30.8.05

JMJ VII

Com o post O Regresso dos Peregrinos, datado de 21 de Agosto, concluí a publicação das notas sobre as sobre as Jornadas Mundiais da Juventude de Colónia. Deixo aqui, de modo sistemático e para os mais distraídos, as entradas desse "Diário das JMJ":
- 16.VIII: JMJ - XX Jornadas Mundiais da Juventude;
- 17.VIII: JMJ II - A esta hora em Portugal ainda é ontem;
- 18.VIII: JMJ III - Bento XVI;
- 19.VIII: JMJ IV - As Catequeses;
- 20.VIII: JMJ V - Marienfeld;
- 21. VIII: JMJ VI - O Regresso dos Peregrinos.
Com alguma satisfação, vi que alguns bloggers nacionais se referiram ao evento:
- João Gonçalves, na Grande Loja do Queijo Limiano;
- Dupont, n'O Vilacondense;
- Fernando Martins, no Pela Positiva;
- Sabotador, no Bodegas.
Não duvido que muitos outros o tenham feito, mas estes foram aqueles que me chegaram à caixa de correio.
Uma iniciativa que cito com gosto é a do blog Jornadas Mundiais da Juventude - Colónia, que reúne testemunhos sobre o evento. O autor citou amavelmente este vosso servidor como um minhoto!? Não sei onde foi buscar essa ideia: sem ter nada contra os minhotos, posso apenas assegurar que 66% das Catacumbas são da Beira (mais até, se o Max insistir em não responder às minhas provocações para postar mais vezes!)

24.8.05

Batota

Os ciber-cafés de Colónia estiveram (como toda a cidade), cheios de gente, pelo que não me foi posível cumprir o desígnio de actualizar este blog à medida que passavam os dias das Jornadas Mundiais da Juventude. Assim sendo, eis que faço agora um pouco de batota: ao longo desta semana publiquei as minhas impressões diárias da Alemanha, datando-as com a data dos dias a que se reportam, e não a do dia em que foram escritas.
Porqe é que faço esta batota? Por um lado, aproveitarei para ordenar algumas memórias e, de caminho, procurarei criar algum suspense...

22.8.05

Homilia Do Papa Bento XVI No Encerramento Da JMJ

Queridos jovens:

Diante da sagrada Hóstia, em que Jesus se fez pão para nós, que interiormente sustenta e nutre a nossa vida (cfr. Jo 6, 35), iniciámos ontem à tarde o caminho interior da adoração. Na Eucaristia a adoração deve chegar a ser união. Com a Celebração eucarística encontramo-nos naquela «hora» de Jesus, de que fala o Evangelho de João. Mediante a Eucaristia , esta sua hora» converte-se na nossa hora, na sua presença no meio de nós. Juntamente com os discípulos Ele celebrou a ceia pascal de Israel, o memorial da acção libertadora de Deus que tinha guiado Israel da escravidão para a liberdade. Jesus observa os ritos de Israel. Pronuncia sobre o pão a oração de louvor e bênção. No entanto, acontece algo de novo. Ele dá graças a Deus não somente pelas grandes obras do passado; dá-lhe graças pela exaltação que se realizará mediante a Cruz e a Ressurreição, dirigindo-se aos discípulos também com palavras que contêm o compêndio da Lei e dosProfetas: «Isto é o meu Corpo entregue em sacrifício por vós. Este cálice éa Nova Aliança selada com o meu Sangue». E assim distribui o pão e o cálice, e, ao mesmo tempo, encarrega-os da tarefa de voltar a dizer e fazer sempre em sua memória aquilo que estava a dizer e fazer naquele momento.O que está a acontecer? Como pode Jesus distribuir o seu Corpo e o seu Sangue? Fazendo do pão o seu Corpo e do vinho o seu Sangue, Ele antecipa a sua morte, aceita-a no mais íntimo e transforma-a num acto de um amor que se entrega totalmente. Esta é a transformação substancial que se realizou no cenáculo e que estava destinada a suscitar um processo de transformações cujo último fim é a transformação do mundo até que Deus seja tudo em todos(cfr. 1 Cor 15, 28). Desde sempre os homens esperam no seu coração, de algum modo, uma mudança, uma transformação do mundo. Este é, agora, o acto central da transformação capaz de renovar verdadeiramente o mundo: a violência transforma-se em amor e, portanto, a morte em vida. Uma vez que este acto converte a morte em amor, a morte como tal está já, no seu interior, superada; nela já está presente a ressurreição. A morte foi, por assim dizer, profundamente ferida, tanto que, de agora em diante, não pode ser a última palavra. Esta é, para usar uma imagem muito conhecida para nós, a fissão nuclear levada no mais íntimo do ser; a vitória do amor sobreo ódio, a vitória do amor sobre a morte. Somente esta íntima explosão do bem que vence o mal pode suscitar depois a cadeia de transformações que pouco a pouco irão mudar o mundo. Todas as outras mudanças são superficiais e não salvam. Por isso falamos de redenção: aquilo que no mais íntimo era necessário já aconteceu, e nós podemos entrar neste dinamismo. Jesus pode distribuir o seu Corpo, porque se entrega realmente a si mesmo.

