30.1.06

Coincidências...

Ia escrever hoje sobre a primeira encíclica de Bento XVI. Mas encontrei este post d'O Espectro, em que Constança Cunha e Sá diz:
Ia escrever hoje sobre a primeira encíclica de Bento XVI. Mas, depois do que foi escrito aqui, decidi adiar as minhas considerações para mais tarde.
Assim, também eu decidi adiar as minhas considerações para mais tarde, aconselhando vivamente o post do Portugal dos Pequeninos. Creio que confirma, em grande medida, o texto de Pacheco Pereira surgido no Público no final de Dezembro, e disponível no Abrupto.

29.1.06

Desculpas e compensações…

Quem não tem o Internet Explorer e não gosta de blogs com música, que me desculpe o facto de isto não parar de tocar Mozart (apenas me dei conta disso quando vi este blog no Firefox, mas os meus parcos conhecimentos de html não me permitem solucionar a questão). Assim, resta apreciar um pouco desta soberba ária da Rainha da Noite, interpretada por Eszter Sarah (aqui bem menos soberba que na minha versão, interpretada por Zdzislawa Donat e pela Wiener Philarmoniker dirigida por James Levine).
Para compensar, uma descoberta das berças na blogosfera: o Terras de Azurara.

28.1.06

Cristãos nas Catacumbas (III)

O André Azevedo Alves publicou, n’O Insurgente, um excerto desta notícia, relatando o caso de um sacerdote italiano denunciado por afirmar que Jesus existiu. Intitulou o post com o título Perseguição aos cristãos acentua-se na Europa, título que causou algumas críticas: seria ridículo falar de perseguição aos cristãos.
Infelizmente, não é ridículo: a religião cristã é a mais perseguida em todo o mundo, como revelam um artigo de Março da Spectator (não disponível, mas do qual se pode ler um excerto aqui) ou o relatório da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre sobre a Liberdade Religiosa no Mundo (indicado aqui).

27.1.06

250 anos


W. A. Mozart, A Flauta Mágica, Ária da Rainha da Noite.
(http://www.tempusfoundation.org/media_files/mozart_ov2/wam_ov2_cobra_3.wma)

25.1.06

Deus Caritas Est

Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um «mandamento», mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro.
(Bento XVI, Deus Caritas Est, 25.XII.2005. N.º 1)

E a laicidade do estado?

Os críticos da "América religiosa" têm andado muito silenciosos sobre a tomada de posse de Evo Morales...

24.1.06

Bodegas!

Sugiro esta leitura interessante sobre os resultados das presidenciais, do Bruno Gonçalves, no Bodegas.
(Um Blog sugerido pelo meu amigo Bruno O., com entrada directa para as partidas das Catacumbas.)

23.1.06

"Calvin Bola"

Toda a blogosfera responsável ficou estupefacta com os posts de Vital Moreira na Causa Nossa, ao longo das últimas horas.
Aqui, porém, a surpresa não é grande: há uns dias escrevi aqui sobre a ginástica que a extrema-esquerda consegue fazer, ditando as regras e isentando-se delas, graças a uma suposta superioridade moral. Esse mal (que foi confirmado pelo discurso delirante de Louçã na noite de ontem, capaz de transformar 5% numa vitória) é, em menor medida, comum a toda a esquerda. Isso é óbvio: ao considerar-se musa tutelar da democracia, ela molda-a ao seu gosto. Assim, o facto de haver um Presidente da República oriundo da direita é, para Vital Moreira, um "problema"! Onde a tolerância? Onde o respeito pela legitimidade democrática, que tanto se tem esforçado por desvalorizar, nas referências à vitória fraca.
Para quem conhece bem a última página do Público, estas piruetas da esquerda fazem lembrar o jogo em que a personagem vai criando as regras à sua medida: é o "Calvin bola"!

22.1.06

Viva Portugal!

20.1.06

Portugal Maior!

