12.2.07

2ª Variação sobre um tema de Teresa de Sousa

Quando Teresa de Sousa escreveu, no Público, que a defesa da vida pela Igreja não se devia tanto à precupação da Igreja com a vida mas ao medo em fazer perigar o seu dogma, variei aqui sobre o tema: parece que o negativo desse pensamento é bem mais sério, ou seja, que a defesa da liberalização do aborto não se prende tanto com a defesa das mulheres, mas com a tentativa de dar uma estocada séria na Igreja.
No Blue Lounge, o Rodrigo Adão da Fonseca elencou estes clamores de vitória do "Sim", que parecem confirmar a minha intuição:
Lendo o que se escreve pelos blogues mais relevantes constata-se, sem dúvidas, que afinal não estava em causa a penalização das mulheres. O que se escreveu sobre elas? Pois, o importante era impor à Igreja Católica uma grande derrota (Causa Nossa), promover a dissolução dos costumes (Arrastão), permitir que alguns deixassem de ter pesadelos à noite, dissipando aúreas obscurantistas, dar uma vitória ao Estado Secular (Sim no Referendo), uma vitória à laicidade (Bichos Carpinteiros). No fundo, o povo achincalhou a Igreja Católica (Diário Ateísta) e outras tretas que tais.

(Rodrigo Adão da Fonseca, "Afinal não estavam assaltados pela realidade")

Só discordo num ponto: porque razão colocar o "Diário Ateísta" entre os "blogues mais relevantes"?

Desonestidade Política

Algumas frases de ontem, 11 de Fevereiro de 2007!

José Sócrates, no seu discurso, afirma que o aborto, dentro dos quadros da pergunta do referendo, deixa de ser “crime”!
Afinal não era só despenalização o que se propunha na pergunta do referendo? A pergunta já não é, agora, tão clara quanto lhe parecia inicialmente? Já não é necessário respeitar o referendo? Despenalização é sinónima de descriminalização? (ainda estou à espera que algum jurista me diga que ambas as palavras têm o mesmo significado)

Jorge Sampaio afirma que a pergunta colocada no referendo era uma questão simples de “código penal”!
Afinal não era uma questão complexa de saúde pública?

Uma das defensoras do Sim (ainda bem que não me recordo do nome), afirmava que a partir de agora as mulheres podiam, em igualdade, escolher livremente o método de contracepção!
Afinal, eram ou não contra o aborto em toda a sua essência?

Isto é desonestidade política e, sobretudo, MENTIR descaradamente. Quantos dos que votaram "Sim" não se deverão sentir agora enganados pelas aldrabices que lhes foram transmitidas pelos seus mentores...
Mas, mais vergonhoso, é que esta gente já nem se preocupe com deixar acalmar os ânimos e revela a sua falsidade de imediato na própria noite do referendo.
Numa só palavra: INDECENTES!

11.2.07

A VIDA continua...

Cumpri contra o Destino o meu dever.
Inutilmente? Não, porque o cumpri.

(Fernando Pessoa, "D. Duarte", Mensagem)

Boas notícias

Do outro lado do Atlântico, chega esta notícia:

By a vote of 19 to 10, the Utah Senate passed the universal school voucher bill this afternoon. House Bill 148 made its way through the House last week and was highlighted by the Wall Street Journal on Monday. The bill will now be sent on to the Governor for his signature.

(Newsletter da Friedman Foundation)

Para quando encarar uma verdadeira reforma do ensino em Portugal, garantindo a igualdade de oportunidades na escolha de escola e na concorrência entre escolas?

10.2.07

Período de Reflexão

9.2.07

Post dedicado

(eles sabem a quem...)

3.2.07

Carta ao Director do Público

Em relação ao referendo ao aborto, a Direcção Editorial do Público informou, em 28 de Janeiro, que "não toma posição neste debate" e que a opinião dos jornalistas e membros da Direcção Editorial será publicada, se estes assim o entenderem, em espaços "claramente demarcados como espaços de opinião e não de informação". (Editorial da edição de 28 de Janeiro).
No entanto a oscilação a favor do “Sim” é manifesta nas páginas em que o assunto é tratado (excluo das minhas contas, por razões óbvias, as rubricas “Face-a-face” e “Para além da Retórica da Campanha” e, por razões não tão óbvias, os artigos de opinião).
Entre os dias 29 de Janeiro e 3 de Fevereiro, foram publicados cerca de 30 artigos sobre a campanha do referendo. Contas por alto, 13 sobre o "Sim", 13 sobre o "Não" e 5 "neutros". (Não contei os da edição 1/II, que dedicava mais de página e meia a exaltar Maria Antónia Palla, pela sua denúncia do aborto clandestino).
Os activistas do "Sim" podiam rever-se em 11 dos 13 artigos publicados pela sua campanha. Os dois restantes não questionaram a campanha do "Sim" nem os seus argumentos, mas a sua ineficácia.
Os activistas do "Não" podiam rever-se em 8: os restantes 5 dedicaram-se a explorar contradições nos argumentos do "Não" e divisões entre os elementos dos movimentos pró-vida.
Dos 5 textos “neutros”, 3 reforçaram os argumentos do “Sim”.
Já sei que eu sou suspeito para esta estatística, pois todos os que me conhecem bem sabem que vou votar "Não". Mas estarão os jornalistas, por ser jornalistas, mais imunes que eu ao sentido do seu voto no momento de escrever sobre o assunto?
Talvez a segunda semana da campanha nos traga uma informação mais serena...

Com os meus mais sinceros cumprimentos...

2.2.07

Mais razões para votar NÃO

1.2.07

Variações sobre um tema...

Há dois dias atrás, Teresa de Sousa escrevia, no Público, que a defesa da vida pela Igreja não se devia tanto à precupação da Igreja com a vida: ela era mais o resultado do medo da Igreja em fazer perigar o seu próprio dogma.
Já agora: porque não variar sobre o tema? Não seria a primeira vez que me ocorre que a defesa de um disparate tão grande como a liberalização do aborto se deve, em grande medida, à sobrevivência de uma corrente anticlerical que pretende destruír a influência da Igreja na sociedade. A sacralidade da vida humana é, talvez, a maior batalha da Igreja neste momento: a contestação dessa sacralidade seria a estocada final...