Esta primeira transformação fundamental da violência no amor, da morte na vida traz consigo as restantes transformações. Pão e vinho convertem-se no seu Corpo e Sangue. Chegados a este ponto a transformação não pode deter-se, pelo contrário, é aqui onde deve começar plenamente. O Corpo e o Sangue de Cristo são-nos dados para que por sua vez nós mesmos sejamos transformados. Nós mesmos devemos chegar a ser Corpo de Cristo, seus consanguíneos. Todos comemos o único pão, e isto significa que entre nós ficamos a ser uma só coisa. A adoração, dissemos, chega a ser, deste modo,união. Deus não está somente diante de nós, como o Totalmente outro. Está dentro de nós, e nós estamos n' Ele. A sua dinâmica penetra-nos e, a partir de nós, quer propagar-se aos outros e estender-se a todo o mundo, para que o seu amor seja realmente a medida dominante do mundo. Eu encontro uma alusão muito bela a este novo passo que a Última Ceia nos apresenta na diferente acepção que a palavra "adoração" tem em grego e em latim. A palavra grega é proskynesis. Significa o gesto de submissão, o reconhecimento de Deus como a nossa verdadeira medida, cuja norma aceitamoss eguir. Significa que a liberdade não quer dizer gozar a vida,considerar-se absolutamente autónomo; significa antes orientar-se segundo a medida da verdade e do bem, para chegar a ser, desta maneira, nós mesmos,verdadeiros e bons. Este gesto é necessário, mesmo quando a nossa ânsia de liberdade resiste, num primeiro momento, a esta perspectiva. Fazê-la completamente nossa só será possível num segundo passo que nos apresenta a Última Ceia. A palavra latina adoração é ad-oratio, contacto boca a boca,beijo, abraço e, portanto, amor. A submissão torna-se união, porque aquele a quem nos submetemos é Amor. Assim, a submissão adquire sentido, porque não nos impõe coisas estranhas, mas liberta-nos no mais íntimo do nosso ser.

Voltemos de novo à Última Ceia. A novidade que aí aconteceu, estava na nova profundidade da antiga oração de bênção de Israel, que agora se tornava palavra de transformação e nos concedia poder participar na hora de Cristo.Jesus não nos encarregou a tarefa de repetir a Ceia pascal, que, de resto,enquanto aniversário, não é repetível a bel prazer. Deu-nos o encargo de entrar na sua «hora». Entramos nela mediante a palavra do poder sagrado da consagração, uma transformação que se realiza mediante a oração de louvor,que nos situa em continuidade com Israel e com toda a história da salvação,e ao mesmo tempo nos concede a novidade para a qual apontava, na sua íntima natureza, aquela oração. Esta oração, chamada pela Igreja «oração eucarística», torna presente a Eucaristia. É palavra de poder, que transforma os dons da terra de modo totalmente novo na doação do próprio Deus e que nos compromete neste processo de transformação. Por isso chamamos Eucaristia a este acontecimento, que é a tradução da palavra hebraica beracha, agradecimento, louvor, bênção e também transformação a partir do Senhor: presença da sua «hora». A hora de Jesus é a hora em que o amor vence. Por outras palavras: é Deus quem venceu, porque Ele é Amor. A hora de Jesus deseja tornar-se a nossa hora e sê-lo-á, se nós, mediante a celebração da Eucaristia, nos deixarmos envolver por aquele processo de transformações que o Senhor pretende. A Eucaristia deve tornar-se o centro da nossa vida. Não é mero positivismo ou ânsia de poder,quando a Igreja nos diz que a Eucaristia é parte do Domingo. Na manhã da Páscoa, primeiro as mulheres e depois os discípulos tiveram a graça de ver o Senhor. Desde então souberam que o primeiro dia da semana, o Domingo,seria o dia d' Ele, de Cristo. O dia do início da criação seria o dia da renovação da criação. Criação e redenção caminham juntas. Por isso é tãoi mportante o Domingo. É belo que hoje, em muitas culturas, o Domingo seja dia livre ou, juntamente com o Sábado, constitua o chamado «fim de semana».Mas esse tempo livre fica vazio se nele não estiver Deus. Queridos amigos! Às vezes, pode parecer, de início, um incómodo ter de incluir a Missa no programa de Domingo. Mas se vos empenhardes, vereis depois que é exactamente isso aquilo que dá sentido ao tempo livre. Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os outros a descobri-la. Naturalmente, para que dela nasça a alegria que precisamos,devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente. Façamos esse propósito, pois vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos nós que fazemos uma festa para nós, é o próprio Deus vivo quem prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus sempre permite um novo recomeço na nossa vida.

