31.1.05

"Nobel da Paz"

Em Espanha, com 40 milhões de habitantes, há cerca de 80.000 abortos legais por ano. Se, a título exploratório, se fizesse uma aplicação desses números a Portugal, com 4 vezes menos habitantes haveria 20.000 abortos legais por ano. Desde 1998 que os portugueses que defendem a vida têm feito mais em Portugal que muitos Nobel da Paz: nos últimos 6 anos ter-se-ão salvo 120.000 pessoas.

30.1.05

Três Maneiras de Alimentar os Porcos

Respigando em velhos papeis descobri esta história contada pelo Profesor Enrique Sueiro.
“Um agricultor recebe, em momentos diferentes, a visita de três funcionários. Em cada situação, trava um dos diálogos que se seguem:


- Como alimenta os seus porcos?
- Com as sobras.
- Tenho de lhe aplicar uma multa de 6.000 €. Sou Inspector Veterinário e é degradante a maneira como trata os animais.


- Como alimenta os seus porcos?
- Com os melhores manjares do mercado: caviar, marisco...
- Vou ter de multá-lo em 6.000 €. Sou Inspector da Segurança Social e é vergonhoso o seu comportamento quando há tanta gente com fome e a passar necesidades.


- Como alimenta os seus porcos?
- É assim! Dou 10 € a cada um e eles compram o que lhes apetece.”

29.1.05

O Pecado

É um fenómeno curioso… Apesar de estarmos em pré-campanha eleitoral os posts que têm suscitado mais comentários são os que dizem respeito ao fenómeno religioso, e à historicidade do Evangelho em particular. Assim, contámos com os comentários de Armila, do Gonçalo e, mais recentemente, do Apolónio.
Nesta semana, um conferencista referia que, num fórum universitário de Lisboa, 40 estudantes tinham assistido a uma sessão sobre a historicidade dos Evangelhos, facto que, há cinco anos atrás, seria absolutamente impensável. Há, sem dúvida, um regresso do religioso à nossa sociedade, regresso que suscita esperanças e, simultaneamente, apreensões.
Esperanças porque constatamos que, nas suas tentativas de superar a religião, o século XX acabou por contar-se entre os mais sangrentos – senão mesmo o mais sangrento – da história humana. Apreensões porque esse regresso à religião mantém a aspiração dos humanismos ateus: a ideia de que o homem se salva a si próprio!
Não em vão, quando nos referimos aos mestres de suspeita dissemos que nunca se isentaram tanto de culpa os criminosos e os pecadores como no nosso tempo. Diz-se que a culpa morreu solteira, que não é de ninguém… um pouco de exegese bíblica mostra como desde o paraíso terrestre um Adão atrapalhado remete a culpa do seu erro para Deus, dizendo “A mulher que puseste ao meu lado deu-me do fruto…” E a mulher acusada afasta de si a culpa, dizendo que a serpente a enganou… Se não há culpa, não há pecado, se não há pecado, não há, de facto, necessidade de salvação!
Mas se eu sei – não o duvido – que nem sempre o bom se identifica com o apetecível; se eu sei – melhor ainda – que sou capaz de trocar o bom pelo apetecível: então eu sei que sou verdadeiramente livre, capaz de escolher os meios para atingir os meus fins… e capaz de escolher fins errados. Dizia Chesterton:
“Certain new theologians dispute original sin, which is the only part of Christian theology which can really be proved.” (Ortodoxy)
De facto, o reconhecimento da condição da falibilidade humana – do pecado, como lhe chamámos durante tantos séculos – é a primeira condição para abandonar a ubris da razão e reconhecer que necessitamos de um Salvador.

