15.9.09

As Ideologias e a Família

Pode definir-se Ideologia como um sistema de ideias coerente que pretende explicar a realidade sem a ter em conta, sem respeitar a natureza das coisas e das pessoas.

Consequentemente “a natureza real das coisas fica submetida a uma servidão no que respeita às instâncias que determinam uma ideologia – interesses de grupo ou de pessoas” (Francisco Altarejos). A ideologia não procura a verdade; utiliza-a e altera-a ao sabor das conveniências: “não interessa a realidade, interessa modificá-la.” (Karl Marx).

Como as ideologias negam a natureza esta passa a ser vista, apenas, como mercadoria, como possibilidade de lucro a explorar, como – na natureza humana - objecto de reengenharia social. A verdade passa a ser apenas opinião e a dimensão pessoal do homem é encarada:
a) No individualismo como parte de um conglomerado de “realizadores de contínuos actos livres sem quaisquer compromissos, centrados na espontaneidade dos seus apetites e do seu egoísmo.” (O. F. Otero);
b) No colectivismo o homem é reduzido a partícula do colectivo, a peça de engrenagem, desvalorizado e, consequentemente despersonalizado;
c) No materialismo hedonista o bem-estar material é o critério para avaliar a “qualidade de vida”. A entrega, o serviço aos outros, o esforço e o sacrifício como caminho de melhora pessoal e alheia deixou de ter sentido devido à perda dos valores espirituais;
d) No ecologismo radical que defende ao extremo a Natureza mineral, vegetal e animal mas pretende alterar a Natureza Humana pois não aceita a sua realidade e procura criar um “homem novo” à imagem e semelhança do seu ideal.

Todos, por uma união de interesses, ao mesmo tempo que lutam violenta e intolerantemente contra o milho transgénico, contra quem destrói um ovo de cegonha ou não luta contra o aquecimento global, exigem tolerância para atentarem contra a natureza humana impondo, como progresso, o aborto, a anticoncepção e a fecundação artificial, a clonagem, a homossexualidade, o “casamento gay”, a eutanásia…
Estas formas de totalitarismo são manifestações de um novo maniqueísmo intolerante para tudo o que não seja o seu projecto de criação de uma “nova sociedade”, cujas raízes programáticas estão bem expressas no Relatório Kissinger, nas actuais políticas antinatalistas da ONU, na tentativa de impor novos “direitos humanos” e o sincretismo religioso, …

A necessidade de encontrar substituto para as raízes que negam explica que as ideologias se transformem numa pseudo religião fascinante.
As causas deste fascínio radicam muitas vezes na nossa cumplicidade, na nossa renúncia à condição de ser pensante, na nossa falta de vontade, no esquecimento das nossas possibilidades de melhora pessoal.

Fundamental é descobrirmos onde está a felicidade. Estará no prazer passageiro? Na posse caprichosa de “pequenos nadas”, de dimensão variável que, pela sua pouca durabilidade deixam, sempre, um desconfortável vazio? No êxito pessoal, nos muitos “amigos”, no sucesso do “executivo” sempre temeroso de não alcançar os “objectivos” e ser ultrapassado pelo concorrente? Correr sempre atrás do fugidio satisfaz a natureza humana?
Tudo isto sabe a pouco. Não estará a felicidade humana noutro plano? Num plano superior correspondente à dimensão espiritual de cada mulher e de cada homem? Não será necessário que voltemos a rasgar o tecto que nos separa do sobrenatural?

A Família é a primeira sociedade humana, exemplo para todas as outras onde cada um vale e é aceite em razão do seu ser pessoal, não pelo que tem ou produz. Consequentemente ela é a primeira e principal escola de humanidade e, também, o principal bastião contra qualquer totalitarismo. Por isso incomoda tanto.
È responsabilidade de cada mulher e de cada homem defender a verdade da instituição familiar, voltar às raízes esquecidas. Porque dessa decisão corajosa depende o futuro dos nossos filhos e, também, o da Humanidade