Quem descobriu Cristo deve levar outros para Ele. Uma alegria grande não se guarda para si mesmo. É necessário transmiti-la. Em muitas partes do mundo existe hoje um estranho esquecimento de Deus. Parece que, sem Ele, tudo fica na mesma. Mas ao mesmo tempo existe também um sentimento de frustração, de insatisfação de tudo e de todos. Dá vontade de exclamar: não é possível que a vida seja isto! Realmente não. E deste modo, com o esquecimento de Deus existe como que um 'boom' do religioso. Não desejod esacreditar todas as manifestações desse fenómeno. Também aí se pode dar a alegria sincera da descoberta. Mas se esse fenómeno for levado longe de mais, a religião quase se converte num bem de consumo. As pessoas escolhem o que agrada, e alguns sabem como fazer lucro com isso. Mas uma religião construída por um "faça você mesmo" acaba, no fim, por não nos ajudar. É cómoda, mas nos momentos de crise abandona-nos à nossa sorte.Ajudai os homens a descobrir a verdadeira estrela que aponta o caminho:Jesus Cristo! Procuremos nós conhecê-lo sempre melhor para poder também, de modo convincente, guiar os outros para Ele. Por isso é tão importante o amor à Sagrada Escritura e, em consequência, o conhecimento da fé da Igreja que nos mostra o sentido da Escritura. É o Espírito Santo quem guia a Igreja na sua fé crescente e a fez e faz penetrar cada vez mais na profundidade da verdade (cfr. Jo 16, 13). O Papa João Paulo II deixou-nos uma obra maravilhosa, em que a fé de sempre é explicada de modo sintético:o «Catecismo da Igreja Católica». Eu mesmo pude recentemente aprovar o«Compêndio» desse Catecismo, que foi elaborado a pedido do falecido Papa. São dois livros fundamentais que gostaria de recomendar a todos vós.

Obviamente, os livros não bastam por si mesmos. Construí comunidadesb aseadas na fé! Nas últimas décadas nasceram movimentos e comunidades em que a força do Evangelho se faz sentir com vigor. Procurai a comunhão na fé como companheiros de caminho que juntos seguem o itinerário da grande peregrinação que os Magos do Oriente nos assinalaram. A espontaneidade das novas comunidades é importante, mas também é importante conservar a comunhão com o Papa e com os Bispos. São eles que garantem que não se estão a seguir trilhos particulares, que garantem que se vive naquela grande família de Deus que o Senhor fundou com os doze Apóstolos.

Uma vez mais devo voltar à Eucaristia. «Uma vez que há um único pão, nós,embora muitos, somos um só corpo, porque todos participamos desse único pão» diz S. Paulo (1 Cor 10, 17). Desta maneira pretendeu dizer: uma vez que recebemos o mesmo Senhor e Ele nos acolhe e nos atrai a si, sejamos também uma só coisa entre nós. Isto deve manifestar-se na vida. Deve mostrar-se na capacidade de perdoar. Deve manifestar-se na sensibilidade para as necessidades dos outros. Deve manifestar-se na disponibilidade para partilhar. Deve manifestar-se no compromisso para com o próximo, tanto aquele que está ao nosso lado, como aquele que está fisicamente longe, que, no entanto, sempre consideramos perto. Existem hoje formas de voluntariado,modelos de serviço mútuo, que a nossa sociedade necessita com urgência. Não devemos, por exemplo, abandonar os anciãos na sua solidão, não devemos passar ao largo daqueles que sofrem. Se pensamos e vivemos em virtude da comunhão com Cristo, então os nossos olhos abrem-se. Então não nos conformaremos em continuar a viver preocupados somente por nós mesmos, mas veremos onde e como somos necessários. Vivendo e agindo assim perceberemos muito em breve que é muito mais belo ser úteis e estar à disposição dos outros do que preocupar-se apenas das comodidades que nos oferecem. Eu sei que vós, como jovens, aspirais a coisas grandes, que quereis comprometer-vos por um mundo melhor. Mostrai-o aos homens, mostrai-o ao mundo, que espera exactamente esse testemunho dos discípulos de JesusCristo, e que, sobretudo mediante o vosso amor, poderá descobrir a estrela que, como crentes, seguimos. Caminhemos com Cristo e vivamos a nossa vida como verdadeiros adoradores de Deus! Ámen.