27.1.05

A Falsa História II

No DN de Segunda-feira, João César das Neves voltou ao tema, já aqui referido, da verdadeira história do Evangelho, a propósito do livro de E. P. Sanders intitulado A Verdadeira História de Jesus. Apenas um excerto do artigo:
[...] querem saber como foi construída essa "verdadeira história"? Sanders explica "Duvidamos daquilo que é demasiado compatível com a perspectiva dos Evangelhos e consideramos credível aquilo que é contrário às suas preferências" (p. 128).
Ou seja, não sabemos, mas inventamos da forma mais oposta à Igreja. É como uma biografia de Eusébio feita para contradizer os benfiquistas. Este é o "método rigoroso".
João César das Neves

24.1.05

Salvem os Homens

Mais uma vez, a Spectator chama a atenção para as ironias do nosso tempo. No reino unido prepara-se legislação para garantir a satisfação das necessidades básicas dos animais, a saber:
‘The need for adequate exercise, appropriate environmental enrichment, appropriate freedom to move and the need to provide, whenever possible, conditions which avoid mental suffering including protection from fear and distress.’
Tais medidas impplicam a criação de uma burocracia encarregue de evitar os abusos sobre os animais por parte dos seus proprietários. Como se já não bastassem os encargos com o welfare para as pessoas, o Estado decide agora tomar a seu cargo os direitos humanos... dos bichos! Talvez para reparar a retirada de direitos humanos aos idosos, deficientes e inviáveis aos quais se aplica a eutanásia.

Júbilo!!!

Acabo de receber um comentário do Gonçalo (não sei quem é, mas suspeito) a um post das Catacumbas... Estou entusiasmadíssimo: já devemos ter cinco leitores! (riso irónico)

22.1.05

Louçanias

Não deixa de ser significativo que o partidote fracturante que assume a defesa de todos os disparates (e, pela sua raridade, atrai a atenção da comunicação social) volte a introduzir no debate eleitoral a vida pessoal de um dos candidatos da direita. Segundo Louçã, Portas não tem direito a falar sobre o aborto porque não sabe o que é gerar um filho!? Isso mesmo: o querido líder da extrema-esquerda portuguesa, com a altivez própria das vanguardas declarou que Portas não tem direito a falar sobre um assunto; insinuou que a vida imoral de Portas é a causa de que perca esse direito!
Ora: que importa ter filhos ou não para julgar o aborto? Se alargarmos a lógica louçana, nenhum homem poderá defender nem atacar o aborto porque não sofreu nem a gravidez inesperada, nem a depressão pós aborto, nem a pressão paterna para abortar! Ou então, que concluiremos sobre o lar de Louçã quando vemos o Bloco a empenhar-se tanto na luta contra a violência doméstica?
Infelizmente, em certo sentido a lógica de Louçã é a vivida no Bloco: é o Bloco quem mais defende a liberalização do aborto porque é quem mais promove o exercício irresponsável e promíscuo da sexualidade… Por razões análogas vimos o Bloco pedir a legalização das drogas leves... ou lutar contra os polícias armados: como se poderão partir montras em manifestações anti-globalização se os polícias tiverem bastões?
Já nas últimas legislativas tínhamos observado com estranheza que os defensores dos homossexuais criticavam Portas por ser… gay. Não interessa para o caso se o é ou não! Interessa que, se alguém dos partidos da direita fizer comentários sobre a vida pessoal de José Sócrates será apodado de reaccionário, autoritário, fascista, nazi, etc. Se o querido líder fizer comentários semelhantes, tal será uma importante denúncia da hipocrisia burguesa! São as piruetas a que a esquerda nos habitou desde (pelo menos) os tempos de Estaline…

20.1.05

Mais desinformação da RTP

El Secretario General [da Conferência Episcopal Espanhola] respondió brevemente a los periodistas que le esperaban a la salida del Ministerio de Sanidad que el uso del preservativo tiene un lugar en ese programa llamado ABC, un plan integral técnico de prevención del SIDA. Esta declaración ha de ser entendida en el sentido de la doctrina católica que sostiene que el uso del preservativo implica una conducta sexual inmoral. Por eso, la Iglesia colabora eficaz y racionalmente en la prevención del SIDA promoviendo la educación de las personas para el amor conyugal fiel y abierto a la vida, tratando de evitar de este modo las relaciones indebidas y promiscuas, que dan lugar a las llamadas “situaciones de riesgo” sanitario. De acuerdo con estos principios no es posible aconsejar el uso del preservativo, por ser contrario a la moral de la persona. Lo único verdaderamente aconsejable es el ejercicio responsable de la sexualidad, acorde con la norma moral.
En conclusión, a diferencia de lo afirmado desde diversas instancias, no es cierto que haya cambiado la doctrina de la Iglesia sobre el preservativo.

