12.11.09

Família Sociedade Natural Onde Se Morre Como Pessoa

“Como as folhas no Outono assim caem as almas na eternidade” lembrava S. Josemaría Escrivá, o Santo do quotidiano. Por isso bom é que, neste mês de Novembro, dedicado a recordar, mais vivamente, a memória daqueles que nos antecederam, reflictamos um pouco sobre o significado da morte e o comportamento dos familiares quando se aproxima o momento de deixar esta vida por um dos seus entes queridos.
Hoje fala-se muito de “morrer com dignidade”. No entanto que é a dignidade humana? Será algo variável ao sabor de cada época ou algo inerente ao ser pessoal de cada um de nós, algo “que reside no que é, não no quê, mas no quem, um ser único, insubstituível, dotado de intimidade, de inteligência, vontade, liberdade, capacidade de amar e de se abrir aos outros”? (Ricardo Yepes). Consequentemente, será que “ajudar a morrer com dignidade” consiste em antecipar a morte de acordo com os critérios de qualidade de vida entendidos por uma determinada sociedade numa determinada época mesmo que espiritualmente decadente? Ou será que “ajudar a morrer com dignidade” é proporcionar ao doente os cuidados espirituais, humanos e materiais, necessários para que o percurso até à morte se faça com o menor sofrimento possível e com todo o apoio necessário?
Não duvido que “ajudar a morrer com dignidade”, é estar “próximo” de quem está prestes a concluir o exame final da sua existência e estar “próximo” é: estar atento às necessidades do outro; dar-lhe os medicamentos a horas, cuidar-lhe da higiene, alimentá-lo e matar-lhe a sede; escutá-lo e conversar com ele; ver, descrevendo, o que o outro não consegue admirar; ler-lhe um livro que o anime e lhe rasgue horizontes de esperança; mantê-lo ligado à vida, contando-lhe o que se passa no ambiente a que estava habituado; não fechar as portas aos amigos mesmo que não venham na hora certa; não ceder perante as tentações do encarniçamento terapêutico ou de antecipação da morte …. É rezar com ele, proporcionando-lhe a assistência religiosa que, naturalmente, deseja e que a proximidade da morte torna mais conveniente
Sabe-se que, sempre que possível, convém que o doente se mantenha no seu ambiente familiar. Se o entender, a família deve recorrer aos apoios sociais existentes e incentivar a criação de outros que melhorem a assistência prestada e a qualidade de vida do beneficiário. O recurso aos “Lares” de Terceira Idade, pode ser, por vezes, a decisão necessária face às circunstâncias específicas do doente e da família. Nesta situação, é importante escolher criteriosamente o “Lar” que corresponda às necessidades do utente e que familiares e amigos se adaptem à nova situação.
A hora da morte é, sempre, o momento de um a sós com Deus, por mais acompanhado que se esteja. Exige a Caridade que procuremos ajudá-lo, a comparecer nesse encontro, rezando com ele as orações próprias da hora da morte e as que eram conhecidas como da sua devoção, porque lhas vimos rezar e ensinar aos filhos e netos….Depois, muita paz e rezar para que se abrevie a reparação devida. Deus não é um traidor que se compraz na perdição das almas. Para aqueles que se esforçaram por amá-lo ou se arrependeram da sua vida mesmo na hora extrema procede como um jardineiro que procura as flores quando estão viçosas, para colhê-las e as colocar no regaço de Sua Santíssima Mãe.