Ao terminar a campanha, fica mais que claro que Cavaco é o único candidato que convém a Portugal! Olhando para os problemas do país, não sobra qualquer dúvida de que Cavaco é o único que avalia com um mínimo de lucidez as circunstâncias de Portugal no mundo de hoje. Tudo o resto é poesia ou passado. Não é com belas teorias sobre o mar que se vai contribuir eficazmente para um futuro que não é do país abstracto, mas de cada um de nós e dos que vierem depois de nós. O que está em jogo nesta eleição é muito mais do que os próximos cinco anos: é o equilíbrio do debate político da próxima década, evitando a preponderância da esquerda e da esquerda radical no espaço público.
É certo que os poderes presidenciais são limitados. Mas a influência do Presidente é real! E é muito mais salutar para a cultura política portuguesa um presidente do centro que um socialista de discurso radicalizado. É um contrapeso essencial, quando a crise das finanças públicas não dá sinais de passar; quando se anuncia a ruptura da segurança social; quando os empresários são vítimas de uma visão retrógrada dos direitos dos trabalhadores. É um contrapeso essencial quando a China continua a emergir; quando a Europa tem que decidir o seu futuro; quando o Irão ameaça o Ocidente. E sobre qualquer uma destas coisas, apesar do seu pragmatismo e do seu estilo tecnocrático, Cavaco é mais lúcido! Muito menos poético, sem dúvida… mas muito mais lúcido!
Há, também, as considerações morais. Também aí, apesar das ambiguidades, Cavaco é a melhor escolha. Essas questões são menores, no sentido em que são uma manifestação (extrema, sem dúvida, mas uma manifestação) de uma cultura caracterizada pela desvalorização do Homem e da sua liberdade. Por isso, e mais uma vez, a abstenção não ajudará em nada a recentrar o debate cultural, favorecendo os candidatos do discurso radicalizado. A ausência da vida pública dos homens de boa vontade é o pior perigo da democracia!
Finalmente, a campanha de Cavaco é a única que aponta aponta para uma presidência de renovação. Apesar de os seus adversários terem acentuado o seu passado como Primeiro-Ministro, Cavaco é o único candidato que atingiu a maioridade democrática. Os outros insurgem-se infantilmente contra o uso da “Grândola” na sua campanha, revelando como se sentem donos da democracia e patrícios do Portugal livre!
Só que Portugal livre é mais que Abril de 74: Portugal livre é o Portugal dos últimos 30 anos e o Portugal que desejamos para o futuro! Portugal livre é um Portugal Maior!

Da opinião à doutrina

Introdução de uma ficha de trabalho num manual de Biologia do 8ª ano:
Conclusão da mesma ficha:

19.1.06

Os "faixistas"!

Uma das máximas mais marcantes da extrema esquerda durante o PREC foi a ideia de que "não se podiam perder nas urnas as conquistas da revolução!" Afinal, "o Povo que mais ordena" não era bem o Povo, mas a sua vanguarda revolucionária que, independentemente da vontade que ele exprimisse nas urnas, deveria prosseguir a sua missão libertadora do jugo do grande capital. Esta ambiguidade foi habilmente explorada pelo Partido Comunista, que jogou, simultaneamente, no exército e no Parlamento, de modo a não ficar excluído nem da ditadura do proletariado nem da democracia burguesa.
Passados trinta anos, o PCP consegue transformar o Pavilhão Atlântico no maior Centro de Dia Nacional (com as carrinhas dos municípios alentejanos a permitirem um programa de Domingo com compras no Vasco da Gama e show com Jerónimo de Sousa).
Os verdadeiros herdeiros do PREC estão, agora, no Bloco. Como vanguarda do proletariado, eles sabem muito bem que é preciso manter a imagem do Estado de Direito, pelo que se dedicam longamente ao discurso moralista, invocando a sua pureza contra a corrupção do sistema. Mas, por outro lado, acabam a justificar todas as formas de desrespeito da livre expressão de opinião dos outros. Assim, os deputados incorruptos do Bloco vestem t-shirts pró-aborto no plenário e aprovam as faixas dos sindicalistas nas galerias quando está em votação o código do trabalho. Louçã comenta a sexualidade de Portas mas mantém o direito a insurgir-se se Santana comentar a sexualidade de Sócrates.
Ontem, em Coimbra, o Bloco voltou a fazer das suas: um grupo dos seus jovens apoiantes contra-manifestou-se na Praça onde decorria a acção de campanha de Cavaco Silva. ostentando uma faixa com lugares-comuns do Das Capital. Provocou, levou, e ainda se queixa de atentado à liberdade de expressão.
O mais provável é que Louçã não saiba nada das iniciativas imbecis dos seus jovens apoiantes. No entanto, foi pena não o ter ouvido repudiar tal comportamento. (As fidelidades no Bloco também não conseguiram uma crítica severa ao Querido Líder quando ele deslizou no direito de Portas a falar sobre a vida). No entanto, este é o modo próprio de actuar do Bloco, faz parte da sua natureza. Mesmo que Louçã seja sério, os seus apoiantes são gente perigosa. Imagine-se um Bloco no poder, em coligação, a fazer a tripla jogada no Conselho de Ministros, no Parlamento e entre os manifestantes do Largo de S. Bento!
No fim de contas, o Bloco aspira a um controlo totalitário do poder, guiando-se por regras que ele próprio define e das quais se isenta se lhe for conveniente! Seria caso para lhes chamar "faixistas"!

11.1.06

A arte do amor

Jane Austen acertou. Duplamente. Como literatura e como aviso. O amor não sobrevive aos ritmos da nossa modernidade. O amor exige tempo e conhecimento. Exige, no fundo, o tempo e o conhecimento que a vida moderna de hoje não permite e, mais, não tolera: se podemos satisfazer todas as nossas necessidades materiais com uma ida ao shopping do bairro, exigimos dos outros igual eficácia. Os seres humanos são apenas produtos que usamos (ou recusamos) de acordo com as mais básicas conveniências. Procuramos continuamente e desesperamos continuamente porque confundimos o efêmero com o permanente, o material com o espiritual. A nossa frustração em encontrar o "amor verdadeiro" é apenas um clichê que esconde o essencial: o amor não é um produto que se compra para combinar com os móveis da sala. É uma arte que se cultiva. Profundamente. Demoradamente.

