31.5.05

Imperdível

Educação e Ciência de Pacotilha

Vale a pena ler este texto de João César das Neves, publicado no DN, a propósito da recente polémica sobre a educação sexual nas escolas:

Ficámos a saber que quem defende que a masturbação, homossexualidade e promiscuidade não são coisas boas, ou que a relação sexual deve ser dentro do casamento, é "ultraconservador".

(João César das Neves, Educação e Ciência de Pacotilha, DN, 30.V.2005)

30.5.05

Revisionismo (outra vez)

Então agora, a celebérrima frase de Churchill sobre a democracia como o pior sistema exceptuando todos os outros passou a ser, segundo um dos barnabitas, da autoria de... Sérgio Godinho!

O Bloco e os referendos

A bloquista Ana Drago manifestou o seu receio de que se venham a repetir referendos à constituição europeia até se conseguir a vitória do sim… Que diria se o referendo fosse sobre o aborto?

Non

O Não ganhou em França, mas pelas piores razões: as da extrema esquerda e as da extrema direita...

29.5.05

A Banda II

Mas para meu desencanto o que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou

A ansiedade volta a atacar:


... quem pode continuar a escrever uma tese na expectativa?

Revisionismo (II)

aqui referimos a estranheza pela atitude de Prado Coelho que, a propósito de Paul Ricoeur, afirmou que os vexames inqualificáveis e crueldades sofridos pelo então decano de Nanterre nada tinham de esquerda . Aqui pode ser encontrada uma breve descrição dos ditos vexames. Estará Prado Coelho a insinuar que enfiar um caixote do lixo na cabeça do decano da universidade é uma atitude da direita burguesa, acomodada e conformista?

Onde é que isto vai parar VII – Clonagem

Quando os media anunciaram, como grande descoberta, a aplicação de técnicas já conhecidas de clonagem humana por cientistas coreanos, dado o desinteresse dos cientistas pela notícia ocorreu-me se não se trataria de uma tentativa mediática de pressionar Bush e o Congresso americano: o congresso iria votar legislação sobre a matéria e Bush afirmou que vetaria qualquer proposta que permitisse a clonagem com recurso à manipulação de embriões humanos.
Era uma hipótese… Mas parece-me uma hipótese cada vez mais confirmada. Esperei dois dias para que algum dos grandes media (nacionais ou estrangeiros) noticiasse a descoberta da técnica de clonagem sem recurso a embriões humanos, que foi referida aqui. Se não fosse um jornal católico italiano, não teria tido conhecimento dela. E aqueles que não lêem o Avvenire continuarão a acreditar que Bush é ignóbil porque, ao proibir determinado tipo de investigações, está a impedir a descoberta de cura para doenças como a Diabetes ou Alzheimer…
Afinal, parece que quem noticia está mais interessado em criticar o presidente dos EUA (por tudo e por nada) que em informar com seriedade!

Bom Domingo...


(Caspar Friedrich, Mar de Gelo ou O Naufrágio do Esperança)

28.5.05

Porque falha o sistema educativo?

Our school system is not falling short academically because of the people who staff it or the curricula they teach. It is not falling short due to lack of funds or good ideas. It is falling short academically because it lacks a mechanism that consistently promotes, identifies, perpetuates and disseminates good ideas.
Andrew J. Coulson, With Clear Eyes, Sincere Hearts and Open Minds, Mackinac Center for Public Policy, 07.2002)
Para o autor, esse mecanismo é o mercado! Já Milton Friedman, dentro desta mesma lógica, destacara algo óbvio: a prova de que a educação está estagnada é a comparação entre o desenvolvimento de tecnologia na generalidade dos sectores da vida social (a indústria, os serviços, as diversões, etc.) e o estado primitivo das tecnologias na sala de aula. Recordo, a propósito disto, que ainda há cerca de 5 anos, professores da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa davam uma aula sobre novas tecnologias nas aulas: cassete audio, vídeo, retroprojector e episcópio...

