31.3.05

Requiem...

... aeternam dona ea, Domine,
et lux perpetua luceat ea.
Requiescat in pace.
Amen.


Uma surpresa agradável!

Com o Público de hoje chegou a revista Atlântico que, a manter-se como neste primeiro número, pode ser uma contribuição relevante para o reequilíbrio do debate ideológico e político em Portugal.
Após uma priemeira leitura, destacam-se os textos de Rui Ramos, sobre os desafios que se colocam ao novo governo, e de Paulo Tunhas, sobre a Omnipotência do Pensamento e Narcisismo Intelectual.
Também num texto de Luciano Amaral, sobre as razões do fracasso dos EUA no Vietname, se apresenta um argumento sobre a incapacidade da esquerda em reavaliar a importância da Guerra do Vietname, argumento que pode ser alargado à sua incapacidade para avaliar todo o século XX:
Claro que estas pessoas [que, nos anos 70, exigiram a retirada incondicional dos EUA] nunca farão semelhante reavaliação. Porque, acaso o fizessem, colocariam a sua própria identidade em questão. O que abriria uma perspectiva completamente nova sobre o século XX mundial. Uma perspectiva na qual o seu (como hoje sabemos) não seria o lado certo da História.
(Luciano Amaral, A Guerra que a América Não Quis Ganhar, in Atlântico, n.º 1, Abril 2005)

Insurgências

Há alguns dias figura nas Partidas das Catacumbas O Insurgente. Porquê?
Em primeiro lugar, para agradecer a’O Insurgente a colocação das Catacumbas nas suas listas que, segundo creio, se deve ao João.
Depois, porque já antes do aparecimento d’O Insurgente acompanhava os textos do mesmo João no Valete Fratres, do Picuinhas e do FCG no Picuinhices e do AAA na Causa Liberal.
O Insurgente é um blog claramente liberal, do liberalismo clássico filiado em Adam Smith ou John Locke e recuperado no século XX por Hayeck. Algumas posições aí defendidas são claramente contrastantes com posições das Catacumbas, nomeadamente o tratamento de alguns dos insurgentes sobre a doutrina e a moral católicas ou alguns aspectos de doutrina social. Mas a sua defesa sincera da liberdade permite um diálogo que seria impossível com os radicais quer da esquerda quer da direita.
Para as Catacumbas há quatro ou cinco dogmas (os contidos no Credo). Em tudo o resto vemos a liberdade não como um mal necessário, mas como um talento, um dom divino. Omitir um dos melhores blogs portugueses não seria ser mais papista que o Papa: seria ser mais teísta que Deus.

Testemunhos de Esperança (II)

A propósito dos recentes debates sobre a eutanásia (os filmes Mar Adentro e Million Dollar Baby ou o caso de Terri Shiavo), recordei a história singular de um sacerdote tetraplégico espanhol. Apesar das suas limitações, desenvolve um trabalho pastoral e académico vastíssimo, que pode ser conhecido aqui. O seu segredo foi o nunca se ter sentido só. Esse é o segredo para qualquer morte com dignidade: quem ama e é amado não deseja morrer! Pode dar a vida, como tantos exemplos o provam; mas não pode desejar morrer!

Socialismo e Tolerância

A JS reagiu mal à posição de Marques Mendes ao não concordar com o referendo sobre o aborto em Junho próximo e chamou-lhe chantagista. A conversa é sempre a mesma. Estes defensores do eugenismo, da tolerância voltaireana e da cultura de morte, quando alguém, por honradez intelectual, concorda com alguma das suas ideias, aproveitam-se dessa atitude para potenciarem o valor daquilo que defendem; se, pelo contrário, pelos mesmos motivos de honradez intelectual, alguém discorda das suas posições, é logo insultado como reaccionário, católico ultramontano, hipócrita, intolerante, chantagista... Dizem-se democratas mas o seu comportamento é o próprio dos defensores dos regimes totalitários.
Vale a pena recordar que Hitler e Mussolini eram socialistas.

30.3.05

Cristãos nas Catacumbas (II)

O Secretariado Italiano da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre publica anualmente um Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo. A versão de 2004 foi a primeira a ser traduzida para português, reunindo textos em que se descrevem, por países, a legislação e as práticas restritivas da liberdade religiosa. Um interessante guia para ajudar a compreender melhor o mundo em que vivemos.

29.3.05

Por um referendo diário sobre o aborto

Excelente artigo de António Pinheiro Torres, no Público de ontem:
(...) faz falta mais do que um referendo sobre o aborto. Faz falta que a questão se ponha realmente na sociedade portuguesa e de uma vez por todas sejam obtidas respostas inequívocas. Isto é que todos os dias os portugueses, e quem nos governa, se ponham e respondam à questão: "Concorda que em Portugal seja possível uma mulher dizer: "eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse"?".