(João Pereira Coutinho, Como Jane Austen pode mudar sua vida, Folha On Line, 9.01.2006)

8.1.06

Populismo?

Mário Soares tem estado a fazer uma das piores campanhas eleitorais de que tenho memória. Há alguns anos, quando muitos apontavam Santana como presidenciável, era frequente ouvir-se o paralelismo com Soares: tratar-se-ia de dois animais políticos, capazes de triunfar em cenários totalmente adversos graças à simpatia que granjeavam junto da multidão. Mário Soares (a confirmar-se tudo o que temos visto) tem provado a veracidade desse paralelismo ao desenvolver uma campanha ao nível da que Santana Lopes conduziu nas últimas legislativas (ao que parece, também o resultado será lamentável). Soares ainda não aludiu à vida pessoal de Cavaco, mas tratou-o com uma sobranceria e uma falta de educação extraordinárias (relembro os ele do debate, ou a referência ao que os seus amigos lhe diziam da participação de Cavaco nas reuniões do Conselho Europeu).
A confirmação de tudo isto aparece hoje na página oficial da candidatura de Mário Soares: que tenha sido saudado pelo presidente da Câmara de Gondomar, até acho razoável: o autarca pode ter gosto em receber os candidatos que quiser; que os media relatem o encontro entre os dois homens, também é razoável, na medida em que se trata de um facto relevante. Agora: que o site oficial da candidatura de Mário Soares apresente o abraço entre os dois como um dos destaques da estadia de Soares no Norte, isso confirma que Soares está decidido a prosseguir a campanha pela via populista... Será que, com Mário Soares, o populismo deixa de ser um perigo para a democracia?

Votar Cavaco!

Cavaco Silva tem feito uma campanha estranha, marcada pela contenção, pelo respeito e (mais do que eu gostaria) por muito silêncio. No entanto, entendo tão bem o silêncio de Cavaco quanto os seus nim’s nas matérias mais folclóricas.
O meu voto em Cavaco talvez se baseie numa utopia: a crença em que ainda é possível remar contra a corrente da história, e que Portugal pode sair da cauda de uma Velha Europa que, se escapar à balcanização, se arrisca a ser olhada pela nova centralidade do Pacífico do mesmo modo como agora olhamos a Grécia: uma civilização extraordinária, mas definitivamente perdida.
Cavaco demarca-se do que tem sido a causa do nosso atraso: a fé na possibilidade redentora do Estado, canonizada por uma opinião pública na qual persistem contra todas as evidências as modas da esquerda. Por isso, o silêncio de Cavaco fala, como um lamento sobre o nosso país, que exalta Soares com pai da democracia, esquecendo a enorme tarefa que o mesmo Cavaco teve que realizar (às vezes contra a Constituição) para que as liberdades básicas chegassem ao mercado, aos media, ao ensino, etc.
Por outro lado, o silêncio de Cavaco é uma afirmação de não-alinhamento com o politicamente correcto: Cavaco sabe que é urgente um contrapeso de marca liberalizante face a um governo socialista. Mas sabe também (pela razão acima referida) que uma exposição mais clara seria ocasião para uma onda de protestos lamentável, dizendo que ele pretende governar, e não moderar. Ao longo da semana que passou, quando Soares e Alegre saíram da poesia do seu suposto humanismo, só debitaram medidas legislativas. Mas se Cavaco fala da importância de reunir periodicamente com o Governo, dirão logo que ele não quer ir para Belém, mas para S. Bento.
Por tudo isto, Cavaco é o único candidato que pode recentrar o debate político! Mais ainda: Cavaco tem que ganhar para recentrar o debate político. Só com ele, Portugal pode vencer!

5.1.06

Contra Zapatero

Na impossiblidade de atravessar o Caia, vou exercer à minha maneira o meu direito à indignação contra o governo espanhol: hoje vou fumar ao Lizarran!

4.1.06

2 0 0 6

Não foi a ressaca que atrasou por 4 dias este post inaugural de 2006. Bem pelo contrário: foi o trabalho.
Sempre tinha achado inacreditável que houvesse gente para quem o Natal e o Ano Novo fossem dois dias mais entre um ano interio de trabalho. Para mim, sempre tinham sido dois dias no meio de uma quinzena de férias. Este ano foi bem diferente, mais parecido com o Natal e o Ano Novo de todos aqueles que não vivem no mundo das escolas (ou seja, a maioria do comum dos mortais).
Mesmo assim, aqui ficam os votos de um 2006 histórico!

(A VIEW of the FIRE-WORKES and ILLUMINATIONS at his GRACE the Duke of RICHMOND'S at WHITEHALL and on the River Thames on Monday 15 May 1749. Performed by the direction of Charles Fredrick Esq. Foi para esta ocasião que Handel compôs a sua Music for the Royal Fireworks.)