita e em terra batida. Hoje, a estrada alcatroada parece ter servido apenas para esvaziar mais rapidamente a aldeia, que conta agora com apenas onze habitantes. O mesmo acontecia com o Talasnal, na Serra da Lousã, hoje totalmente abandonado...
É o fim de uma civilização: esses espaços, ocupados há talvez milhares de anos, vão desaparecendo e, com eles, modos de vida igualmente antigos. Hoje vivemos mais anos e mais confortáveis… mas como perdemos o sentido de comunidade e as formas de solidariedade que lhe estavam associadas… Visitem a Aldeia da Pena (nas terras que Aquilino Ribeiro dizia serem do Demo), o Talasnal ou a Serra do Açor... creio que rapidamente darão convosco próprios a questionar o mito do progresso!

4.4.06

É assim desde 1789...

3.4.06

Liberdade de Educação

O Fórum para a Liberdade de Educação tem vindo a divulgar interessantes textos sobre a Liberdade de Educação em Portugal. Recomendo este, de Rodrigo Queiroz e Melo, publicado no Diário Económico, em 14 de Março deste ano.
Utilizar o argumento da falta de acesso da população a informação sobre as escolas para obviar à liberdade de escolha pelos pais é abrir a porta ao voto capacitário, ao despotismo esclarecido e a outros totalitarismos. Se há falta de informação temos de a criar e divulgar, mas nunca limitar a liberdade.

2.4.06

João Paulo II: 1º aniversário

Este homem não pode ser separado da sua Igreja;
o seu amor pelo Homem não pode ser separado do seu amor por Cristo.