30.6.06
19.6.06
Ainda não acreditam? (II)
Em comentário ao meu post Ainda não acreditam?, RCL colocou a seguinte questão:
RCL pediu desculpa por se alongar no comentário. Não tinha que o fazer porque, como se vê, além de este ser um tema que me é caro, é um tema que merce reflexão serena e ponderada, pelo que me alongarei um pouco mais sobre ele (se a caixa caixa de comentários tiver algum limite, será apenas devido ao Blogger.com).
Todos nós avaliamos a competência de quem está a prestar-nos serviços especializados. Por exemplo: eu não sei muito de informática, pelo que me vejo, com frequência, na necessidade de recorrer a técnicos especializados. Se eles resolverem as minhas dificuldades, então eu avalio o seu trabalho de especialistas mantendo o contrato e divulgando a empresa entre os meus conhecidos. Se eles não resolverem as minhas dificuldades há duas hipóteses: ou me convencem de que elas não podem ser resolvidas, e aí o problema é meu, ou eu consigo resolvê-las por outra via, e aí o problema é do técnico e da empresa, pois eu deixarei de recorrer aos seus serviços e deixarei de os recomendar quando me pedirem conselho.
Portanto, perante a questão lançada, só cabe uma resposta: questionar a competência de quem presta serviços especializados deve passar pela cabeça de todos os que estão insatisfeitos com o serviço prestado. Daí, decorrem duas considerações:
1) Quando me afirmarem que os pais são incompetentes em matéria educativa e que os professores são os técnicos especializados de educação vão ter que convencer-me de que é impossível educar melhor do que se educa em Portugal ou, então, eu irei procurar alternativas para a educação. Esta segunda via é a dos pais que vão procurar alternativas no ensino particular. E devem estar satisfeitos, porque as escolas de prestígio têm listas de espera. Bem sei que o sistema fica distorcido pelo facto de apenas os pais com recursos poderem pagar a escola particular. Mas as experiências de outros países mostram que a liberdade de escolha de escola favorece todos os intervenientes de um sistema educativo: entre os numerosos estudos sobre este tema destacaria Public and Private Secondary Education in Developing Countries, de Emmanuel Jimenez e Marlaine E. Lockheed, que recolhe dados de diversos países, apontando sempre para essa conclusão.
2) Os cargos políticos (principalmente os governativos) são serviços especializados: as tarefas de elaborar um orçamento ou de discutir política externa não me parecem menos especializadas que a de dirigir uma turma ou uma escola. Ora: nós confiamos a avaliação dessas tarefas à maioria dos cidadãos, num sistema em que conta tanto o voto dos técnicos como o dos analfabetos. Por isso referi que não se pode pensar em indivíduos que sejam simultaneamente incompetentes para decidir o futuro dos seus filhos e competentes para decidir sobre o futuro da sociedade. O século XX foi pródigo em sistemas políticos em que também se questionava porque havia que passar pela cabeça de alguém outra coisa senão admitir a competência de quem governa. E bem sabemos como foram tratados, tantas vezes, aqueles a quem passou pela cabeça que os governavam eram incompetentes.
Chamo a atenção para o facto de, até aqui, ainda não ter defendido nenhuma forma concreta de avaliação dos professores além do “mercado educativo”. Uma vez que a privatização do sistema educativo me parece estar totalmente fora de discussão, podemos, no entanto, sonhar com escolas mais autónomas, com projectos educativos concorrentes que, longe de hostilizar os pais, procuram ganhá-los para a sua causa.
Nota 1 – Eu sou professor e posso assegurar que o contacto com os pais tem sido, conjuntamente com os conselhos dos colegas, o factor mais importantes na identificação e correcção das falhas da minha actividade docente. Houve pais e colegas que defraudaram? Sem dúvida! Mas eu prefiro recordar os outros, pois são a larguíssima maioria!
Nota 2 – António Borges escreveu ontem, no Público, um interessante artigo sobre a relação entre a avaliação e a actividade docente (o link só está disponível para assinantes). Só não o subscrevo inteiramente porque, ao contrário do que aconteceu com outras medidas polémicas da ministra, tenho sérias objecções ao novo Estatuto da Carreira Docente.
15.6.06
O "erro" da Sra. Ministra
"Há sindicatos capturados por partidos e que têm uma agenda que não é a educação", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, no final da reunião do Conselho de Ministros.Questionada sobre a quem se referia, a ministra da Educação foi clara: “Estava a falar da Fenprof”.(Público, 15 de Junho de 2006)
10.6.06
Bem necessário é o Dia de Portugal
O Google presta a seguinte homenagem a Portugal:
O Expresso e o BES põem Portugal a prestar-lhes a seguinte homenagem:
Nos EUA, a bandeira é trocada em todos os edifícios públicos a 4 de Julho de cada ano, independentemente do seu estado de conservação.
Em Portugal, a bandeira é estampada com publicidade...
8.6.06
Politics of Skepticism
I am a democrat because I believe in the Fall of Man... Mankind is so fallen that no man can be trusted with unchecked power over his fellows.
(C. S. Lewis, no site do Acton Institute)
5.6.06
Ainda não acreditam?
Os sindicatos de professores manifestaram-se contra a participação dos pais na avaliação dos professores. Obviamente! Os sindicatos acham que, em educação, quem sabe são os professores. A tarefa dos pais deve resultar deste estado intermédio do desenvolvimento humano em que ainda não generalizámos a decantação dos seres humanos, ao jeito do que Huxley descreveu no Admirável Mundo Novo. No futuro, quando a sociedade estiver mais perfeita, a sexualidade será definitivamente dissociada da reprodução e as crianças não serão obrigadas a nascer nessa instância conservadora que é a família. O Estado será o grande protector de todos e técnicos especializados de educação garantirão o sucesso educativo de todos os cidadãos na etapa de formação.
Talvez pensem que ironizo? Mas não! Sempre que se fala em reforçar as competências educativas da família, os sindicatos (e grande parte da esquerda) fala da incompetência dos pais seja para avaliar os professores, seja para escolher a escola, seja para opinar sobre o currículo... Obviamente que quem assim pensa, não pode pensar simultaneamente em que esses mesmos pais (incompetentes para decidir o futuro dos seus poucos filhos) são competentes para decidir sobre o futuro da sociedade em eleições democráticas...
Ainda não acreditam que as vanguardas são vanguardas do totalitarismo?