Cristãos nas Catacumbas

Num artigo da Spectator, Anthony Browne chama a atenção para o facto de, nos nossos dias, 200 milhões de cristãos enfrentarem a violência devido à sua fé, enquanto pelo menos 350 milhões são vítimas de discriminação legal no acesso ao emprego e à habitação. Os cristãos constituem, assim, o maior grupo vítima de discriminação a nível mundial! Apesar de algumas imprecisões nos parágrafos finais, vale a pena ler o texto:
Christians are no longer, as far as I am aware, thrown to the lions. But from China, North Korea and Malaysia, through India, Pakistan and Sri Lanka to Egypt, Saudi Arabia and Turkey, they are subjected to legalised discrimination, violence, imprisonment, relocation and forced conversion. Even in supposedly Christian Europe, Christianity has become the most mocked religion, its followers treated with public suspicion and derision and sometimes — such as the would-be EU commissioner Rocco Buttiglione — hounded out of political office.
(Anthony Browne, Church of Martyrs, Spectator)

28.3.05

Onde é que isto vai parar? (III)

O caso de Terri Schiavo é uma concretização de que, no nosso mundo delirante, o único limite é a imaginação: nos EUA, deixar um animal morrer à fome é crime e pode dar pena de prisão; não deixar uma mulher morrer à fome é crime e pode dar pena de prisão!

27.3.05

Muito obrigado, Sr. D. José!

Ao longo desta semana, nas diversas celebrações do Tríduo Pascal, o Sr. D. José Policarpo assumiu com inteligência e frontalidade as posições que, como Patriarca, lhe eram exigidas sobre assuntos relevantes dos últimos tempos:
- esclareceu que a atitude do Pe. Serras Pereira, mesmo que não sendo a mais acertada do ponto de vista pastoral, é conforme à santidade da Eucaristia, e pode ser exigida por essa mesma santidade:
(...) pode haver casos em que, devido à matéria, a situação de pecado é pública, tornando-se então o acesso à Eucaristia numa profanação pública da santidade desse sacramento. Nesse caso compete à Igreja defender, também publicamente, a santidade da Eucaristia, não admitindo à comunhão eucarística aqueles que se mantêm publicamente numa situação moral, claramente definida nas normas morais, incompatível com a santidade deste sacramento.
(D. José Policarpo, O Mistério três vezes santo, Homilia da Missa da Ceia do Senhor, 24. III. 2005)
- esclareceu também que as correntes que criticam a historicidade de Cristo ou a Sua Divindade são incompatíveis com a fé da Igreja. Mais que a crítica a O Código da Vinci, creio que o Patriarca se referia a obras como A Verdadeira História de Jesus, que suscitaram a preplexidade entre os fiéis ao contarem com a anuência pública e publicada de teólogos, sacerdotes e alguns bispos.
Jesus Cristo voltou a estar na moda, na literatura, na arte, nos “media”, que procuram apresentá-l’O apenas como um homem, extraordinário porventura, mas sujeito aos limites da raça humana, não se hesitando, por vezes, em falsear a verdade histórica dos Evangelhos, chegando a acusar-se a Igreja de ter inventado a fé na Ressurreição e escondido a verdade histórica acerca de Jesus.
(D. José Policarpo, Ressurreição de Cristo, o Kerigma cristão, Homilia da Missa da Ressurreição do Senhor, 27. III. 2005)
Pela sua clareza e coragem, muito obrigado, Sr. D. José!

Testemunho de Esperança


Hoje, João Paulo II apareceu na sua janela.
Apareceu. Não se lhe ouviu uma palavra. Foram os seus gestos que falaram!
O Papa chorou por não conseguir corresponder ao apelo de tantos que lhe manifestavam o seu carinho entre as colunatas de Bernini! Mas não pôde falar!
Mas o Papa fez o essencial: os gestos: o agradecimento; o levar as mãos à cabeça em sinal de lamentação por uma situação tão constrangedora como o não poder responder; a Bênção!
Um documentário do jornalista italiano Alberto Michellini sobre a vida de João Paulo II destacava a importância dos gestos na sua vida: as visitas simbólicas às Nações Unidas, a Aushwitz, ao Monte das Cruzes, ao Monte Nebo e ao Sinai, ao Yad Vashem e ao muro das lamentações; a cerimónia do perdão; a cruz dos jovens; a entrega da bala que o atingiu ao Santuário de Fátima…
Muitas personagens que o contactaram de perto relatam essa força dos gestos na sua vida: um bispo descrevia como o via usar óleo abundante na consagração de um altar; as imagens da televisão mostravam-no a usar muita água na celebração do baptismo; e a intensidade do seu recolhimento (mesmo em cerimónias multitudinárias) tornou-se contagiante em Fátima, em Santiago de Compostela, em Lisboa, e Czestochowa, em Roma, em Paris ou em tantos locais onde se encontrou com milhões de pessoas.
O Papa não precisa de falar! Um refrão que os inevitáveis espanhóis não cessam de gritar nos seus encontros com o Papa diz: Se nota, se siente: el Papa esta presente! Palavras para quê? Com a sua presença corajosa, com o seu exemplo, o Papa não tem que falar para mostrar que é, verdadeiramente, um Testemunho da Fé, da Esperança e do Amor!