27.5.05

Células Estaminais Embrionárias

A revista inglesa New Scientist publica um artigo em que revela que um grupo de investigadores norte-americanos conseguiu produzir células estaminais embrionárias através de uma técnica que, além de ser muito mais barata, não implica a manipulação de embriões humanos.
Um comentador do jornal italiano Avvenire afirmou: se il metodo funziona abbiamo risolto definitivamente il problema etico producendo staminali embrionali senza dover creare embrioni.

26.5.05

Dois números...

Terminou ontem, em Genebra, a 58ª Assembleia Mundial da Saúde, promovida pela OMS. O Cardeal Barragán, Presidente do Conselho pontifício para a Pastoral da Saúde, apresentou um texto no evento em que revela dois dados, já conhecidos, mas que deveriam fazer pensar:
1 - Em cada ano há cerca de 46.000.000 de abortos provocados, número que remete de imediato para a categoria do genocídio;
2- A Igreja Católica promove 26,7% dos centros de atendimento aos doentes de SIDA/HIV, sendo, a nível mundial, a instituição que mais se dedica a este tipo de doentes.
Às vezes, valia a pena pensar nisto...

"Corpo de Deus"


(Banquete Eucarístico, séc. III, catacumbas de S. Calisto, Roma)

Na realidade, [a Eucaristia] é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura. Para que isso aconteça, é necessário que cada fiel assimile, na meditação pessoal e comunitária, os valores que a Eucaristia exprime, as atitudes que ela inspira, os propósitos de vida que suscita. Como não ver nisto o mandato especial que poderia brotar do Ano da Eucaristia?
(João Paulo II, Mane Nobiscum Domine, n.º 25, 7.X.2004)

25.5.05

Revisionismo?

Eduardo Prado Coelho escrevia, ontem, sobre Paul Ricoeur. A certa altura dizia:

Era um homem de esquerda, [...] Mas Maio de 68 surpreende-o como reitor em Nanterre e foi nessa altura alvo de vexames inqualificáveis e de crueldades que de esquerda nada tinham. De qualquer modo, o episódio traumatizou-o profundamente.

(Eduardo Prado Coelho, in Público, 24.05.2005)

Mais que o dito sobre Ricoeur, chamou-me a atenção a invenção de uma separação entre o Maio de 68 e os seus excessos. Se calhar, esses vexames e crueldades são desvios reaccionários de agentes da direita infiltrados na estrutura revolucionária a fim de a desacreditar? Ou talvez Prado Coelho queira contradizer a história, afastando a ideia de que a alienação das massas não pode desenvolver-se à sobra das árvores da liberdade que a esquerda plantou...
Espanta-me, porque sempre achei que Prado Coelho seria capaz de uma resposta menos simplista que o duplipensar de Orwell! Ou talvez a sua argúcia se deva, afinal, a uma extrema habilidade na prática da novilíngua ao longo dos anos!
A questão não é pessoal: eu não sou daqueles que não lêem Prado Coelho por princípio (como, aliás, se nota). Em ocasiões acho-o divertido e, até, brilhante (como quando critica o João César das Neves recorrendo apenas a citações do visado). O problema é bem mais vasto, e revela o poder de uma esquerda que recusa, reiteradamente, as suas responsabilidades no mundo presente. Tem, como costuma dizer-se, a faca e o queijo na mão: consagra Ricoeur ou João Paulo II quando lhe agradam, expurga os seus excessos como se nada tivessem a ver com ela. Dança entre a obsessão do défice e o aumento dos impostos com a naturalidade com que se muda de camisa.
Não quero, com isto, afirmar uma superioridade moral da não-esquerda! Quero, isso sim, reafirmar que, como projecto que aspira a programar a improgramável liberdade humana, tem implícitas contradições que só serão sanadas por piruetas comoesta, de pretender que o Maio de 68, afinal, só foi de esquerda no que teve de bom!

Ontem, Hoje e Amanhã...