21.8.05

JMJ VI - O Regresso dos Peregrinos

A madrugada em Marienfeld anunciava um dia solarengo… mas à medida que o sol se erguia, as nuvens regressaram. Desta vez, a minha pouca fé já tinha aprendido uma lição com o dia de ontem: ao contrário do que previam os meteorologistas, a tempestade não se abateu sobre a Renânia. Comecei a acreditar nos que, com mais visão sobrenatural (ou uma boa dose de optimismo) afirmavam: não vai chover! E deixei de me preocupar com o tempo. Creio que isso nos ajudou a todos a seguir meljor as cerimónias. Até regressarmos aos alojamentos o céu suspendeu as águas, que tão abundantemente caíram, como viemos a saber mais tarde, no sul da Alemanha.
Aos poucos Marienfeld foi acordando. A noite não foi mal passada mas de madrugada, com algum ruído e com o frio a apertar, passou-se um pouco pior. Valeu-nos o café ou chá quente que os voluntários serviram…
As colunas de som decretaram o despertar geral ao som do hino das JMJ de 2000, em Roma: Emmanuel! Alguns aproveitaram esse tempo prévio à chegada do Papa para ir à tenda de adoração, enquanto outros tomavam o pequeno-almoço. Rezaram-se as laudes, com a profusão de cânticos a que nos habituámos desde a vigília de ontem. Independentemente da qualidade da música destas JMJ, há algo que me ocorre destacar: fazendo jus à tradição de música litúrgica alemã, nas celebrações destes dias o canto fez mais que servir de intermezzo entre as partes da liturgia: a música foi uma forma de oração.
Bento XVI voltou a Marienfeld pedindo desculpa por não poder estar mais perto de nós: os germânicos não previram que os latinos, obviamente, iriam ocupar os caminhos não vedados pelos quais o Papa deveria passar. Na homilia, após a um bela e densa introdução, falou com uma frontalidade que valeu os aplausos dos jovens ali reunidos:

[O fim-de-semana] permanece vazio se nele não está Deus. Queridos amigos: […] não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os demais a descobri-la. Certamente, para que dela emane a alegria que necessitamos, devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente, devemos aprender a amá-la. Comprometendo-nos a isso, vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e sua verdadeira grandeza: não somos os que fazem festa para nós, mas sim, ao contrário, o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus permite sempre iniciar de novo nossa vida.

Quem descobriu a Cristo deve levar a outros para Ele. Uma grande alegria não se pode guardar para si mesmo. É necessário transmiti-la.

Para assegurar a formação recta da consciência cristã, o Papa deixou conselhos bem práticos:
O Papa João Paulo II nos deixou uma obra maravilhosa, na qual a fé secular se explica sinteticamente: o «Catecismo da Igreja Católica». Eu mesmo, recentemente, pude apresentar o «Compêndio» de tal Catecismo, que foi elaborado a pedido do falecido Papa. São dois livros fundamentais que queria recomendar a todos vós.
[…] Buscai a comunhão na fé como companheiros de caminhada que juntos vão seguindo o itinerário da grande peregrinação que primeiro nos assinalaram os Magos do Oriente. A espontaneidade das novas comunidades é importante, mas é desta forma importante conservar a comunhão com o Papa e com os Bispos. São eles os que garantem que não se estão buscando sendas particulares, mas que por sua vez se está vivendo naquela grande família de Deus que o Senhor fundou com os doze Apóstolos.
Após o final da Eucaristia, Bento XVI falou em português:
Saúdo aos jovens de língua portuguesa. Queridos jovens, desejo-vos que vivais sempre em amizade com Jesus, para experimentar a verdadeira alegria e comunicá-la a todos, especialmente a vossos irmãos que se encontram em dificuldade.
Enquanto se despedia de nós, as imagens do Papa rodeado por 1.000.000 de jovens traziam-me à memória imagens semelhantes, com João Paulo II: tão diferentes, mas tão próximos!
Pouco tempo depois da partida do Papa, parecia que em Marienfeld se tinha travado uma batalha: o milhão de pessoas que aí tinha estado começara já o regresso e para trás ficavam os sacos de lixo, os plásticos com que se tinham protegido contra a humidade, sacos-cama, colchões de ar!!! Pensámos ficar mais tempo por ali, na esperança de que, se partíssemos mais tarde, o caos seria menor. Mas a tarde não estava agradável, e a actuação de Cliff Richard estava bem longe de nos cativar para permanecer mais tempo entre a relva húmida e a lama de Marienfeld. Após o almoço dos últimos farnéis juntámo-nos ao milhão de caminhantes que empreedera já o caminho de regresso.
Os cinco ou seis quilómetros a pé fizeram-se com alguma facilidade (apesar do cansaço) cantando à desgarrada… Depois foi o caos: tivemos a sorte de “conquistar” um autocarro para o nosso grupo que nos levaria até a uma estação de metro. Pouco depois foi o colapso dos transportes: alguns do nosso grupo chegaram aos alojamentos por volta das 11h00, mais de dez horas passadas sobre o final da celebração e vinte quilómetros percorridos a pé, entre Marinfeld e o centro de Colónia.
Quanto a mim, nunca uma paragem de metro me soube tão bem! E após dois dias de Marienfeld as salas de aula dos alojamentos fizeram esquecer qualquer hotel de cinco estrelas! Encaro até com algum humor a nossa nova situação: nos nossos novos alojamentos somos um terço dos peregrinos e temos metade dos chuveiros: ou seja, temos um chuveiro para cem pessoas!!! O que não é mau de todo: enquanto espero pela minha vez (faltam cerca de 45 minutos) vou terminando estas notas.