Surrexit Dominus Vere: Alleluia!

Caravaggio, A Incredulidade de S. Tomé.

26.3.05

Surrexit Christus Spes Mea: Alleluia!

Giotto, Noli Me Tangere (Basílica de Assis)

25.3.05

Sexta-feira Santa

Jesus é o grão de trigo que morre. Do grão de trigo morto começa a grande multiplicação do pão que dura até ao fim do mundo: Ele é o pão de vida capaz de saciar em medida superabundante a humanidade inteira e dar-lhe o alimento vital: o Verbo eterno de Deus, que Se fez carne e também pão, para nós, através da cruz e da ressurreição. Sobre a sepultura de Jesus resplandece o mistério da Eucaristia.

Lindíssima esta Via-Sacra que o Cardeal Ratzinger preparou para a noite de hoje!

24.3.05

Quinta-feira Santa

Transcrevo uns versos populares encontrados numa capela deste país... A qualidade literária não é notável; também o não é a reflexão teológica: mas é uma singela manifestação desta aproximação ao mistério que é a Fé:
Queria agora, com fervor
Fazer-Te um canto de amor
Tão terno, tão inflamado
Mais pungente do que um fado
P'ra cantar o Teu louvor
Tu que foste castiqado
Com a pena do pecado
Que a Tua alma não merecia
Ficaste na Eucaristia
Para sempre ao nosso lado
Oh Virgem Santa Maria
Causa da nossa alegria
Que eu não deixe de cantar
A Jesus que quis ficar
Escondido na Eucaristia

20.3.05

Gritarão As Pedras

Com a agudeza de espírito que lhe é reconhecida Chesterton narra um diálogo entre duas personagens, Lúcifer e Miguel. Conta este, a história de um indivíduo que, impulsionado pelo ódio aos símbolos religiosos, começou por não tolerar qualquer cruz em sua casa, prosseguiu destruindo os cruzeiros dos caminhos e, certa noite, numa arrancada vitoriosa subiu ao campanário da igreja e brandiu aos céus, a cruz que o encimara. Tinha destruído, supunha ele, os símbolos da barbárie religiosa existentes na sua terra. Mas, numa cálida tarde de verão, passeando pelos campos, encontrou-se frente a uma vedação de madeira e constatou, desatinado, que ela era formada por inúmeras cruzes, unidas, que se perdiam no horizonte…Fora de si, começou a destrui-las. Quando chegou a casa, cansado pelo esforço sentou-se numa cadeira mas constatou, horrorizado, que ela era formada por travessas de madeira que se cruzavam representando o símbolo detestado…e que o mesmo sucedia com os móveis, … com os caixilhos, … com as paredes, … com o telhado…
Acabou destruindo a casa, porque…toda ela feita de cruzes, … (Cfr. La Esfera Y La Cruz, Cap. I)

Vem esta história a propósito das tentativas promovidas por alguns sectores da sociedade, e que a Globalização vai estendendo a todo o mundo, de reduzir a exigência religiosa a um conjunto light de práticas civilizadamente correctas.
As origens recentes desta atitude radicam no Iluminismo Francês, gnóstico, racionalista, defensor de uma liberdade egoísta e não solidária de macaco em jaula (a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro), incapaz de aceitar a existência de uma religião revelada, e, por isso mesmo, ferozmente anticatólico. É este Iluminismo que influenciou parte da intelectualidade da Europa Continental e dos seus governantes.
Pretende-se hoje, mais uma vez, insidiosamente, em nome de uma falsa liberdade e da não intromissão do religioso no profano, impedir a difusão da doutrina de Cristo, retirar aos cristãos a liberdade de expressão de pensamento e manifestação pública das suas legitimas crenças, remetê-los à intimidade dos seus templos, das suas casas das suas consciências, …e, enquanto existirem, exibi-los no recinto de um parque pedagógico, devidamente isolado para evitar que a contaminação passe para o exterior, onde se mostre aos cidadãos como é prejudicial manter-se fiel “a convicções contrárias à razão humana, arcaicas e fora de moda, impeditivas do progresso dos povos e da civilização”.
Nada disto é novidade nos 2000 anos de Cristianismo e assim continuará até ao Fim dos Tempos.
Fundada por Jesus Cristo, vocacionada para ser fermento, a Igreja sobreviveu ao longo dos séculos, apesar da fragilidade dos seus membros, da incompreensão de alguns, quantas vezes marcada pelo ódio militante (ecrasez l`infâme gritava Voltaire), e pela passividade expectante de muitos, a gravíssimas vicissitudes que são, humanamente, a mais evidente prova da sua fundação divina.
Acredito, por isso, sem triunfalismos mas fundamentado numa Fé que transporto em vaso de barro, que, se alguma vez a Besta que, através dos tempos torna cada mulher e cada homem participantes do Apocalipse, conseguir, por momentos, calar a voz dos crentes, gritarão as pedras. (Cfr. Lc 19, 37-40).