Não vejo esperança para o futuro do nosso povo,
se ele depender da frívola mocidade de hoje,
pois todos os jovens são indizivelmente frívolos.
Quando eu era menino, ensinavam-nos a ser discretos
e a respeitar os mais velhos,
mas os rapazes de hoje são excessivamente sabidos
e não toleram restrições.

Hesíodo

24.5.05

A Banda

Depois da euforia da noite gloriosa, o discurso de Constâncio relembrou-me a canção de Chico Buarque:

Estava à toa na vida,
o meu amor me chamou
Prá ver a banda passar
cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
despediu-se da dor
Prá ver a banda passar
cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Prá ver a banda passar cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço prá sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que banda tocava prá ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida, surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Prá ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto o que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou
E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor
Depois da banda passar cantando coisas de amor

22.5.05

Glorioso!!!

Ansiedade...


... quem pode escrever uma tese na expectativa?

Bom Domingo!

Caspar Friedrich, Der Traeumer

21.5.05

Curiosidade

Porque é que as televisões e jornais, que tanto criticaram o The Sun por publicar as fotografias de Saddam Hussein em trajes menores, não resistiram à tentação de as publicarem também eles?

Paul Ricoeur

Faleceu ontem um dos mais importantes filósos franceses da segunda metade do século XX. Paul Ricoeur era o autor que lamentava a passagem da filosofia do espanto à suspeita!

Onde é que isto vai parar (VI) - Células Estaminais Embrionárias

Os media anunciaram, com notas triunfais, um passo decisivo, um avanço incontornável na senda do progresso, a solução definitiva na cura de doenças degenerativas, etc... Sob a capa de um pseudo-consenso científico, em discursos atravessados de compaixão pelos que sofrem, anunciam-nos a redenção: Novo passo na clonagem humana!
Mas isto não é, de todo, evidente. A comunidade científica recebeu com alguma frieza a notícia e não parece descabido encontrar nela uma forma de pressão sobre os EUA, onde o governo retirou o financiamento público para as investigaçôes que envolvam a manipulação de embriões humanos.
O processo ontem anunciado pelos cientistas coreanos implica a destruição de embriões humanos, num atentado claro à dignidade da pessoa. Ou seja: o anúncio não se limita a um novo passo inócuo, mas à consagração de que é lícito matar inocentes para salvar vidas. Já aqui escrevemos sobre isso, a propósito da pena de morte.
É interessante saber que há alternativas às investigações dos coreanos. A investigação sobre células estaminais adultas, sem envolver a manipulação de embriões, poderia ser uma alternativa, como sugeriu esta declaração da Academia Pontifícia para a Vida.

20.5.05

Onde é que isto vai parar? (V)

O DN anuncia que os pais israelitas já podem escolher sexo dos filhos. Um que soa a suspiro de alívio, após milénios de opressão da natureza sobre o direito dos pais aos filhos. Enfim: desde que os filhos deixaram de ser pessoas e se tornaram direitos dos pais (que querem menino ou menina; que querem afirmar a normalidade da sua condição homossexual, etc...) esta era uma questão de tempo!

19.5.05

British NO vs NON Français

A Spectator apresenta, como é habitual, uma análise lúcida e divertida sobre as expectativas em torno do referendo à Contituição Europeia em França, comparando o NON francês com o NO inglês (aproveitem que este está de borla):
The British No campaign urges opposition to the constitution because it threatens too much central control. The French are voting Non in such large numbers because they fear the exact opposite — a weakening of the command state.
(Peter Osborne, Spectator, 21.05.2005)

Pensamento

Certamente que, Aquele que nos criou com uma inteligência tão grande (...) não nos deu tal faculdade (...) para que cheirasse a mofo por falta de uso.

W. Shakespeare, Hamlet

16.5.05

"Educação" Sexual?

Os resultados de um programa de "educação" sexual aplicado nos Estados Unidos, semelhante ao dado a conhecer pelo Expresso no Sábado passado, foram os seguintes:
1- Aumento do uso de anticonceptivos no sector adolescente da população.
2- Aumento da actividade sexual no sector adolescente da população.
3- Aumento da proporção de gravidezes nas adolescentes não casadas.
4- O número de gravidezes nas adolescentes continua a ser elevado.
5- Aumento do número de abortos provocados nas adolescentes.
6- Aumento das Infecções de Transmissão Sexual.

