24.12.05

"Não esqueças o essencial...

... põe Jesus no teu Natal!"

(Virgem com o Menino e um Profeta, Fresco das Catacumbas de Priscila, Roma, início do século III.
Trata-se de uma das mais antigas representações conhecidas de Nossa Senhora: sentada com o Menino sobre os joelhos, tem junto de si um profeta que aponta uma estrela, aludindo à profecia de Balaão em Nm. 24, 17: uma estrela surge de Jacob, um ceptro se ergue de Israel.)

22.12.05

Adeus, Manela

(Post com uma semana de atraso.)
Em Março de 2003 enviei um e-mail para a TVI com o seguinte texto:

Ao alinhar na informação do estilo Jornal do Crime, a TVI tinha já contribuido significativamente para baixar a qualidade da informação portuguesa. Ao acrescentar os comentários ridículos de Manuela Moura Guedes, a TVI embarcou num estilo televisivo que não distingue informação de opinião, que manipula o espectador pelos dados que emite ou omite... Mais um sinal de desrespeito pelos espectadores. Pela minha parte, não voltarei a ver qualquer noticiário da TVI apresentado pela dita senhora.

Devem imaginar a minha alegria...

21.12.05

Imagine there’s no heaven

Nothing clears the conscience quite like a belief in eternal nothingness.

(Joel Engel, cit. por Mark Steyn, O come, all ye faithless, in Spectator, 16.XII.2005)
Mark Steyn volta a surpreender com uma interessante análise do crescimento do ateísmo na Europa pós-moderna. A ler depressa, enquanto não passa a ser reservado, na Spectator.

Novas Partidas

O tempo não tem sido muito e, apesar de os debates das presidenciais serem fraquinhos, sempre se vai ficando até ao fim, para ver onde é que isto vai parar. Além disso, há a festa do emprego, as festas das crianças, a festa da tia, do tio; e há os antigo colegas com quem vamos tomar um café ou, simplesmente, passamos mais de meia hora ao telefone, queixando-nos de que o orçamento não chega para pagar as contas do telemóvel.
Mesmo assim, por estas páginas contámos com os comentários do Radagast, do Manuel Vieira e de alguém que assina como Ver Para Crer, para não falar já de uma aparição do Sebastião.
Tenho que pedir desculpa pela complexa tramitação dos comentários mas, depois dos problemas de spam, o Salvador, que é um entusiasta deste blog, excedeu-se um pouco.
Assim, creio que é chegada a altura de justificar este post: nas Partidas à vossa direita figuram alguns novos blogs:
- No Adro: é o blog do Manuel Vieira, que acima referimos. Os mais ortodoxos poderão ficar um pouco chocados com algumas das coisas que ali se escrevem, mas não se esqueçam de que o Papa também tinha fama de progressista...
- Por Estas e Por Outras: se os mais farisaicos rasgaram as vestes enquanto viam o anterior, é melhor que estejam sós quando virem este, para não chocar a moral pública. Há dois autores: o Francisco Caramelo que escreve pouco, e o Radagast, que é um herege tremendo... Tem, no entanto, muitas virtudes: em primeiro lugar, apoia a candidatura de Cavaco Silva; além disso, gosta da música de Kruder & Dorfmeister, aprecia Bach e inclui entre os seus livros favoritos O Senhor dos Anéis e O Barão Trepador. A encimar esta coroa de virtudes está a sua devoção à seita benfiquista.
- Ver Para Crer: um blog piedoso e ortodoxo, para serenar os ânimos dos fariseus, pois a seguir vem um ex-blasfemo:
- Blue Lounge: é um blog do Rodrigo Adão da Fonseca (já aqui citado), liberal e incisivo, que se apresenta com uma estupenda frase de Berlin (não cito para irem lá visitar).
- No Fundo, No Fundo: conheci-o através do anterior. O seu autor, Jorge Ribeirinho Machado, é mais um liberal do norte, igualmente incisivo e com bastante sentido de humor, como atesta este post. (Diga-se ainda que teve um excelente gosto na escolha do template).