19.3.05

O centro como afirmação

(Resposta a um desafio de R@)
Muitos dos comentários feitos à aceitação por Freitas do Amaral em integrar um governo do PS parecem-me perigosos. O Prof. Freitas do Amaral deu umas tantas cambalhotas ideológicas nos últimos anos. Mas confesso que vê-lo num governo de centro-esquerda não é a que mais me impressione. Não se trata da primeira pessoa do CDS a integrar ou viabilizar governos liderados pelo PS: ainda antes das legislativas vimos como Portas se apressou em fazer as pazes com o deputado do queijo.
Considero perigosos esses comentários na medida em que se baseiam numa dicotomia simplista e redutora entre esquerda e direita. De acordo com tal dicotomia, não há alternativa entre a direita (que se caracteriza pelo liberalismo económico como modelo de organização interna e pelo unilateralismo nas relações internacionais) e a esquerda (solidária e internacionalista). Fora disto, tudo seriam tergiversações que dariam origem ao centrismo flutuante e oportunista, que corresponde, no fundo, à negação de convicções em favor da obtenção do poder.
A existência de convicções é necessária e urgente: mas isto não significa que ao afirmar uma convicção tenhamos que arrostar com todas as outras que, estatisticamente, lhe estão associadas. Da crítica à intervenção americana no Iraque não pode deduzir-se, de modo nenhum, a defesa da alterglobalização, a crítica do código do trabalho ou a luta pelo sistema nacional de saúde… Do mesmo modo, da crítica da liberalização do aborto não pode deduzir-se a defesa do liberalismo económico, a crítica da pena de morte ou a defesa da intervenção americana no Iraque.
Há, sem dúvida, um centrismo de negação, que corta nas convicções à direita e à esquerda, em favor do poder: é o centrismo do politicamente correcto. Mas há um centro que não é negação: é um centro que se compromete com a natureza pessoal do homem e que, como consequência, recusa quer o liberalismo quer o socialismo radicais; afirma que, da dignidade da pessoa derivam dois princípios na ordenação da vida social: em relação ao indivíduo, o princípio da solidariedade; em relação ao Estado, o princípio da subsidiariedade.
Estes dois princípios comprometem cada indivíduo com a sua liberdade, que devem viver de modo responsável: são responsáveis por si próprios e são responsáveis pelos outros; são responsáveis perante si próprios e responsáveis perante os outros. Estão vinculados aos outros, escapando ao atomismo pela sua responsabilidade; são pessoalmente livres, fugindo assim ao colectivismo.
Sendo os consensos alargados tão difíceis de atingir numa sociedade pluralista, este entendimento da vida política parece muito mais apto para a criação dos compromissos necessários à convivência social. Das suas consequências de ordem mais prática procuraremos tratar em outras ocasiões.

Patriarca interior do dia-a-dia


Como presente para o Dia do Pai sugiro o belíssimo texto de João Bénard da Costa, aparecido no Público de ontem. Bom fim de semana!

16.3.05

Branqueamento :-)

O Público retirou a notícia sobre o index... (veja-se a mesma hiperligação, agora para o vazio!)

Cuidado com a televisão

Depois da comparação de Salazar a Mao Tse-Tung, eis que hoje, ao falar do grande Alexandre, sou interrompido por um aluno, com a maior das seriedades:
- O Alexandre Frota!
Como se não bastasse, no final fui confrontado com uma objecção historiográfica de grande peso contra a história que eu narrara:
- Isso não vem no filme!

15.3.05

Obviamente, falso!