20.8.05

JMJ V - Marienfeld

O dia de hoje amanheceu bastante nublado. Perguntei aos voluntários qual o prognóstico: Bad! O jornal anunciava tempestade de verão na Renânia, com aguaceiros fortes e trovoada. Após a Santa Missa, pegámos nas nossas mochilas do peregrino e lá começámos a andar, primeiro nos transportes públicos, depois a pé, até Marienfeld, a antiga mina a céu aberto que serve de cenário ao encerramento destas JMJ. Dentro das mochilas vão os impermeáveis e os guarda-chuvas. Apesar do tempo, o pessoal está animado. Na última parte do percurso, uns 6 ou 7 quilómetros que fazemos a pé entre a paragem do autocarro e o Campo de Maria, misturam-se os vivas ao Papa com cânticos tradicionais ou religiosos. As fileiras de peregrinos vão engrossando à medida que nos aproximamos de Marienfeld, bem como a desorientação. Começo a acreditar que a ordem germânica não é mais do que um mito: não há indicações, e limitamo-nos a ir indo atrás dos outros.
Depois de duas horas de caminho chegámos: Marienfeld é uma enorme área com uma pendente suave. Ao fundo, sobre uma enorme colina artificial, um enorme balão marca o altar papal. Antes da chegada do Papa serviu de palco para actuações musicais. Instalámo-nos no sector que nos foi indicado, mas rapidamente nos demos conta de que, naquela enorme esplanada, não há uma única barreira… O que para um germânico é impensável, para os latinos é evidente: rapidamente ocupámos o caminho em frente ao altar papal.
Enquanto esperávamos pelo Papa aproveitámos o tempo de diversas formas: rezámos o terço, jogou-se xadrez, foram-se conhecendo os companheiros de peregrinação: um jovem sacerdote brasileiro que vive em Roma; um bancário da Baviera (conterrâneo do Papa) que entra de férias amanhã e que, como não fica para o almoço, nos vem oferecer a comida que lhe sobra; um casal de Hamburgo; um grande grupo de Polacos; um pequeno grupo de americanos; milhares de italianos (Italiani batti i germani, dizem eles) Para superar a barreira da língua, mais do que o inglês, há uma língua universal da caridade. Com grande naturalidade se fala do modo de vida cristã de cada um: o que costuma rezar, qual o carisma da instituição a que está vinculado, quais as devoções de cada região…
Os estranhos horários alemães chocam com os hábitos portugueses: já ontem a Via Sacra tinha calhado com a hora do jantar nacional: começou à 19h30 e acabou por volta das 22h00. O mesmo se passa hoje: quando nos preparamos para jantar ouve-se: O Santo Padre está a caminho de Marienfeld! Algum tempo depois a música pára. Nos ecrãs vê-se a imagem do automóvel do Papa, que entra no campo entre as saudações dos peregrinos. Pouco tempo depois, ainda com luz, começa a vigília.
A primeira parte foi uma celebração da Palavra que culminou com o discurso de Bento XVI. Uma vez mais, uma longa introdução analítica a partir do Evangelho que foi proclamado, seguida da conclusão:

Deus é diferente; agora [os magos] dão-se conta disso. E isso significa que agora eles mesmos têm que ser diferentes, têm que aprender o estilo de Deus. […]

Aprendem que devem entregar-se a si mesmos: um dom menor que este é pouco para este Rei. Aprendem que sua vida deve acomodar-se a este modo divino de exercer o poder, a este modo de ser de Deus!

(Bento XVI, Discurso na vigília com os jovens, 20.VIII.2005)

Depois de se referir aos Santos, pronuncia as palavras que arrancam aplausos da multidão:

Os santos, dizemos, são os verdadeiros reformadores. […] só dos santos, só de Deus, provem a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo. No século passado vivemos revoluções cujo programa comum foi não esperar nada de Deus, mas tomar totalmente nas próprias mãos a causa do mundo para transformar suas condições. E vimos que, deste modo, um ponto de vista humano e parcial se tomou como critério absoluto de orientação. À absolutização do que não é absoluto, mas relativo, chama-se totalitarismo. Não liberta o homem, mas priva-o da sua dignidade e escraviza-o. Não são as ideologias que salvam o mundo, mas somente dirigir o olhar ao Deus vivente, que é nosso criador, o garante de nossa liberdade, o garante do que é realmente bom e autêntico. A revolução verdadeira consiste unicamente em olhar a Deus, que á a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E, o que pode salvar-nos senão o amor?