15.5.05

Sida e Família

A strong and supportive family is one of the first lines of defence against HIV/AIDS.
Ainda há cerca de um mês se criticava tanto João Paulo II por dizer o mesmo...

14.5.05

Está quase...

Incomodam os Crucifixos II

A Esquerda a que temos direito continua a erguer as velhas bandeiras esfarrapadas e bolorentas que sistematicamente vai buscar ao baú da transição do séc. XIX-XX, sem entender que o mundo em que vivemos – pelo avanço das várias ciências, pela adaptação inteligente do capitalismo às novas situações, pelo natural modificação da vida das sociedades humanas…– se alterou profundamente.
Os combates do século XXI são, necessariamente e por força das circunstâncias, outros:
O do respeito pelo direito à vida e dignidade de cada pessoa humana, desde a concepção até à morte e dos outros direitos humanos;
O da rebeldia educativa, que permita redescobrir e tornar vida os valores próprios da natureza humana fomentando uma educação da cidadania para a solidariedade com vista ao bem comum;
O da família e da complementaridade homem-mulher, que torne possível na sociedade e no tra-balho mais mulheres-mães e no lar mais homens-pais;
O do ambiente, que torne possível um domínio sábio do homem sobre a natureza;
O do desarmamento, que passa pela redução da venda de armas aos países pobres, o termo dos conflitos e a consolidação da paz;
O do respeito pelo Direito e Convenções Internacionais…
Vem isto a propósito da tentativa de eliminação dos símbolos religiosos nas escolas públicas do nosso País recentemente trazida ao conhecimento dos cidadãos. Alguém, com muita criatividade, deve ter pensado que chegou o momento oportuno de imitar Giscard…
De símbolo religioso em símbolo religioso pode acontecer que algum cérebro mais afervorado venha propor a destruição do Mosteiro da Batalha. É certo que além de símbolo da religiosidade dos Portugueses ele é, também, um monumento representativo de um dos mais brilhantes períodos da História de Portugal. Por ele passaram chefes de estado e seus cônjuges, nobres e eclesiásticos, povo, muito povo… No decurso dos séculos muitos aí foram buscar Deus, cultura, saber profissional, alívio para os males da alma e do corpo, entretenimento, repouso… Mas convenhamos: era um belo sítio para o monumento ao Laicismo…
Milita, igualmente, a favor desta tese a existência das Capelas Imperfeitas que, sem culpa própria, além de ”imperfeitas” são, por esse motivo, um monumento à incapacidade dos políticos de continuarem os projectos daqueles que os antecederam. Precisam fazer obra própria, de inovar… seja qual for o custo para o erário público.
Por último podia colocar-se um altar ao livre-pensamento, a ideologia totalitária que nos querem impor e que, curiosamente, tem muito pouco a ver com a liberdade de pensar e menos ainda, com o pensamento livre.

13.5.05

Santo subito!

Bento XVI, acorrendo ao apelo da multidão que se reuniu em S. Pedro a 8 de Abril, decidiu dar início ao processo de beatificação e canonização de João Paulo II, dispensando os 5 anos normalmente exigidos entre a morte do Servo de Deus e a abertura do processo.
Hoje é dia 13 de Maio!

12.5.05

Cruzes, Credo!

Não sei o que pensa a Associação República e Laicidade da ostentação de cruzes que acompanha tantos eventos internacionais. Como exemplo apresentam-se as bandeiras de sete países da União Europeia, uma das quais (a do retórgardo e autoritário Reino Unido) ostenta não uma, mas três cruzes! A prórpia bandeira da união parece estar ligada às doze estrelas que coroam as imagens de Nossa Senhora da Conceição!!!

E o escudo da bandeira nacional? Escudetes em forma de cruz, referências às cinco chagas de Cristo ou às moedas de prata de Judas? Não deveremos mudar a bandeira?