O Público apresenta um artigo intitulado "Código Da Vinci" na lista dos livros proibidos pelo Vaticano. No texto esclarece-se que essa lista é o conhecido Index librorum Prohibitorum, que todos terão conhecido ao estudar história no 8º ano. Nem todos saberão (o autor da notícia não sabe, com certeza) é que o Index foi extinto em 1966.
Só o título revela, portanto, toda a credibilidade da notícia…

Assim se vê a força do PC

Falando ontem com um grupo de gente nova, veio à conversa Mao e a Revolução chinesa. Um dos presentes, espantado com os factos narrados, apenas pode exclamar:
- Ena: isso ainda é pior que o Salazar!!!
Este rapaz é um menino burguês, aluno de uma escola conservadora de Lisboa! Que dirão os alunos das outras escolas?

12.3.05

A Família: âmbito natural do amor

A Família é, numa definição de Pedro Juan Villadrich “a sociedade natural onde se nasce, se cresce e se morre como pessoa”.
Sociedade natural porque, próprio da natureza humana é que um homem e uma mulher que se amam decidam unir as suas vidas e serem uma só carne. Desta decisão livre e responsável – o Pacto – brota um Vínculo que os une enquanto ambos viverem. Porque esta decisão tem repercussões não apenas na sua vida pessoal mas também na sociedade se afirma, com razão, que a família é de fundação matrimonial. E porque no matrimónio o homem e a mulher fazem dom, um ao outro, respectivamente da sua masculinidade e da sua feminilidade se diz também que o matrimónio é um com uma e para sempre porque é contra a dignidade da pessoa humana ser considerado um objecto descartável de usar e deitar fora. Com efeito, de quem aceita receber do outro a entrega confiada da sua intimidade materializada no dom da sua masculinidade ou feminilidade complementar apenas se pode esperar que retribua com amor e respeito enquanto ambos viverem.
Sociedade natural onde se nasce como pessoa porque, consequência normal da relação intima dos cônjuges é o aparecimento de uma nova vida humana.
Cada vida gerada é uma prova da confiança de Deus nos Homens, é um apelo à generosidade, à ajuda solidária porque ninguém tem o direito de afirmar: a tua vida não merece ser vivida, ou porque não és oportuno, tu não tens direito a realizares-te como pessoa e eu mato-te.
Por isso o aborto é um crime hediondo.
Sociedade natural onde se cresce como pessoa porque cada criança tem direito a desenvolver, harmoniosamente, todas as suas capacidades. E isto só é possível tendo uma família estável, onde possa receber do pai e da mãe, as influências adequadas ao desenvolvimento da sua personalidade. Realmente não foi por acaso que a sábia natureza tornou necessária a participação de um homem e de uma mulher na geração de uma nova vida humana.
Sociedade natural onde se morre como pessoa, porque cada ser humano tem direito a terminar a sua aprendizagem – o Povo diz com razão: até morrer aprender – com a dignidade que lhe é própria, na hora certa, nem antes nem depois. E a Família é, pela sua natureza, o lugar mais propício para que cada pessoa seja ajudada a beber até à última gota o cálice amargo e doce da vida terrena e a apresentar-se, devidamente preparado ao entrar na vida eterna.


Bom fim-de-semana!

Caspar Friedrich, Entardecer

11.3.05

Onde é que isto vai parar? (II)

Se alguém tiver achado exagerado o post anterior, a Paróquia do Minho cita um texto de Peter Singer que prova que o único limite remanescente é o da criatividade humana! Quem achar que o texto é irónico desengane-se: Singer é um dos mais destacados defensores do infanticídio, com base numa antropologia que parte da noção de direito à vida viável...

10.3.05

Onde é que isto vai parar?

Primeiro o aborto... Depois a eutanásia… Segue-se a equiparação dos pares gay ao matrimónio… Logo a seguir sugere-se a adopção de crianças por esses pares... E porquê apenas pares? Porque não reconhecer os triângulos amorosos ou mesmo outros polígonos: não é isso frequente no octógono amoroso de 1 homem + 7 mulheres permitido no Corão?... Obviamente que, nessa altura, a relação entre família e reprodução só pode ser considerada como um resquício arqueológico: o polígono amoroso encomenda a um laboratório o número determinado de clones, de acordo com a escolha criteriosa do género e das cores de olhos e cabelo nos catálogos dos designers da moda…
Delírio? Temo que não: a distinção entre vidas que merecem ser vividas e as que o não merecem – a possibilidade de considerar a vida uma coisa – destruiu qualquer ideia de limite: o único limite remanescente é o da criatividade humana!