(Bento XVI, Discurso na vigília com os jovens, 20.VIII.2005)

Depois, num intermezzo entre a celebração da palavra e a adoração eucarística, um malabarista reza de um modo muito especial: faz malabarismo diante da imagem de Nossa Senhora.

Após adorarmos a Eucaristia e recebermos a Bênção do Santíssimo Sacramento despedimo-nos do Papa.

A noite está fria e húmida, mas não choveu e o céu parece mais limpo. Marienfeld já não é um conjunto de quadrados de 100 x 100 metros de relva: neste momento são quadrados de 100 x 100 metros de sacos-cama. Quando saímos dos caminhos tiramos os sapatos, e vamos até ao nosso saco-cama pisando o tapete dos milhares de sacos-cama que nos rodeiam. Os ecrãs deixaram de dar imagem: dão apenas indicações sobre gente perdida. Nas colunas de som deixaram de soar os cânticos e dos avisos. O silêncio em Marienfeld convida a alguns momentos de oração na tenda do Santíssimo (montada ao fundo do campo) e ao descanso.

19.8.05

JMJ IV - As Catequeses

O dia de hoje foi bem mais calmo. Para já, dormimos até mais tarde. Depois, tivemos a grande sorte de ter a catequese muito perto dos alojamentos. Finalmente, os atrasos no almoço obrigaram-nos a uma longo piquenique num jardim da cidade, durante o qual alguns chegaram a dormir a sesta.
As catequeses são momentos importantes das JMJ: durante as manhãs, bispos de países que falam a mesma língua pregam sobre um tema: as modalidades são distintas, de acordo com cada bispo. No caso do nosso grupo, o arcebispo de Brasília convidou-nos a participar com o nosso testemunho sobre o tema da catequese. Um momento emocionante foi aquele em que D. João Braz agradeceu a João Paulo II o carinho especial que devotou aos jovens: na igreja ressoou um enorme aplauso, ao qual o bispo respondeu mostrando a fotografia do falecido papa que o acompanhava na sua bolsa de peregrino.
Seguiu-se a Eucaristia, com cânticos tradicionais da Igreja do Brasil (e alguns de Portugal).
Ao fim da tarde reunimo-nos novamente na igreja para celebrar a Via-Sacra. Estava previsto que se celebrasse pelas ruas da paróquia, mas a instabilidade do tempo levou a que ficássemos pelo interior do templo.
O sol sorridente de ontem desapareceu, e o céu está nublado, coisa que nos preocupa, porque amanhã partiremos “de armas e bagagens” para Marienfeld, a esplanada onde durante dois dias, decorrerá a vigília e a Missa final destas Jornadas. O Cardeal Meisner, arcebispo de Colónia, colocou uma vela diante de uma imagem muito popular de Nossa Senhora, pedindo o bom tempo. Alguns do grupo dizem com uma confiança inabalável; Não vai chover! E se lhes dizemos Pelo sim pelo não, vou levar um impermeável!, perguntam: Para quê? Não vai chover!
Pela minha parte, já estou a preparar-me para uma molha monumental e dois dias de roupa molhada… e para as constipações entre alguns do grupo. Até é uma manifestação de carinho pelo Papa apanhar uma constipação para poder ouvi-lo. Mesmo assim acredito que pode haver um milagre, e vou repetindo, como os miúdos: Nossa Senhora da Conceição: faça sol e chuva não!
Uma última nota: ainda conto perguntar a algum dos alemães porquê tanta devoção a Sto. António nesta terra! Por estas bandas, talvez por influência luterana, nas Igrejas não há muitas imagens de santos. Um crucifixo num lugar central, uma imagem de Nossa Senhora mais ou menos destacada… mas quase não se vêem imagens de santos. Uma excepação curiosa é Santo António, que já encontrámos em quatro igrejas, incluindo a Catedral! É sempre bom encontrar um conterrâneo ilustre!

18.8.05

JMJ III - Bento XVI

Deitar cedo e cedo erguer...
Este ditado não foi feito para as JMJ! Ontem era já bem tarde quando chegámos a Colónia. Hoje, às 7h30, estava prevista a oração da manhã. De modo sensato, o pároco decidiu mudá-la para as 8h00, mesmo com o risco de chegarmos tarde às catequeses.
O dia de hoje destacou-se pela chegada do Papa: a partir da hora do almoço as margens do Reno começaram a encher-se de gente. Muitos já lá estavam desde a manhã, à espera de Bento XVI, que atravessou a cidade num passeio fluvial. Do barco, em frente a um meandro do Reno, falou pela primeira vez aos jovens reunidos em Colónia:

Durante estes dias, podereis fazer de novo a experiência comovedora da oração como diálogo com Deus, pelo qual sabemos que somos amados e o qual, por nossa vez, desejamos amar. Gostaria de dizer a todos com insistência: abri o vosso coração a Deus, deixai-vos surpreender por Cristo! Concedei-lhe o "direito de vos falar" durante estes dias! Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso! [...]