14.1.05

A Suspeita

Suspeito que mal nos damos conta de que vivemos num império da suspeita.
Há já algum tempo que comecei a pensar a suspeita como o grande tema do século XX. Entre estas cogitações encontrei-me, casualmente e de passagem, com um excerto em que Paul Ricoeur se referia a Marx, Freud e Nietzsche como os mestres da suspeita. Marx a fazer-nos suspeitar que as nossa acções são comandadas por superstruturas que mais não são que a manifestação da infra-estrutura da dominação capitalista; Freud a fazer-nos suspeitar que as nossas acções são o fruto do inconsciente libidinoso; e Nietzsche a fazer-nos suspeitar que as nossas acções se enquadram numa moral do ressentimento.
Curiosamente, nunca nenhuma época louvou tanto a liberdade; e nunca nenhuma época a negou tanto, colocando as motivações do actuar humano em forças ocultas incontroláveis. Nunca tanto se afirmou a autonomia da vontade do indivíduo-dono-da-sua-existência; e nunca tanto se isentaram de culpa os criminosos e os pecadores.
Não é esta a reflexão – mais longa – que gostaria de fazer sobre o tema. Mas dou-me conta (não sem algum susto) de que ele não permanece encerrado nos espaços da filosofia, da psicanálise ou da literatura: transborda para o quotidiano dando origem a uma série de justiceiros (como apontava o Picuinhices) que destroem a confiança, que é a base da convivência. E suspeito que terá sido na destruição da confiança que se jogou o sucesso do totalitarismo.

10.1.05

Respeito pela dor na Ásia

Mais de duas semanas volvidas sobre o Tsunami da Ásia continuamos a ter três telejornais com meia hora dedicada ao caso, explorando até à exaustão as imagens chocantes dos cadáveres, do sofrimento dos familiares, das populações esfomeadas… É uma espécie de Big Brother ou Survivor com duas grandes vantagens para os produtores: por um lado, os protagonistas estão a viver situações realmente tensas, sem capacidade para se darem conta das câmaras; por outro lado, sai muito mais barato enviar um jornalista ao Sri Lanka que construir uma casa na Venda do Pinheiro ou comprar uma ilhota no Pacífico.
Onde estão os comentadores que tanto louvaram a decisão do realizador que, no estádio de Guimarães, desviou as câmaras da agonia de Miklos Féher? Pela minha parte, deixei de ver notícias na televisão.

9.1.05

Resposta a Armila

A propósito da Falsa História, Armila perguntou:
pensando obviamente na clara relação entre a localização temporal daquele que escreve e o modo pelo qual os assuntos são abordados, não acha válido pensar esses livros como um reflexo do pensamento da contemporaneidade? O que levaria a enquadrá-los nas idéias de senso comum dos tempos atuais?
Concordo em absoluto com a ideia de que obras como O Código da Vinci ou A Verdadeira História de Jesus reflectem o pensamento da contemporaneidade... No entanto podemos entender esse reflexo de dois modos: se é o reflexo das estruturas sociais que se reproduzem inconscientemente na linguagem, estaríamos a cair num determinismo próprio dos materialismos; se é reflexo, e como me parece ser, das idéias de senso comum dos tempos atuais, então eles revelam uma exploração (ora mais comercial, ora mais ideológica) do abaixamento do olhar de uma modernidade que trocou o dever ser pelo ser (o ought pelo is, como diria Hume); que se deixou levar pela suspeita de que não vive a sua vida, de que alguém a tenta enganar.
Onde está a verdadeira história? A verdadeira história está, parafraseando S. Tomás, na adequação entre a coisa [histórica] e o intelecto. O que César das Neves explica é que o melhor instrumento para conhecer a história (neste caso, a da vida de Cristo) são os textos da época mais credíveis... e a interpretação deve ser feita sobre esses documentos e não sobre, por exemplo, os textos piedosos dos místicos castelhanos do século XVI.
A História é um intriga que a nossa vida tenta descortinar. Em torno dessa intriga construímos, decoramos, embelezamos (ou desfeamos e destruímos)... mas o facto está lá. Pode ser inacessível, mas é incontornável. Há um compromisso racional com o real sem o qual entraríamos no universo da arbitrariedade.
Eu acredito no valor objectivo do real: acredito que para além do texto (de qualquer texto) há uma realidade que eu entrevejo e que me vincula. A dogmatic belief in objective value is necessary to the very idea of a rule which is not tyranny or an obedience which is not slavery. (C.S. Lewis, The Abolition of Man)

8.1.05

Mais de 2 meses!