9.3.05

Duc in Altum / Mar Adentro

DUC IN ALTUM é uma expressão com que Cristo, vários Santos ao longo da História da Humanidade e o actual Papa animaram os cristãos e os homens de boa vontade a serem protagonistas da sua própria existência, a descobrirem que a sua vida tem sentido, a assumirem com garbo, no quotidiano o significado e o valor das alegrias e das tristezas, da saúde e da doença, dos sucessos e dos fracassos, do trabalho e do lazer, das insónias e do sono repousado, da abastança e da pobreza, dos encontros e desencontros, da ofensa e do perdão, dos egoísmos mesquinhos e da partilha generosa, das tibiezas e das decisões valorosas, da relação que nos leva a conviver e a crescer como pessoa com aqueles que a vida colocou na nosso caminho…. E tudo isto por amor esperançado, por ajuda mútua, por respeito pela nossa dignidade e pela alheia, por nos sabermos filhos do mesmo Pai que nos vai ajudando e nos espera no fim do caminho.

MAR ADENTRO, pelo contrário é a narração filmica da vida e da morte desesperançada de Ramón Sanpedro que, como afirma Javier Bardem, o actor que o personifica, “É a história de uma pessoa cujo único Deus é a sua consciência, o que torna o homem mais livre e mais humano”. Nesta atitude consiste o mais grave problema do Homem e que tem a sua origem nos primórdios da Humanidade. O “sereis como deuses” do Génesis que perpassa e afaga cada ser humano ao longo da História, é hoje uma crença idólatra e ingénua de muitos. Agir de acordo com esta proposta da serpente é aceitar o orgulhoso equívoco de que o Homem, pelos dons recebidos, é, apenas, aprendiz de feiticeiro mas que, apesar dessa limitação, pode ser, simultaneamente, criador e criatura e, em consequência, dono de si próprio.
Usar arbitrariamente a Liberdade de que é dotado para fazer o que lhe apetece, não é dignificante nem próprio da natureza humana. Liberdade humana é, numa magnífica definição de Tomás Alvira, “a energia interior que me permite servir as pessoas por amor e dominar as coisas pelo saber”

8.3.05

100 visitas! Muito obrigado!

Repito as palavras de Sophia:
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

PCP propõe a revisão do Código do Trabalho

Também concordo (talvez por razões diversas...)

A situação actual
Expresso, 5.III.2005: Portugal é o país da OCDE com legislação laboral mais restritiva.
O resultado
Há uns dias, enquanto levantava uma encomenda numa estação dos CTT, a funcionária comentava com uma colega a sua preocupação sobre os possíveis resultados de uma incompetência. Tanto quanto entendi, esquecera-se de registar o desvio da correspondência de uma empresa para uma nova morada, facto que causara evidentes transtornos à empresa. A resposta da colega foi:
- Já falaste com o sindicato?
Enquanto ia tratando do meu pedido, aproveitou para narrar o sucedido a outra colega. Resposta idêntica:
- Fala com o sindicato e ninguém se atreve a fazer-te nada…
Pois não: entretanto eu demoro 35 minutos a levantar a encomenda!

Quando Deus fez a Mulher

Quando Deus fez a mulher, já estava a trabalhar há seis dias consecutivos.
Apareceu um anjo que Lhe perguntou: "Meu Deus, porque estás a perder tanto tempo com esta criatura?"
Ao que Deus respondeu:"Já viste a minha lista de especificações para este projecto? Ela tem que ser completamente leve… mas sem ser de plástico, tem mais de 200 partes móveis, todas insubstituíveis, é capaz de sobreviver à base de Coca-Cola Light e restos de comida, tem um colo capaz de segurar em quatro crianças ao mesmo tempo, tem um beijo capaz de curar qualquer coisa desde um arranhão no joelho a um coração ferido e faz isto tudo apenas com duas mãos."
O anjo ficou estupefacto com estas especificações. "Só duas mãos!? Impossível! É este o modelo normal? É muito trabalho só para um dia. É melhor acabares só amanhã."
"Nem pensar", protestou Deus. "Estou quase a acabar esta criatura que me é tão querida. Ela já é capaz de se curar a si própria quando fica doente. E consegue trabalhar 18 horas por dia."
O anjo aproximou-se e tocou na mulher."Mas fizeste-a tão macia e delicada, meu Deus".
"Sim, mas também pode ser muito resistente. Nem fazes ideia do que ela pode fazer e aguentar."
"E ela vai ser capaz de pensar?" perguntou o anjo.
"Não só é capaz de pensar como capaz de negociar e convencer".
O anjo então reparou num pormenor e tocou na cara da mulher: "Ups, parece que Tens uma fuga neste modelo. Eu disse-Te que estavas a tentar fazer demais numa criatura só."
"Isso não é uma fuga, é uma lágrima."respondeu Deus
"E para que é que isso serve?" perguntou o anjo.
"A lágrima é o seu modo de exprimir alegria, pena, dor, desilusão, amor,solidão, luto e orgulho."
O anjo estava impressionado."Só um génio, meu Deus. Pensaste em tudo."
E de facto as mulheres são verdadeiramente espantosas. Têm capacidades que surpreendem os homens. Carregam fardos e dificuldades, mas mantendo um clima de felicidade, amor e alegria. Sorriem quando querem gritar. Cantam quando querem chorar. Choram quando estão felizes e riem quando estão nervosas.Lutam por aquilo em que acreditam e não aguentam injustiças. Não aceitam um "não" quando acreditam que existe uma solução melhor. Prescindem de tudo para dar à família. Vão com um amigo assustado ao médico. Amam incondicionalmente.Choram quando os seus filhos são os melhores e aplaudem quando um amigo ganha um prémio. Ficam radiantes quando nasce um bebé ou quando alguém se casa. Ficam devastadas com a morte de algum ente querido, mas mantêm a força de alma para além de todos os limites. Sabem que um abraço e um beijo podem curar qualquer desgosto. Existem mulheres de todos os formatos, tamanhos e cores.Elas conduzem, voam, andam, correm ou mandam emails só para mostrar que se preocupam contigo. O coração de uma mulher mantém este mundo a andar. Elas trazem alegria, esperança e amor. Dão apoio moral à sua família e amigos. As mulheres têm coisas vitais a dizer e tudo para dar.
QUE NUNCA SE ESQUEÇAM DESSA REALIDADE