Que caminho empreender? O que é sugerido pelas paixões ou o que é indicado pela estrela que brilha na consciência? [...]

Queridos jovens, a felicidade que procurais, a felicidade que tendes o direito de saborear tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. Só ele dá plenitude de vida à humanidade! Com Maria, dizei o vosso "sim" àquele Deus que deseja oferecer-se a vós.

(Bento XVI, Festa de acolhimento dos jovens em Colónia, 18.VIII.2005)

Os jornais falaram muito deste momento como o teste de Bento XVI: aqui se iria pôr à prova se o novo Papa conseguiria cativar as multidões como o conseguira João Paulo II. Para quem ali esteve, essa questão era pouco importante: se já tínhamos chegado a Colónia era porque o Papa nos movia, fosse quem fosse! De qualquer modo (e essa é uma das duras tarefas de Bento XVI) a comparação era inevitável: em Paris, João Paulo II entrara no Champ de Mars ao som de Oh Happy Days; em Roma fizera um cortejo triunfal entre S. João de Latrão e o Vaticano por ruas pejadas de jovens que o aclamavam; com apenas um gesto galvanizava as massas... Bento XVI atravessou o larguíssimo Reno como um ponto pequeno, difícil de distinguir entre tanta gente que o rodeava no barco; bem mais reservado, não possui o talento teatral do seu antecessor! Mas estas são questões de show!
No essencial, Bento XVI continuou a melhor tradição de João Paulo II, que foi a de saber exigir a quem o ouvia: não propôs um discurso fácil; não iludiu o esforço que é necessário à vida cristã; não deixou de falar em três aspectos que têm sido constantes nas suas alocuções públicas: a Igreja vive da Eucaristia, presença oculta mas real de Cristo; a Igreja é a família dos amigos de Deus, vivos e defuntos; a razão é essencial na descoberta do bem!
Se o discurso do Papa não foi interrompido pelos aplausos, como acontecia com João Paulo II, não se trata de que ele não seja interessante. Mas é diferente: Bento XVI parte da exegese dos textos bíblicos, passando por esclarecimentos etimológicos ou teológicos para, no final, fazer convergir todo esse aparato numa conclusão clara. Resumindo: é mais magistral que teatral.
Bento XVI sabe bem que uma pausa ou um a exclamação são um convite ao aplauso. Mas o Papa não veio a Colónia para dar show! Está aqui connosco – repete – para O adorar! Esse é o lema dos próximos dias: Venimus adorare Eum!

Far-me-ei agora peregrino à catedral de Colónia para ali venerar as relíquias dos santos Magos [...] Estas relíquias mais não são do que o sinal frágil e pobre do que eles foram e do que viveram há tantos séculos. As relíquias orientam-nos para o próprio Deus; de facto, é Ele que, com a força da sua graça, concede aos seres frágeis a coragem de o testemunhar diante do mundo.

(Bento XVI, Festa de acolhimento dos jovens em Colónia, 18.VIII.2005)

O barco passou, e nós dirigi-mo-nos à catedral para a nossa peregrinação. Enquanto nos aproximávamos do centro da cidade, um cordão policial e as multidões agrupadas ao lado da estrada revelam que o Papa vai passar por ali: não apenas os peregrinos vindos de fora, mas também os habitantes de Colónia aguardam, com expectativa, a sua passagem. A frieza alemã não é indiferença: quando o cortejo papal passa, apesar de não de ouvirem os efusivos gritos latinos, ouve-se um grande aplauso nas janelas das casas e dos escritórios do centro da cidade. Será para o vice-Cristo? Será para o compatriota que, após 500 anos, voltou a levar a Germânia ao sólio pontifício?
No meio destas cogitações retomamos o nosso caminho para a catedral. É de noite: a imagem dos peregrinos a subirem, em silêncio, a escada, fica-me gravada na memória. Após entrar, a catedral está cheia de gente. Como não há luz no exterior, não nos perdemos a contemplar os vitrais. A multidão vai-nos empurrando, devagar, para o deambulatório, onde nos detemos diante do triplo sarcófago dos sábios do oriente.