Incomodam os Crucifixos

O assunto era previsível: depois da pertinaz confusão sobre o referendo ao aborto – que assim se chama sem eufemismos desvirtuantes – vem a questão do Crucifixo nas Escolas. Como sempre o problema é levantado por uma associação desinteressada e benevolente que age pressionada pelos pedidos angustiados de pais, professores e alunos… revoltados mas temerosos das reacções que a sua dissidência provoque, justamente preocupados com a crescente influência ilegal e prepotente da Igreja Católica no Ensino Público o que, obviamente, põe em causa a legitima liberdade religiosa de cada um e a independência do Estado face à Igreja Católica.
Falam de educação integral mas tentam retirar à acção educativa dimensões essenciais…Não o fazem por acaso mas por saberem que estão a criar as condições que permitirão formar pessoas indefesas perante a ideologia reduccionista e totalitária que veiculam.
Falam de liberdade de consciência mas negam a liberdade das consciências.
Como sempre criam factos e situações... inventam números... manipulam os textos legais...
Por isso se transcrevem algumas passagens da Concordata assinada entre a Santa Sé em 18 de Maio de 2004:
“A Santa Sé e a República Portuguesa, afirmando que a Igreja Católica e o Estado são, cada um na própria ordem, autónomos e independentes;
considerando as profundas relações históricas entre a Igreja Católica e Portugal e tendo em vista as mútuas responsabilidades que os vinculam, no âmbito da liberdade religiosa, ao serviço em prol do bem comum e ao empenho na construção de uma sociedade que promova a dignidade da pessoa humana, a justiça e a paz;
Artigo 1
1. A República Portuguesa e a Santa Sé declaram o empenho do Estado e da Igreja Católica na cooperação para a promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz.
Artigo 2
1. A República Portuguesa reconhece à Igreja Católica o direito de exercer a sua missão apostólica e garante o exercício público e livre das suas actividades, nomeadamente as de culto, magistério e ministério, bem como a jurisdição em matéria eclesiástica.
(…)
4. É reconhecida à Igreja Católica, aos seus fiéis e às pessoas jurídicas que se constituam nos termos do direito canónico a liberdade religiosa, nomeadamente nos domínios da consciência, culto, reunião, associação, expressão pública, ensino e acção caritativa.”
(Concordata de 18 de Maio de 2004)

6.5.05

"Eles mentem, eles perdem"?

Recordar-se-ão, sem dúvida, deste cartaz! Apareceu em Março de 2004, numa deturpação claríssima dos factos que rodearam as eleições gerais espanholas: o PP (que se afirmava como provável vencedor) acabou derrotado três dias depois dos atentados de 11 de Março. A derrota foi associada às críticas ao modo como o governo de Aznar tinha abordado os atentados, críticas que se misturaram com as habituais manifestações espontâneas em frente às sedes de Campanha do PP, em pleno dia de reflexão eleitoral. Mais tarde, o governo socialista conseguiu travar um inquérito em que membros do governo anterior procuravam saber porque razão as informações dos serviços secretos tinham chegado mais depressa à sede do PSOE que ao gabinete do Presidente do Conselho de Ministros.
Mas o mais curioso é que o senhor que aparece a cinzento no cartaz, como que excluído, nem sequer era o candidato derrotado!
Procurando pomover uma dinâmica de vitória (tendo em conta que as sondagens da altura favoreciam o candidato democrata nas presidenciais americanas), a esquerda radical procurava capitalizar os benefícios da generalização do seu discurso anti-americano que se gerara em torno do problema iraquiano. Nem se lembraram que o principal beneficiário das críticas seria, para dar o exemplo do caso inglês, o Partido Conservador!
Mas olhemos agora para as outras três figuras: Durão tornou-se presidente da Comissão Europeia no Verão seguinte; Bush obteve uma claríssima vitória numas eleições particularmente participadas; Blair conseguiu, ontem, a re-eleição para o terceiro mandato...
Aviso, desde já, que não pretendo com isto exaltar a estratégia seguida por estes líderes no caso iraquiano. Pretendo, isso sim, chamar a atenção para o reduzido significado que acabaram por ter, em termos eleitorais, as manifestações carnavalescas contra a intervenção no Iraque. Cunhal dizia que o PCP tinha influência social muito superior à sua influência eleitoral... Sem dúvida, e o mesmo se passa com o BE! Mas casos como estes deviam deixar-nos de olhos bem abertos: afinal, o duplipensar continua a fazer parte -e parte importante- do discurso da extrema-esquerda!