Autora Desconhecida

7.3.05

E nunca as minhas mãos ficam vazias

Tinha dúvidas em continuar... Obrigado Sebastião! Obrigado Maria!

Aborto e Holocausto

“Devemos seguir nestas regiões de Este, uma política demográfica conscientemente negativa. È necessário, por todos os meios da propaganda, em particular pela imprensa, pela rádio, (…). Inculcar na população russa a ideia de que um grande número de filhos só representa uma carga pesada. É necessário insistir nos gastos que as crianças provocam, nas coisas materiais que se poderiam adquirir com o dinheiro que se gasta com elas. Poderá igualmente fazer-se alusão aos perigos que derivam para a saúde da mulher como consequência dos partos.”…
“(…)Nem a difusão, nem a venda de anticonceptivos, nem o aborto deverão ser perseguidos por lei. É necessário facilitar a criação de instituições especiais para o aborto,, treinar para o efeito parteiras e enfermeiras.”
“A população recorrerá ao aborto com maior frequência se este se realizar em boas condições.; os médicos devem participar neles sem prejuízo da sua honra profissional. Deve também recomendar-se, na propaganda, a esterilização voluntária”

Hitler “Sobre a Teoria do Genocídio de Efeito Retardado” 1940.
(Ordem de Serviço para promover o Genocídio o Povo Russo)

Granito

Antes que seja tarde

Tudo o que se disse sobre o Porto pretende destacar as suas virtudes sem menorizar qualquer outra cidade ou região do país que terá, por certo, outros encantos.
Nada do que se disse sobre o Porto de deve aplicar aquela zona da cidade antes chamada Antas e agora conhecida por Dragão, à espera da morte de Quem-Nós-Sabemos!

A Pronúncia do Norte

Após sair do sofisticado pacote que é o comboio Lisboa/Porto, na estação de Campanha ouve-se através dos altifalantes: “Sinhuores passageiros…”
Depois, começamos a atravessar a cidade. Não encontramos ali os projectos monumentais de uma Basílica da Estrela, de um Mosteiro dos Jerónimos ou de um São Vicente de fora, beneficiários do patrocínio régio. Mas deparamo-nos com uma sincera arquitectura granítica que pretende destacar o vigor e a capacidade empreendedora dos promotores: as ordens que rivalizam sobre quem tem o templo mais grandioso, os vistosos edifícios da Praça e dos Aliados, as casas burguesas da Boavista e da Foz ou os armazéns da Ribeira e de Gaia.
O Porto é liberal: de um liberalismo genuíno… pouco teorizado, talvez, mas genuíno, próprio de quem está longe dos centros do poder e sofrendo a influência de intensas relações comerciais com a Inglaterra. Tem o que falta a Portugal: uma burguesia sólida, culta, sem complexos de não ser aristocrática.
Uma burguesia que prefere uma casa da Siza ou Souto Moura às piroseiras da Quinta da Marinha ou da Penha Longa. Isto diz tudo!

6.3.05

Bom Dmingo

Caspar Friedrich, Árvores com Corvos.

Vou continuar

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia

5.3.05

Desculpas...

Estou em dívida com o Sebastião, com o Apolónio, com a Armila, com a Maria, com o Matthaus, com o Gonçalo e com o R@... Eu sei que não tenho respondido ao que me pedem... É o trabalho do um blogger não profissional!
De qualquer modo, comentem... antes que, ao receber o próximo relatório do sitemeter (na sexta-feira), me volte a questionar sobre se devo continuar...