Convidando-nos a venerar os restos mortais dos mártires e dos santos, a Igreja não se esquece que, em última análise, se trata realmente de pobres ossos humanos, mas de ossos que pertenciam a pessoas visitadas pelo poder vivo de Deus. As relíquias dos santos são vestígios daquela presença invisível mas real que ilumina as trevas do mundo, manifestando o Reino dos céus que está dentro de nós. Elas bradam connosco e por nós: "Maranatha! Vem, Senhor Jesus!".

(Bento XVI, Festa de acolhimento dos jovens em Colónia, 18.VIII.2005)

É quase meia-noite quando regressamos ao nosso alojamento: a espera pelo duche (relembro que somos 300 para 2 chuveiros), a ceia oferecida pelos voluntários, a troca de impressões sobre o dia atrasam ainda mais a hora de deitar...

Deitar cedo e cedo erguer...

Este ditado não foi feito para as JMJ!

17.8.05

JMJ II - "A esta hora, em Portugal ainda é ontem"

Quando, em Colónia, estamos entre a meia-noite e a uma da manhã, em Portugal ainda é ontem!
Mal começou a nossa participação nas JMJ e já se revivem todas as experiências de outros anos: a universalidade da Igreja (connosco estão franceses, canadianos, norte-americanos…); a recepção generosa dos voluntários (que estão aqui a oferecer uma ceia acompanhada por um chá bem quente); a abnegação dos peregrinos (penso isto enquanto espero por um duche livre: há dois chuveiros para 300 pessoas!!!).
As JMJ são uma mistura de muitas emoções e muito cansaço! No meio de tudo isto, vamos procurando que a cabeça se mantenha lúcida: só assim podemos estar bem despertos para aprender algo nesta peregrinação!
Não se correrá o risco, tantas vezes, de que estas manifestações multitudinárias da fé se transformem num espectáculo religioso em que dominam as emoções? É sem dúvida um risco: mas um risco que vale a pena correr:
- por um lado, porque somos humanos, há que usar as emoções:
I am only a man: I need visible signs.
I tire easily, building the stairway of abstraction.
Many a time I asked, you know it well, that the statue in church
lift its hand, only once, just once, for me.

Czeslaw Milosz

- por outro lado, também porque somos humanos, há que controlar as emoções: por isso há que descansar bem... Eis a razão que me leva a abandonar agora estas considerações: duche e dormir, porque amanhã cedo começam as catequeses! Só assim aproveito as JMJ, evitando que a emoção, em vez de degenerar na alienação, se converta em verdadeira peregrinação!

16.8.05

JMJ - XX Jornada Mundial da Juventude

João Paulo II convocou a XX Jornada Mundial da Juventude para Colónia, cidade em que, de acordo com a tradição, se conservam as relíquias dos Reis Magos. JPII partiu mas Bento XVI confirmou a sua presença logo no início do seu pontificado. Enquanto o Cardeal Joachim Meisner está a presidir à cerimónia de abertura eu vou fechando as malas, para apanhar um avião para a Roma dos próximos dias: de 5ª a Domingo estará aí a sede do Papa... e nós a escutar!
Para quem não vai, aqui ficam algumas sugestões:
O Centro Televisivo Vaticano vai transmitir as cerimónias todas no site do Vaticano (aqui);
A RTP transmitirá a Missa de encerramento no Domingo, dia 21, a partir das 8:30 (acgradece-se a iniciativa do Sr. nrbrito, que levou a estação pública a reconsiderar a sua decisão inicial de não transmitir o evento em que participam mais de 3000 portugueses).
Quem quiser saber mais informações pode visitar o site oficial.

10.8.05

Testemunhos da Esperança: Lourenço

Hoje é dia de S. Lourenço, aquele diácono a quem foi exigido que entregasse aos funcionários imperiais as riquezas da Igreja! Perante tal solicitação, o santo apontou para a multidão de pobres e doentes de Roma que se tinha reunido no tribunal: esses, a quem distribuira os bens tantos bens, eram o verdadeiro tesouro da Igreja!
Este facto terá motivado a forma particularmente cruel de martírio a que foi submetido, na grelha com que é costume representá-lo. Aqui se apresenta, no entanto, uma representação alternativa que destaca a caridade do deão da Igreja de Roma.

1.8.05

Diz Solzhenitsyn que...

Os erros da consciência humana, privada da sua dimensão divina, foram um factor determinante em todos os maiores crimes deste século, (séc. XX), que tiveram início com a Primeira Guerra Mundial que foi a origem das nossas piores desgraças. Essa guerra teve início quando a Europa, que então gozava de uma saúde excelente e nadava na abundância, caiu num arrebatamento de automutilação que minou a sua vitalidade ao longo de, pelo menos, um século e, talvez, para sempre. Essa realidade só tem explicação no eclipse mental dos lideres da Europa devido à perda da convicção de que, acima deles, existe um Poder Supremo.

Solzhenitsyn, citado por George Weigel, Política sin Dios, Ediciones Cristiandad