Segundo o Expresso de hoje, a média de vida dos blogues é de dois meses. Assim sendo, e como o primeiro post das Catacumbas é de 30 de Dezembro, estamos de parabéns! Talvez sejam pouco mais de três as pessoas que dêem pelo facto: eu próprio, o Sebastião (que, vítima da interioridade, apenas tem conseguido postar por interposta pessoa) e Armila, que comentou alguns dos posts anteriores, animando a escrever mais vezes! Se mais alguém nos lê comente (mesmo que fique sem a resposta...)!

Balanço de 2004

Com atraso, propomos aqui uma selecção de acontecimentos de 2004:
Acontecimento Mundial I – Tsunami no Índico
O maremoto da Ásia recordou-nos a fragilidade da existência, engolindo quer os pobres habitantes da Indonésia ou do Sri Lanka quer os ricos e sofisticados turistas de Phuket ou das ilhas Phi-Phi… Sem um culpado nem um responsável pela mortandade, a violência da natureza relembra-nos a precariedade da vida: podemos ter anseios independentistas em Banda-Aceh, podemos ter segurança social sofisticada como os suecos… e tudo isso se torna irrelevante em dois minutos que mudam milhões de existências.
Irmanados no sofrimento, acordámos, por momentos, para uma realidade de cooperação em que todas as vontades (as dos Estados, as da sociedade civil, as das instâncias internacionais) souberam depor a retórica ideológica e concentrar-se, prescindindo de direitos alfandegários e de espaços vitais, em quem necessita. Por dias acreditámos que é possível edificar, com confiança mútua, a civilização do amor.

Acontecimento Mundial II – Reeleição de Bush
[N.B.: este não é um post a favor de Bush nem da Guerra no Iraque. Infelizmente, o maniqueísmo reinante leva-nos a ter que começar por estas notas.]
Agrade ou não, a reeleição de Bush é uma afirmação de clara oposição aos discursos vanguardistas próprios do socialismo. É uma eleição das pessoas reais, com problemas reais, que se assustam com os grandes planos de governo ditos modernos (planos que, afinal, lhes iriam sair do bolso). É uma eleição das pessoas que desconfiam do peso excessivo do Estado e sabem que a suposta neutralidade do poder é já um a tomada de posição. É uma eleição de pessoas que sabem que na resolução dos grandes problemas estão os pequenos pelotões
Do mesmo modo que muitos votaram em Kerry, apesar de Kerry, contra Bush e o temor dos neocons, também muitos outros não sobrou alternativa senão reeleger Bush, apesar de Bush, contra Kerry e as suas vanguardas.

Acontecimento Europeu I – 11 de Março
Quando Madrid acordou ao som das Bombas de Atocha, a Europa entendeu que não estava imune ao terrorismo. Mas que aprendeu com isso? Infelizmente, parece que aprendeu a ceder. Zapatero mostrou, do pior modo, como era fácil ceder às pressões do terrorismo internacional faltando aos compromissos externos do seu país e retirando as tropas do Iraque (facto que até se poderia aceitar) e do Afeganistão (facto que é absolutamente inaceitável).
O acontecimento é classificado como europeu – e não como mundial – porque suscitou uma reacção tipicamente europeia, centrada no mito da Europa pacífica (à custa, diga-se em boa verdade, da cobertura militar dos EUA) e na política de curto prazo. Se cede aos árabes, porque não ceder aos bascos, catalães e galegos… Talvez depois haja um Aznar que venha debelar o terrorismo... Ou talvez depois seja tarde demais para evitar a balcanização da Europa.