Rescaldo

O Estado é laico, o cristianismo pode estar fora de moda na pós-modernidade, os Óscares premeiam a cultura da morte, etc., etc., etc.…
No entanto, as páginas dos nossos jornais estiveram longe de ficar indiferentes às hospitalizações do Papa, ao falecimento da Irmã Lúcia ou aos comentários de eclesiásticos, desde D. Januário ao Pe. Lereno. Ensinaram-nos os nomes dos mais relevantes cardeais, passagens do Catecismo da Igreja Católica e Cânones do Código de Direito Canónico! Isto para não falar dos êxitos de obras como O Código da Vinci e A Verdadeira História de Jesus
No rescaldo desta moda religiosa deixo algumas sugestões:

Já agora, passem também pelo Rectângulo, e pel'O Insurgente...

Paróquia do Minho, 1868

Uma boa descoberta na blogosfera, esta paróquia minhota...
Já repararam como, depois de destruir o Alentejo, a esquerda radical se empenhou tanto em pescar votos no Porto, em Braga e em Viana? Há que resistir com coragem!

Indisciplina

Num interessante artigo publicado na Spectator, Rod Liddle explica o óbvio (é uma pena que seja necessário fazê-lo): os nossos alunos portam-se tão mal porque não há nada que os professores possam fazer para que eles se portem melhor sem correrem o risco (no mínimo) de um processo disciplinar.
The greatest crime is to infringe a child’s rights, regardless of whether the rights of other children, or teachers, are infringed through the failure to impose corrective discipline in the first place. Right now, teachers are powerless. They are prohibited from almost all forms of physical restraint against their aggressive and violent charges. They have been forced to rely upon a lengthy and complex complaints procedure which often achieves nothing. And we wonder why our kids are more aggressive and violent these days.

3.3.05

Serras Pereira (II)

Quando, a propósito do resultado eleitoral, falei do desequilíbrio do discurso público nacional, era em casos como este que estava a pensar. No jornal em que li o famigerado comunicado, publicam-se diariamente mensagens de clínicas que realizam aborto a pedido em Badajoz; publicam-se mensagens em que morenas charmosas se apresentam como companhia agradável; publicam-se anúncios em que professor Karamba destaca a sua mestria em diversas técnicas de feitiçaria, desde a leitura nas vísceras à interpretação dos astros e aos casos de mau olhado… Para não falar já da prosa lastimável de alguns artigos de opinião em que, por vezes, encontramos teorias tão abstrusas como a de que os portugueses não lêem devido ao frio (sempre pensei que era devido ao calor!!!). Estas situações têm suscitado, por vezes, polémicas… Mas quantas delas chegaram às primeiras páginas?
Era este o motivo do espanto manifestado no post anterior: porque é que a defesa da doutrina católica por um sacerdote há-de ser motivo de escândalo? Quem é que não sabia que a Igreja considerava a prática e a promoção do aborto, da contracepção e das técnicas de fecundação in vitro como gravemente atentatórias à dignidade humana e, portanto, pecados graves? Quem é que não sabia que as pessoas em pecado grave não podem receber a comunhão? A lógica do silogismo é simples: as pessoas que praticam ou promovem o aborto, a contracepção ou as técnicas de fecundação in vitro não podem receber a comunhão! O anúncio do Pe. Serras Pereira transmite, portanto, a posição correcta do ponto de vista doutrinal.
Outro aspecto é relativo à forma que o sacerdote utilizou para comunicar a sua posição: odeia o pecado, ama o pecador, é a máxima pastoral de Santo Agostinho que transparece no comentário (ambíguo, diga-se de passagem) do Patriarca:
"Uma coisa é a condenação moral de certos comportamentos graves outra coisa é o tratamento pastoral dessas pessoas."
Nesse sentido, o Pe. Serras Pereira correu o risco de causar escândalo (não em sentido jornalístico, mas em sentido teológico) com as suas afirmações. O seu anúncio transmite, portanto, uma posição provavelmente incorrecta do ponto de vista pastoral.
Mas eu posso pensar que o Pe. Serras Pereira terá sido movido por um grave motivo de consciência… E nesse caso, que duro será sentir o pouco apoio de tantos cristãos que pactuaram com as críticas violentas que lhe foram feitas!

Serras Pereira (I)

É curioso como os jornais só se interessam pelo que padres dizem em duas circunstâncias:
a) quando as suas afirmações soam a qualquer espécie de hortodoxia: normalmente descontextualizadas tornam-nos alvo de troça e escárnio. Foram os casos do Pe. Lereno e do Pe. Serras Pereira;
b) quando as suas afirmações soam a qualquer espécie de heterodoxia: vejam-se os casos dos dois únicos bispos que criticaram o luto nacional pela irmã Lúcia.
Não há cistãos normais?