4.5.05

O que é o liberalismo?

Um interessante artigo de João Cardoso Rosas, no Diário Económico de hoje.

Ditadura do Relativismo II

O relativismo está a destruir o Ocidente, porque prega a equivalência de todos os padrões morais, impedindo a discussão sobre os padrões. (...) Na verdade, estamos submetidos a uma ditadura dos ‘media’ politicamente correctos: se alguém fala em moral, para nem dizer em religião, acusam-no de fundamentalista e extremista, e ele é obrigado a calar-se. É acusado de fundamentalista evangélico, mas, na verdade, o que hoje temos são secularistas evangélicos que proíbem a discussão da moral e da religião na praça pública.

(J. Carlos Espada, Expresso 30/04/005)

3.5.05

Ratzinger, a Igreja e a pena de morte

Entusiasmaram-se os media em encontrar as fraquezas do novo Papa e eis que começam a citar o então Cardeal Ratzinger:
Quando a pena de morte é legal, o que se faz é condenar um indivíduo que cometeu um delito comprovado de extrema gravidade, e que, além disso, constitui um perigo para a paz social; isto é: castiga-se um culpado. No aborto, pelo contrário, aplica-se a pena de morte a um inocente.
(O Sal da Terra, tradução minha da edição castelhana, p. 220)

A partir daqui surgiu a ideia peregrina de que o Papa é a favor da pena de morte! Esqueceram-se muitos comentadores do contexto (oh, esse chato que tem o poder de destruir qualquer argumento). Ora, o contexto em que surge a frase era a resposta a uma questão. E a questão não era (como tantos terão pensado): o que acha da pena de morte? Ou: deve admitir-se a pena de morte? A questão era saber porque razão a Igreja condena o aborto e tolera a pena de morte. Ratzinger começou a responder ao que lhe foi pedido afirmando que são duas coisas totalmente diferentes, que não admitem comparação. Logo, a discussão deveria morrer aqui! Mas alguns insistiram em comparar (citando Caetano Veloso: Tanto espírito no feto e nenhum no marginal).

Antes de prosseguir só gostava de levantar uma questão: estarão os críticos do Papa dispostos a levar até ao fim a sua crítica? Isto é: se a lógica anti-aborto deveria levar à condenação da pena de morte, não deveria a condenação da pena de morte levar, por maioria de razão, à recusa do aborto?

A resposta de Ratzinger enquadra-se no pensamento da tradição católica, expresso no Catecismo: a pena de morte surge entre os pontos referidos ao homicídio, enquadrada nas situações de legítima defesa. Do mesmo modo que a moral individual não culpabiliza uma acção de duplo efeito que tem por objectivo directo a defesa proporcionada, mesmo que conduza à morte do agressor, a moral social reconhece ao Estado o direito de, tendo por objectivo primeiro a legítima defesa da comunidade, realizar uma condenação à morte.

O problema que se coloca é o de saber em que medida pode um Estado, que teve capacidade para capturar e julgar um determinado indivíduo, afirmar que não tem capacidade para neutralizar a sua acção. Foi este problema que levou João Paulo II a afirmar que o aperfeiçoamento dos sistemas penais torna os casos de pena de morte muito raros, senão mesmo praticamente inexistentes! (cf. Evangelium Vitae, n.º 65).

