13.12.07

Iguais, Diferentes, Complementares

Desde o início da Humanidade sempre se entendeu que ela é formada por homens e mulheres. De modo particular nos 2000 anos de Cristianismo, com algumas variantes que reflectem sensibilidades culturais de época, aceitou-se que o homem e a mulher possuem a mesma natureza de pessoa formada por corpo e espírito e são iguais em dignidade.

Simultaneamente são diferentes quanto ao corpo e ao modo de encarar a vida.
Em realidade somos mais iguais que diferentes, visto que a diferença se reduz a 3% - XX ou XY - presentes em cada célula do nosso corpo, todas elas sexuadas. Esta pequena percentagem potenciada pelas glândulas endócrinas define a masculinidade e a feminilidade e influi em todos os aspectos da personalidade masculina e feminina.

Esta realidade torna o homem e a mulher, cada homem e cada mulher, iguais, diferentes e complementares. Complementares e, naturalmente fecundos, não apenas no âmbito da reprodução mas, também, no que respeita à cultura, às artes, à ciência, à política, à sociedade…

Urge acabar com a imagem de que a humanidade é formada pelas duas partes da mesma laranja cortada que se voltam a unir. A realidade não é um que se transforma em dois pela divisão mas dois, iguais em dignidade e complementares, que se transformam em um pela união.

Ser complementar não significa:
Subordinação de um ao outro. A Diferença orienta para uma complementaridade solidária.
Distribuição de virtudes ou qualidades. A especificidade pessoal faz vivê-las, a cada um(a), de forma única e irrepetível. As virtudes são para todos cabendo a cada um(a) desenvolver a sua vivência de acordo com as capacidades que possui.
Distribuição de papéis sociais. Necessário é que o homem e a mulher participem em todas as vertentes da sociedade humana cooperando e enriquecendo-as com a sua especificidade.

Por ser contrário à Natureza Humana, que sempre acaba por rebelar-se, o respeito pela Igual Dignidade de cada sexo, não se alcança pela imposição legal de opções ideológicas de momento, pese embora a acção educativa da lei.
Com efeito, apesar dos esforços:
O desemprego das mulheres é superior ao dos homens;
O desemprego de longa duração penaliza, em elevada percentagem, as mulheres;
A presença de mulheres nos conselhos de administração ou nos quadros superiores de direcção das empresas é manifestamente inferior ao dos homens;
As mulheres que vivem em situação de pobreza são, em número muito mais elevado, que o dos homens.
Consequentemente, esta “Igualdade” é, sempre, lesiva do interesse da mulher.
Tema que deve merecer atenção muito particular, pela sua importantíssima função social, é o da maternidade. O seu peso não pode cair exclusivamente sobre a mulher, sobre a família, sobre a empresa. A Sociedade, e o Estado que tem por tarefa promover o Bem-Comum de todos os cidadãos, não cumprem a sua obrigação se não apoiarem políticas de Família realistas e eficazes; se persistirem, como acontece, em ver a Sociedade través de lentes exclusivamente masculinas.

A Paternidade e a Maternidade não se esgotam na geração e educação dos filhos. Ela exerce-se, também na defesa e promoção de novas soluções legislativas, políticas, laborais, culturais, económicas…que as possibilitem.
Os princípios de doutrina social não podem reduzir-se a um conjunto de propostas abstractas, mas devem, encarnar, tornar-se vida exigente, em cada um dos cidadãos. Consequentemente construir uma Sociedade onde seja possível a conciliação de “famílias com pais e sociedade com mães”. (Blanca C. Cortázar)

Difícil? Talvez não. Há um antigo ditado que diz que “se cada um limpar a porta de sua casa toda a rua ficará limpa”. A bola está, pois, do nosso lado.