Acontecimento Europeu II – O Caso Buttiglionne
Sobre este assunto, já muito se escreveu nas Catacumbas. Ele foi, aliás, o móbil que lançou um projecto já há muito albergado. Nem que fosse por fazer sair muitos cristãos da inércia, a rejeição de Buttiglionne para Comissário Europeu foi dos tais acontecimentos que, parecendo mau, acabou por provocar grandes bens.

Acontecimento Nacional I – A dissolução da Assembleia da República
Quando Jorge Sampaio decidiu não dissolver a Assembleia da República em Julho apenas pecou por tardar na decisão. E ao tardar, deixando o país pendente da sua decisão, reforçou o papel do magistrado em vez de reforçar o papel da magistratura. Por isso pode facilmente, em Dezembro, assumir como natural a decisão de dissolver um parlamento com uma maioria absoluta disposta a apoiar o Governo.
Numa perspectiva de curto prazo, ao dissolver a Assembleia Sampaio garante a estabilidade ao dispensar um governo que se estava a tornar caótico… Não mais caótico que os governos de Guterres, é certo, mas mais desastrado na sua articulação e, principalmente, na sua imagem.
Mas numa perspectiva de longo prazo, Sampaio abre um precedente gravíssimo ao assumir que a maioria presidencial pode dissolver uma assembleia com maioria absoluta sem motivo grave. Que faria, depois disto, Mário Soares perante as maiorias de Cavaco Silva? Que fará o próximo Presidente da República quando o partido do governo sofrer uma derrota em eleições intercalares? Que fará um Presidente da República se, num mesmo instante, se juntarem os estudantes contra as propinas e contra as provas globais, os cidadãos auto-mobilizados contra as portagens na ponte, na CREL e nas auto-estradas do Oeste, os sindicatos a pedir dinheiro para empresas que não dão lucro pela baixa produtividade dos trabalhadores (e dos gestores), os banqueiros a pedir para não pagar o IRC, a associação dos moradores em casas alugadas a cair por maldade dos senhorios a quem pagam € 1,5 de renda mensal desde 1948… Em vez de reforçar a estabilidade, é provável que o Presidente da República tenha, afinal, aberto a caixa de Pandora de todas as instabilidades futuras.

Acontecimento Nacional II – Mais duas derrotas do aborto
A militância pró-aborto dos partidos favoritos para as próximas eleições levará a que talvez 2005 venha a ser o ano da liberalização. Mas o que é significativo é como o fundamentalismo pró-abortista de 2004 revelou pouca preocupação com as mulheres: PS, PCP e BE lançaram a questão em Janeiro para fazer cair o governo de Durão; e apadrinham o barco do aborto em Setembro para fazer cair o governo de Santana… Entretanto, quem ficou a apoiar as mulheres com dificuldades são as dezenas de voluntários (talvez centenas), que dão do seu tempo para apoiar as diversas iniciativas de alternativa ao aborto: linhas de atendimento a mulheres grávidas; centros de apoio à maternidade adolescente; casas de acolhimento de crianças que não podem ser entregues às famílias mas cujas mães não quiseram abortar; acções de financiamento dessas iniciativas; fomento do emprego de mães com poucos recursos… Quando o aborto for liberalizado, essas pessoas continuarão as suas iniciativas, para que ninguém possa dizer: eu abortei porque não encontrei que me desse a mão!

4.1.05

A Falsa História

Dois dos livros mais oferecidos neste Natal foram O Código da Vinci de Dan Brown (Bertrand, 2004) e A Verdadeira História de Jesus de E. P. Sanders (Notícias, 2004). Nas suas diferenças, incluem uma oculta característica curiosa a própria base de raciocínio destrói-lhes a veracidade.
Ambos partem do princípio de que os Evangelhos são falsos. A razão, que repetem sucessivamente, é que os textos bíblicos foram escritos por fiéis várias décadas após os acontecimentos, o que lhes retira credibilidade. Mas eles, escrevendo dois mil anos mais tarde com base em crenças modernas, é que julgam relatar com segurança «a verdadeira História» do que aconteceu. Seria ridículo, se não fosse triste...
João César das Neves