A doutrina da Igreja não promove a pena de morte. Bem pelo contrário: veja-se o texto que João Paulo II dirigiu ao Conselho Europeu, por ocasião do 50º aniversário da assinatura da Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Mas, numa atitude sensata, não nega que possam surgir situações em que ela seja a única solução. Voltando a pegar nos argumentos dos militantes pró-aborto, é muito frequente ouvir dizer que ninguém é a favor do aborto, mas eu há casos em que… Será que aceitarão a justificação de que a Igreja não é a favor da pena de morte, mas pode haver casos em que…

Esses casos não são os de um Bin Laden qualquer! São as situações em que a ordem pública esteja seriamente ameaçada e as instituições penais ejam incapazes de garantir o cumprimento de outra pena. Por isso, não se pode defender, à luz do Catecismo, a re-introdução da pena de morte no ordenamento jurídico português. Do mesmo modo, não me parece que o Catecismo justifique a existência de pena de morte nos EUA. Aliás, a pena de morte não está prevista no ordenamento penal do Estado da Cidade do Vaticano. O Catecismo da Igreja Católica não faz uma excepção cultural, ao estilo daquela que o Parlamento português aprovou para os touros de morte em Barrancos. Prevê é que, em determinadas circunstâncias históricas, poderá não haver alternativa. Afinal, é a mesma atitude sensata que levou os teólogos jesuítas da era moderna a defender a direito à revolta e ao tiranicídio!

Ditadura do Relativismo

A banalização da vida é o primeiro passo para a banalização do mal. Os alemães que se recordam do nazismo sabem isso muito bem, e não é por acidente que na Alemanha existe uma enorme resistência à legalização da eutanásia. Se a eutanásia é hoje apresentada como banal pelos ‘media’, isso deve-se à feroz destruição dos nossos padrões morais que tem sido operada pela nova ditadura politicamente correcta: a ‘ditadura do relativismo’, se os cavalheiros me permitirem citar o novo Papa da Igreja católica romana.

(Citado por J. Carlos Espada, Expresso, 30/04/005)

Importância das Maneiras

(...) as maneiras são mais importantes do que as leis. Delas dependem, em grande parte, as leis. A lei toca-nos apenas aqui e ali, de vez em quando. As maneiras é o que nos agride ou conforta, nos corrompe ou purifica, nos degrada ou enobrece, nos barbariza ou refina, através de uma operação constante, firme, uniforme e insensível, como o ar que respiramos. Elas dão toda a cor e forma às nossas vidas. Consoante a sua qualidade, elas ajudam a moral, fornecem-na, ou então destroem-na completamente.

(Edmund Burke, citado por J. Carlos Espada, Expresso, 30/04/005)

1.5.05

1 de Maio - ainda o dia do trabalhador

Passei, ao meio da tarde, pelo Campo Grande. Ali ao lado, em frente à Reitoria, Carvalho da Silva perorava acerca dos direitos dos trabalhadores: saúde, educação, emprego, etc...
Mas a voz do dirigente sindical só graças à amplificação conseguia sobrepor-se aos pregões das ciganas, que vendiam aos trabalhadores, por uns poucos de euros, verdadeiras falsificações das marcas do capital: Gant, Burberrys, Tommy, Polo...
Acontece isto todos os anos: logo que se sabe onde são as comemorações, aí vêm os feirantes pintar o chão das ruas, reservando um espaço o mais próximo possível dos tribunos.
Como lamentei não ter à mão uma máquina fotográica, para enviar aos meus amigos liberais os testemunhos desta sobreposição espontânea da grown order sobre a made order tão almejada pela CGTP!

1 de Maio - Dia do Trabalhador

Considerações cristãs sobre o trabalho:

[...] receive everyone who comes in the name of the Lord, and prove and know him afterward; for you shall have understanding right and left. [...] If he wants to stay with you, and is an artisan, let him work and eat. But if he has no trade, according to your understanding, see to it that, as a Christian, he shall not live with you idle. But if he wills not to do, he is a Christ-monger. Watch that you keep away from such.

(Didaché, séc. II)

(E, para quem tiver mais tempo, sugiro a Laborem Exercens, de João Paulo II)

1 de Maio - Dia da Mãe


Um presente para a Mãe!