2.12.05

A separação da Igreja e do Estado

No Por Estas e Por Outras, Radagast colocou a seguinte questão, relacionada com a proibição do acesso dos homossexuais ao sacerdócio:
Não é esta decisão claramente inconstitucional na maioria dos países em que vai ser aplicada?
Esta questão deixa-me deveras perplexo, porque revela plenamente as aporias da modernidade de que somos herdeiros.
A suposição de que a oposição da Igreja à ordenação de homossexuais é inconstitucional parte de dois pressupostos errados: o de que a ordenação é um direito (nunca o vi expresso na Constituição, nem sequer no Código de Direito Canónico) e, mais grave, o de que o Estado pode legislar sobre as regras internas da Igreja! Supor que é inconstitucional recusar-se a ordenar gays é equivalente a supor que é inconstitucional proibir o acesso ao sacerdócio de mulheres ou de homens casados. Pior ainda: é equivalente a supor que o Estado tem o direito a declarar que é inconstitucional casar com uma morena e preterir uma loira ou preterir um homem num concurso para uma bailarina de strip!
Para uma tal conclusão há duas formas de argumentação possível. Numa perspectiva positivista, poder-se-ia analisar à luz da argumentação voluntarista que serve de base à defesa do casamento homossexual: a vontade de dois indivíduos livres e conscientes criaria esse direito, uma vez que a consciência se torna regra da moralidade. De acordo com esta lógica, e sendo a Igreja actual uma instituição à qual a adesão é livre e consciente, não se entende a objecção sobre a inconstitucionalidade da proibição do acesso dos gays ao sacerdócio: quem não estiver de acordo pode, facilmente, apostatar, sem que daí lhe venham represálias. Pode, até, constituir uma igreja dos padres gay, visto que há liberdade religiosa.
Uma outra linha de argumentação (que não me parece ser a do autor da questão) partiria da ideia de que há uma natureza humana que dá ao homem características inalienáveis que ele pode conhecer pela luz da razão. Assim sendo, poder-se-ia decretar com certeza algo. No entanto, a razão não é absoluta: por um lado, ela está presa à realidade numa atadura que não a limita, mas que a liberta da indeterminação. Por outro lado, ela é falível. Assim sendo, nem nesta perspectiva jus naturalista me parece razoável a argumentação da inconstitucionalidade da decisão eclesial: ou se declara dogmaticamente a origem da autoridade, e aí ela está fundamentada no dogma, ou se nega qualquer autoridade, criando-se um dogma da neutralidade que degenerará, inevitavelmente, na lei do mais forte, ou seja, no positivismo jurídico.
Em nome da separação da Igreja e do Estado, não deveriam ser os laicos mais prudentes ao proporem a intervenção constitucional em matéria canónica?

1.12.05

Dia Mundial da Sida

Com um ano de atraso encontrei este texto do Cardeal Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, dedicado a uma refelxão cristã sobre o problema da Sida:

[...] Attualmente il 26,7% dei centri per la cura dell'HIV/AIDS nel mondo sono cattolici. Tanti sono i progetti e i programmi di formazione, prevenzione sull'AIDS e di assistenza, cura e accompagnamento pastorale del malato di HIV/AIDS, che le Chiese locali, gli istituti religiosi e le associazioni laicali portano avanti con amore, senso di responsabilità e spirito di carità. [...]

8. Per una maggiore efficacia nella lotta contro l'HIV/AIDS desidero riproporre alcune linee di azione da me indicate nel mio discorso alla XXVI Sessione Speciale dell'Assemblea Generale sull'HIV/AIDS dell'ONU (New York 2001):
- appoggiare i piani globali mondiali per combattere l'HIV/AIDS;
- incrementare l'educazione scolare e la catechesi ai valori della vita e del sesso;
- eliminare tutte le forme di discriminazione nei confronti dei malati di HIV/AIDS;
- informare adeguatamente su questa pandemia;
- invitare i Governi a creare delle condizioni adeguate per combattere questo flagello;
- favorire una maggiore partecipazione della società civile nella lotta all'AIDS;
- chiedere ai paesi industrializzati che, evitando ogni forma di colonialismo, aiutino, in questa campagna contro l'AIDS, i paesi che ne hanno bisogno;
- diminuire al massimo il prezzo dei medicinali antiretrovirali necessari per curare i malati di HIV/AIDS;
- intensificare le campagne di informazione per evitare la trasmissione materno-infantile del virus;
- offrire una maggiore attenzione alla cura dei bambini sieropositivi e alla protezione degli orfani a causa dell'AIDS;
- rivolgere una maggiore attenzione ai gruppi sociali più vulnerabili.

(Card. Javier Lozano Barragán, Messaggio in occasione della Giornata Mondiale dell'AIDS, 1.12.2004)

Hoje, o mesmo cardeal publicou um outro texto, cujo conteúdo está resumido aqui. Para marcar este dia também recordo um post de Abril, que relaciona positivamente a defesa da moral sexual católica com a liberdade individual essencial a uma sociedade plural e a responsabilidade pessoal na pevenção da SIDA.