24.10.07

A Família De Fundação Matrimonial

Quando um homem e uma mulher decidem, em consciência e liberdade, unir as suas vidas para realizar o conjugal fundam uma família. Ao manifestarem essa decisão – o consentimento matrimonial – estabelecem um Pacto gerador de um Vínculo que os une enquanto viverem. Pelo consentimento matrimonial cada um dos contraentes se entrega e é recebido pelo outro. E essa entrega e recebimento confiados faz com que cada um seja responsável pela pessoa do outro ajudando-o a crescer como pessoa e a alcançar as metas para que está vocacionado. Não como “eu quero”, não como “eu gostava e sonhei” mas como ele(a) está chamado(a) a realizar-se como ser único e irrepetível que é. Por esse motivo, o compromisso matrimonial torna-se uma obrigação devida e de vida. Para toda a vida.

Um raio pode atear um incêndio. Mas se o fogo não for alimentado acabará por se apagar. E o fogo, para quem quer mantê-lo vivo, alimenta-se com troncos, cavacas, lenha miúda, papéis e folhas secas…às vezes, também, com lixo. O mesmo se passa com o Amor. Este alimenta-se, no dia a dia, fazendo exercícios de realidade: pequenos gestos, atenções, colaboração esforçada, agradecimento, optimismo, bom-humor, arrependimento, reparação, perdão...

Família de fundação matrimonial por um homem e uma mulher. Porque só as características próprias de cada cônjuge, físicas e espirituais, garantem a complementaridade natural dos vários aspectos que permitem a ajuda mútua e a geração e educação de novas vidas com o consequente estabelecimento das naturais relações de paternidade e maternidade, de filiação e irmandade… A Natureza é o que é e não há volta a dar-lhe. A não ser que os cidadãos aceitem, resignados, limitar-se ao exercício de práticas sexuais infecundas confiando ao Estado a procriação, em laboratório, das futuras gerações, em quantidade e qualidade, à medida dos seus superiores interesses. E com as técnicas da chamada Procriação Médica Assistida esta é uma realidade que se perfila no horizonte.

O seu a seu dono. A justiça consiste em dar a cada um aquilo que lhe pertence. Por isso, tratar igualmente a desiguais é faltar à justiça que é devida a ambos.
Meter debaixo da capa prestigiada da Família realidades que o não são é faltar à verdade e manipular a inteligência do cidadão. É uma operação cosmética semelhante à do aproveitamento, pelo marxismo-leninismo da palavra Democracia para designar como Democracia Popular os regimes totalitários que difundiu pela face da Terra. Que motivo impede de qualificar estas “novas” realidades de relacionamento sexual com uma designação original?

Ao longo da História, de Platão aos nossos dias, sempre que os ideólogos tentaram atribuir ao Estado funções que não lhe pertencem, - tornando-o Totalitário, desumano e inibidor da Liberdade -, tentaram destruir a Família apresentando essa pretensão como Progresso. Eles sabem, claramente, que ela é, apesar dos pesares, a primeira escola de humanidade, de valorização da pessoa humana aceite pelo que é e não pelo que produz, de liberdade responsável, de convivência criativa e solidária... Consequentemente, pelo simples facto de existir, ela é um fortíssimo baluarte de oposição aos seus intuitos de controle da Sociedade.
Por isso há que estar atento aos sinais que se notam por aí. Os governantes são eleitos para governar em prol do bem comum, não para nos imporem as suas convicções pessoais. Quando um cidadão precisa de conselho procura um especialista em quem confie: um médico para um problema de saúde, o advogado ou notário para um assunto legal, o moralista para formar a consciência… Não o político de turno. Com evidentes vantagens para o cidadão e para a Democracia.

11.10.07

O Afã de Abolir a Família

É corrente ouvir-se falar de “novas formas de família” e não deixa de ser interessante constatar que, por pragmatismo, embora com objectivos claramente diferenciados, o Materialismo conseguiu unir na mesma luta contra a Família, Capitalistas, Hedonistas, Ambientalistas, ideólogos Marxistas e Feministas radicais.

O Capitalismo, motor da Globalização, preocupado com a ameaça que, para o seu poder, constituem os grupos de imigrantes e a reacção da população dos países detentores de matérias-primas à sua exploração desenfreada pelos países ricos, é um dos principais responsáveis. O seu espírito está bem expresso no Memorandum 200, cujo principal redactor foi Henry Kyssinger. Aí se afirma que: “os gastos para o controle da população podem ser muito mais eficazes do que os que procuram aumentar a produção através de investimentos directos em instalações de irrigação, indústrias e projectos energéticos” (§ 53).

O Hedonismo, porque o bem-estar é, para os seus seguidores, objectivo prioritário mesmo à custa do sofrimento e do mal-estar alheio. Daí que os filhos sejam um incómodo encargo, o sofrimento intolerável, a visão da morte, de alguém doente ou incapacitado um pavor.
Algumas formas de Ecologia fundamentalista, no seu desesperançado temor pelo desequilíbrio ecológico da Terra, optaram por proteger espécies em extinção promovendo, simultaneamente, o desequilíbrio das estruturas etárias humanas; esquecendo que a pessoa humana é “o primeiro recurso”.

O Marxismo entende que diferença é sempre desigualdade e que desigualdade se identifica com opressão. “A primeira luta de classes coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher unidos em matrimónio monogâmico, e a primeira opressão de uma classe por outra é a do sexo feminino pelo masculino” (Engels).
A evolução da sociedade fez perder à Esquerda as suas bandeiras tradicionais. Por falta de capacidade, não soube levantar outras das muitas que a sociedade contemporânea necessita sejam erguidas. Desacreditado o “sucesso” comunista empenha-se, agora, em “desconstruir” a sociedade esperando construir uma nova Utopia.

O Feminismo radical age pretendendo libertar a Mulher desencarnando-a da sua Natureza. “O colapso da revolução comunista na Rússia ficou a dever-se ao fracasso de destruir a família que é a verdadeira causa da opressão psicológica, económica e política. Mamã é uma instituição sem a qual o sistema se destruiria ” (Shulamith Fireston)

As consequências – politicas económicas e sociais – destas decisões já se fazem sentir e, a seu tempo, recairão sobre as gerações vindouras.

A Família é, numa excelente definição de Villadrich “ a sociedade natural onde se nasce, se cresce e se morre como pessoa”. E a Natureza dificilmente aceita a alteração das suas leis.

A realidade é aquilo que é. E por isso há que estar atento e não ouvir “o canto da sereia”. Porque, um político pode legislar que a Lei da Gravidade não existe. Mas se algum cidadão, confiado na letra do Legislador, se lançar do alto de um edifício não deixa, por isso, de se estatelar no solo. Com as consequências e o sofrimento previsíveis.